Quase metade das empresas já realiza reuniões à distância via internet
Inquérito do INE mostra que empresas portuguesas estão a aumentar o acesso remoto a funcionalidades como o email ou documentos, além de estimularem reuniões remotas, em vez de deslocações em trabalho.
Quase metade (47,7%) das empresas em Portugal tem os seus trabalhadores ligados à internet por razões profissionais e realiza reuniões à distância via net. E neste universo, 61% tem mesmo diretrizes que favorecem estes encontros por via digital, em detrimento de deslocações em trabalho, com a maioria (67,8%) a garantir ter diretrizes de segurança.
De acordo com dados do INE, divulgados esta segunda-feira, a proporção de empresas que realiza reuniões remotas através de plataformas como o Zoom ou o Teams aumenta com o escalão de pessoal ao serviço: corresponde a 95,7% nas grandes empresas (com 250 ou mais pessoas ao serviço), a 74,5% nas de média dimensão (50 a 249 funcionários) e baixa para 42,2% nas empresas que têm entre dez e 49 pessoas.
Por setor de atividade, destacam-se as áreas de tecnologias de informação e comunicação (93,7%) e do comércio (52,9%), registando-se proporções inferiores ao total nacional nas restantes áreas de atividade, sendo a mais baixa no alojamento e restauração, onde apenas uma em cada quatro (26,3%) realiza este tipo de encontros profissionais à distância.
Por outro lado, este inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação nas empresas mostra que 77,1% das empresas tem pessoal ao serviço com acesso remoto a, pelo menos, uma das funcionalidades disponibilizadas remotamente e 58,2% a todas elas. O sistema de correio eletrónico da empresa é aquele a que mais pessoas têm acesso remoto (74,7%), seguido de documentos da empresa (65%) e aplicações de gestão ou software (63,9%).
Em 2022, uma em cada cinco empresas com mais de dez trabalhadores têm nos quadros um especialista em TIC – no caso das grandes empresas, essa percentagem sobe para 78,5%, ainda que seja o único escalão a baixar (-1,3 p. p.) face a 2020. Os números do INE comprovam ainda os problemas em recrutar estes perfis: entre aquelas que o fizeram ou tentaram fazer no ano passado, 61,4% referem ter tido dificuldade no preenchimento desses postos de trabalho.
Porquê? 92% referiram as expectativas muito elevadas de remuneração dos candidatos e 82,1% a falta de candidaturas, que registam acréscimos de 20,8 p.p. e 9,3 p.p., respetivamente, face a 2019. A falta de experiência profissional relevante dos candidatos e a falta de qualificações (educação ou formação) relacionadas com as TIC foram referidas por 56,8% e 56,7% destas empresas, respetivamente (-14,7 p.p. e -10,1 p.p. pela mesma ordem, face a 2019).
Uma em cada cinco empresas tem vendas online
No que toca às vendas através da internet, no ano passado representaram 17,2% do total do volume de negócios das empresas em Portugal, atingindo quase 50 mil milhões de euros (+10,7% face a 2020). Uma em cada cinco venderam bens ou serviços através de comércio eletrónico, o que vale uma subida de 2,5 p.p. em relação ao primeiro ano da pandemia.
No entanto, a análise por dimensão mostra um retrato muito díspar. Enquanto nas grandes empresas, 43,3% vende online, a percentagem afunda para 29,3% nas de média dimensão e para 17,4% no caso das pequenas empresas. Por setor, é o alojamento e restauração que tem mais empresas ativas no comércio eletrónico (39,1%, +4,7 p.p. face a 2020). Quase 16% vende através de encomendas/reservas via website, apps ou portais de comércio eletrónico.
O destaque do INE revela ainda que a esmagadora maioria (98,1%) das que efetuaram vendas web fizeram-no para clientes localizados em Portugal, 42,3% noutros países da União Europeia e apenas 31,6% em geografias extracomunitárias, o que valeu um aumento de 1,0 p. p. nos clientes localizados em Portugal e uma diminuição de 7,9 p. p. nos clientes localizados fora do país.
No caso das vendas para países da UE, quais as dificuldades que sentiram? 32,9% referiram os custos elevados de entrega e devolução de produtos aquando da venda (+13,2 p.p. face a 2020) e 24,3% as dificuldades relacionadas com o sistema do IVA nos países da UE. Outros obstáculos elencados foram as restrições impostas pelos parceiros empresariais sobre vendas para determinados países da UE (8,9%), a falta de conhecimentos de línguas estrangeiras para comunicar com os clientes (6,9%), as dificuldades relacionadas com a resolução de queixas e litígios aquando da venda (6,7%) e, por último, a adaptação da rotulagem dos produtos para vendas a outros países da UE (5,1%).
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