Suíços da logística ‘atracam’ no Porto e procuram 130 recrutas em 2023
Kuehne+Nagel abre escritório para braço tecnológico depois de ter contratado 130 pessoas ao longo do último ano e meio. Meta para 2023 é duplicar equipa e remar contra a maré adversa da economia.
Fundada em 1890 na Alemanha mas com sede na Suíça, a Kuehne+Nagel é considerada uma das maiores empresas de logística do mundo. Especializada em fretes marítimos e aéreos, a empresa instalou-se em Portugal desde a década de 1980 para este tipo de funções. Em meados de 2021, a companhia decidiu ‘atracar’ um centro tecnológico no distrito do Porto, que a partir desta terça-feira passa a contar com um escritório próprio, no centro da cidade. A equipa de 130 pessoas irá duplicar no próximo ano, adianta em entrevista ao ECO/Pessoas o responsável pelo escritório português, Gonçalo Bastos de Sá.
“Já somos mais de 130 trabalhadores no Porto. Queremos duplicar este número em 2023, apesar de sabermos que há uma grande contração na economia”, determina Gonçalo Bastos de Sá. Analistas funcionais, cientistas de dados, engenheiros de software, arquitetos de dados e especialistas em DevOps são os principais postos de trabalho com vagas disponíveis.
Como estamos numa fase contrária à da economia, acreditamos que vamos conseguir atrair alguns dos lay-off que estão a acontecer em empresas tecnológicas. Já notamos no Porto que há candidatos mais disponíveis, que há pessoas que contratámos porque foram despedidas
A aposta no trabalho híbrido é apresentada como um dos fatores para convencer as pessoas a juntarem-se à empresa suíço-alemã e alargar a escala de recrutamento: pessoas de todo o país podem trabalhar para a Kuehnel+Nagel desde que apareçam algumas vezes por mês no escritório do Porto.
“Somos uma empresa amiga do trabalho remoto. Privilegiamos a flexibilidade e sentimos que as pessoas procuram isso. Recomendamos que as pessoas venham quatro vezes por mês ao escritório. Se as pessoas desejarem, podem vir mais vezes. Caso contrário, basta virem pelo menos uma vez por mês.” Para tentar convencer os funcionários a trabalharem no Porto de vez em quando, a companhia criou espaços diferenciados nos dois andares ocupados. A ideia é que vir ao escritório seja igual ou melhor do que trabalhar remotamente.
Um dos pisos é um pouco mais tradicional: há dezenas de mesas de trabalho fixas, várias salas de reuniões, espaços para falar ao telefone com privacidade e mesas para fortalecer a colaboração. Também neste andar, há mais de dezena e meia de secretárias ajustáveis em altura – mas que têm de ser reservadas previamente. Junto à máquina de café e das bebidas foram ainda colocadas mesas e cadeiras elevadas para trocar dois dedos de conversa.
O segundo piso está muito mais vocacionado para a partilha de ideias e de apresentações. As cadeiras foram trocadas por almofadas numa espécie de auditório e também há puff’s espalhados pelo andar. Há uma varanda neste piso, onde também fica a sala de refeições e a maior sala de reuniões e de formação do centro tecnológico da Kuehne+Nagel, com capacidade para mais de 20 pessoas.
Acelerar aposta no digital e captar noutras empresas
O Porto é o terceiro centro tecnológico da empresa suíço-alemã, depois da aposta em Hamburgo (Alemanha) e em Tallinn (Estónia). “O nosso escritório no Porto veio para acelerar a transformação digital da nossa empresa e do mercado da logística. Veio complementar necessidades e terá autonomia para liderar alguns dos produtos que já existem”, refere Gonçalo Bastos de Sá. Na cidade Invicta serão construídos “produtos tecnológicos para facilitar o transporte de bens por via aérea e marítima, gestão de armazém e de encomendas”.
Até à abertura das instalações, os funcionários estiveram no escritório de São Mamede de Infesta. “Foi feito um investimento importante na cidade do Porto. Viemos para ficar e não estamos aqui no curto prazo”, assegura o responsável português. “A grande dificuldade é as pessoas perceberem o que é o nosso negócio. Iremos pôr em prática algumas campanhas para que as pessoas conheçam a nossa empresa. Normalmente, não somos tão visíveis.”
Para conseguir aumentar a equipa, a Kuehne+Nagel também aposta nos benefícios de estar contra a corrente. “Como estamos numa fase contrária à da economia, acreditamos que vamos conseguir atrair alguns dos lay-off que estão a acontecer em empresas tecnológicas. Já notamos no Porto que há candidatos mais disponíveis, que há pessoas que contratámos porque foram despedidas”, remata Gonçalo Bastos de Sá.
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