Moedas “não me contactou quando tive a casa inundada”, desabafa Costa. “PS tem de se habituar”, responde autarca
Costa reagiu com irritação quando confrontado com o facto de nenhum membro do Governo ter estado ao lado de Carlos Moedas (PSD) após cheias em Lisboa, ao contrário do que aconteceu noutros municípios.
Na sequência das cheias que marcaram os últimos dias no sul do país, as ministras da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, fizeram questão de visitar Loures e Campo Maior, dois dos municípios mais atingidos, e que são liderados por autarcas socialistas. A número dois do Governo também esteve em Oeiras, autarquia chefiada pelo independente Isaltino Morais.
Questionado em Bruxelas, no final da cimeira de líderes da União Europeia, sobre se houve discriminação no facto de nenhum membro do Governo – incluindo o primeiro-ministro, que foi autarca da capital antes de sair para chefiar o Executivo – ter estado ao lado do social-democrata Carlos Moedas, António Costa confirmou a ausência de diálogo com o edil do PSD, reagindo com irritação às questões colocadas e depois transmitidas pela RTP.
O primeiro-ministro começou por usar a habitual escapatória dos políticos quando estão no estrangeiro: “Não vamos falar sobre assuntos locais”. Perante a insistência tentou depois desvalorizar o tema: “Se for necessário contactá-lo, com certeza. Qual é o problema?”. De seguida ainda aconselhou a interlocutora a “não se [preocupar] com o assunto”. Mas, já fora do púlpito e sem microfone, Costa deixou um desabafo: “Olhe, eu posso-lhe perguntar porque é que ele não me telefonou a mim quanto tive a minha casa inundada”.
Já esta manhã, Carlos Moedas confirmou não ter recebido qualquer chamada do primeiro-ministro, embora tenha sido contactado pelos ministros Ana Abrunhosa e José Luís Carneiro. Mas desvalorizou a situação para “não criar mais irritação”, sublinhando que “não [precisa] de telefonemas, mas de ajuda rapidamente, de soluções rápidas” por parte do Executivo.
Fui eleito pelos lisboetas, estarei aqui com eles e por eles. Usando as suas próprias palavras: ‘o PS tem de se habituar a isso’.
Quanto ao desabafo deixado por António Costa de que não se preocupou com a inundação na casa do primeiro-ministro, Moedas respondeu que “realmente o trabalho foi muito e [esteve] nos casos mais graves, com os que estavam sem nada”. “Passei dias a resolver esses casos concretos, é aí que o presidente da Câmara tem de estar. (…) Fui eleito pelos lisboetas, estarei aqui com eles e por eles. Usando as suas próprias palavras: ‘o PS tem de se habituar a isso’”, ironizou o autarca lisboeta, numa referência às palavras de António Costa na entrevista à Visão, quando se referia à oposição.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, já tinha anunciado que pretende criar um fundo de, pelo menos, três milhões de euros para apoiar os comerciantes e particulares que sofreram prejuízos com o mau tempo. Ainda assim, Carlos Moedas reconheceu que esta ajuda de âmbito municipal é “insuficiente” e defendeu a necessidade de o Governo ser célere com os apoios que irá disponibilizar. “O Governo tem de ajudar já. Tem de ser rápido”, apelou.
Esta quinta-feira, Mariana Vieira da Silva garantiu que está já a ser trabalhada uma medida específica para apoiar o comércio após os estragos provocados pelas cheias e o mau tempo. Quanto ao montante dos apoios, a ministra da Presidência aponta que é necessário primeiro fazer o levantamento dos danos, o que espera que possa ser feito pelos municípios até ao final do ano. Isto para que os instrumentos sejam aprovados também antes de 2023.
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