Parlamento aprova alteração do regime de seguros de acidentes de trabalho no desporto

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Alteração de regime de reparação de danos de acidentes de trabalho de atletas profissionais foi aprovado. Propõ-se um regime de remissão das pensões e a possibilidade de revisão da incapacidade.

O projeto-lei apresentado pelo Partido Socialista (PS), de alteração do regime específico de reparação de danos de acidentes de trabalho dos praticantes desportivos profissionais, foi aprovado em plenário da Assembleia da República (AR).

Para além do PS, também o Partido Social Democrata (PSD) e o Chega votaram a favor do projeto, que contou com as abstenções do Partido Comunista Português (PCP), Bloco de Esquerda (BE), Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Livre e Iniciativa Liberal (IL).

O projeto do PS baixa assim à 10.ª comissão, onde será discutido na especialidade, ao passo que os três projetos-lei apresentados pelo Chega foram rejeitados nas votações.

O projeto-lei apresentado pelos socialistas propõe um regime de remissão das pensões, omissa na lei desde 2011, e a possibilidade de revisão da incapacidade, que deve passar a poder ser requerida no prazo de 10 anos desde a data da alta clínica.

Entre as principais alterações, o documento assinado por quatro deputados do PS prevê que, aquando da sua contratação, o praticante desportivo profissional tenha de “dar o consentimento explícito para que a entidade empregadora faculte à entidade seguradora todos os exames médicos realizados e relevantes à apreciação do risco”.

O deputado socialista Francisco César expressou que “a prática desportiva profissional, pelas suas características, não se adequa ao regime geral de acidentes de trabalho, pois implica uma duração inferior a outras áreas e também um desgaste mais rápido”.

“É uma proposta mais proporcional, equilibrada e justa. Reduz os constrangimentos aos custos de contratação de atletas de alta competição, aumenta a empregabilidade e promove a competitividade dos clubes, face aos seus congéneres europeus”, afirmou.

A deputada Inês Barroso, do PSD, sublinhou a importância do tema, embora saliente o atraso “de muitos anos” na apresentação do projeto-lei e questionando se o PS ouviu entidades desportivas de outras modalidades para além das do mundo futebolístico.

Sem especificar, Francisco César respondeu que o PS “teve o cuidado de ouvir várias entidades”, com o PSD a mostrar-se disponível para garantir que “as preocupações das várias modalidades desportivas sejam tidas em conta na discussão na especialidade”, tendo a IL mostrado o intuito de ajudar igualmente a melhorar o texto do projeto-lei.

O BE, pela voz do deputado José Soeiro, colocou questões em relação à idade legal limite à qual se aplica o regime proposto pelo PS, que se situa nos 35 anos, dando exemplos de desportistas profissionais que ainda têm uma carreira depois dessa idade.

Por outro lado, lembrou também que “há pequenas lesões que causam incapacidade inferior a 5%, mas que podem interromper uma carreira desportiva”, em resposta ao limite de incapacidade também estabelecido, como justificações para a sua abstenção.

Estas questões foram partilhadas pelos grupos parlamentares do PCP, Livre e PAN nas suas intervenções, garantindo disponibilidade em discutir e aperfeiçoar o texto deste projeto-lei em sede de especialidade, como forma também de justificar as abstenções.

Já o Chega, que viu os seus dois projetos-lei e um projeto de resolução rejeitados pelo restante parlamento, considerou que “urge rever o regime legal em vigor, sob pena de se tornar incomportável para as sociedades desportivas” e que “chumbar as propostas do Chega envergonhará os atletas profissionais e os portugueses ligados ao desporto”.

No plenário, foi ainda aprovado, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento do antigo futebolista Fernando Gomes, no passado sábado, aos 66 anos, devido a uma doença prolongada, tendo representado o FC Porto, o Sporting e a seleção portuguesa.

 

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Gallagher prevê dificuldades para seguradoras de casco marítimo

  • ECO Seguros
  • 4 Dezembro 2022

Segundo o Diretor de Divisão Marítima da Gallagher, Mike Ingham, é expectável que os custos de sinistros de seguro casco marítimo aumentem nos próximos meses devido à inflação e à retoma da atividade.

De acordo com o Diretor de Divisão Marítima da Gallagher, Mike Ingham, espera-se que o mercado de resseguros apresente às seguradoras de cascos novas dificuldades nas renovações de janeiro devido à inflação e à recuperação da atividade naval. O diretor observa que o mercado já sofre potenciais perdas com as apólices Aviation War e War on Land.

Mike Ingham, Diretor da Divisão Marítima da Gallagher aponta que “é difícil garantir que o custo das subscrições não irá aumentar nos próximos meses, e as seguradoras de casco estão a tentar, com motivos, negociar com corretores e proprietários para contornar os aumentos das taxas inflacionistas”.

O responsável apontou que estes ramos têm sido tipicamente subscritos em programas combinados, com marítimos e energia, e que existe uma forte possibilidade de procura, por parte das resseguradoras, de aumentos de taxas e retenções líquidas maiores para as seguradoras, e uma potencial separação entre os ramos.

Mike Ingham sublinha: “não há dúvida de que o mercado observará alguns efeitos das consequências das perdas catastróficas seguradas resultantes do Furacão Ian, um dos mais poderosos e prejudiciais de sempre nos EUA. Embora muitos destes danos não estejam relacionados com o setor mar, é esperado que todos os mercados sintam algum efeito desta perda histórica“.

Sobre as pressões inflacionistas, o diretor observa que o seguro de cascos marítimos e maquinarias (H&M) não é imune, salientando que custos crescentes, decorrentes de sinistros, são inevitáveis e dependentes do aumento dos preços do aço e da mão-de-obra.

Mike Ingham observa que o setor das expedições se encontra num momento interessante, uma vez que os efeitos das consequências da pandemia e da guerra na Ucrânia se traduzem num mercado de navegação mais forte, e em oportunidades de lucro, sobretudo nos setores dos contentores e dos granéis secos. “Mesmo os navios offshore, que foram construídos sem perspetivas de utilização, estão a ser utilizados, já que vários países se preparam para reabrir campos de petróleo e gás, anteriormente redundantes, e a reduzir a dependência da energia russa”.

O responsável da Gallagher continuou: “os transportadores de gás também observam elevadas taxas diárias, em consonância com o aumento da procura de gás fornecido por mar, em oposição aos gasodutos provenientes da Rússia. É difícil garantir que o custo das subscrições não irá aumentar nos próximos meses, e as seguradoras de casco estão a tentar, com motivos, negociar com corretores e proprietários em torno de aumentos de taxas inflacionistas. Ao mesmo tempo, entrámos num período de taxas de juro mais elevadas, que se podem manter durante algum tempo”.

Ingham conclui com a sugestão que os aumentos das taxas inflacionistas podiam ser compensados se os proprietários estivessem dispostos a pagar prontamente os prémios numa única prestação, algo que pode ser mais palatável para os proprietários que operam em condições favoráveis do mercado de transporte marítimo.

 

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Fundos da KKR compram distribuidora de seguros APRIL, líder em França e Portugal

  • ECO Seguros
  • 4 Dezembro 2022

A maior distribuidora de seguros de França passa de fundos da CVC Partners para fundos da KKR. Líder em Portugal entre os agentes a APRIL terá os capitais necessários para investir.

A corretora de seguros francesa APRIL assinou uma parceria estratégica de longo prazo com a empresa de investimentos KKR. Segundo a Reuters o negócio terá custado 2,3 mil milhões de euros e a parte maioritária foi adquirida à CVC Capital Partners, outra empresa de investimentos americana que tinha entrado no capital da April em 2019.

Eric Maumy, Presidente e CEO do Grupo APRIL: “após uma grande colaboração com a CVC Capital Partners, a April recuperou sua força original”.

A aquisição da KKR, deve-se a uma nova fase de investimentos que importa financiar. A APRIL está a acelerar seu desenvolvimento e digitalização nos mercados de crédito, saúde e proteção pessoal, nichos de propriedade, acidentes, seguro saúde internacional e gestão de património na França e internacionalmente.

Com um volume de negócios de 544 milhões em 2021, o grupo conta com 2.300 colaboradores e está presente em 17 países, sendo líder na distribuição em França, onde tem 15 mil corretores associados. Em Portugal, também é líder entre agentes de seguros, através de uma sucursal que faturou 5,9 milhões de euros e lucrou 820 mil euros em 2021.

Eric Maumy, Presidente e CEO do Grupo APRIL, comentou: “Após uma grande colaboração com a CVC Capital Partners, a April recuperou sua força original. Este próximo capítulo será ativado pela equipa de gestão o, nossos 2.300 funcionários e pela KKR, para o benefício dos nossos parceiros e segurados”, concluiu.

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Galamba responde a agricultores com “balão de oxigénio” de 90 milhões na energia

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Depois de ouvir os empresários agrícolas dizerem que vêm aí mais falências "associadas à conta da luz”, o secretário de Estado da Energia veio a terreno lembrar as medidas já anunciadas pelo Governo.

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, assegurou este domingo que o setor agrícola dispõe, em matéria de energia, de um “balão de oxigénio” de 90 milhões de euros, distribuídos em dois anos.

“Entre o IVA zero, a descida dos preços da eletricidade e também um conjunto de apoios significativos […] são mais de 90 milhões de euros, em dois anos”, adiantou João Galamba, em declarações à Lusa.

O governante lembrou que, a 15 de outubro, foram anunciadas as tarifas da eletricidade para 2023, que contemplam o setor agrícola e que apresentam uma descida de cerca de 30% no valor da energia.

A isto somam-se os avisos lançados pelo executivo, que beneficiam o setor agrícola, nomeadamente no que se refere às renováveis, área que o secretário de Estado classificou como essencial para Portugal ter uma “relativa imunidade” face às flutuações de preços da energia. Conforme apontou, está em vigor um aviso com uma dotação superior a 40 milhões de euros, que sucede a um outro lançado em 2021, também com o mesmo orçamento.

O Ministério da Agricultura, por seu turno, também disponibilizou aproximadamente 20 milhões de euros em ajudas aos preços da eletricidade. Acresce uma medida de IVA zero nos fertilizantes.

Parece-nos que estão criadas as condições, com a descida das tarifas, para, sem desvalorizar o contexto muito difícil, termos uma situação relativamente tranquila nos preços da eletricidade.

João Galamba

Secretário de Estado da Energia

“Parece-nos que estão criadas as condições, com a descida das tarifas, para, sem desvalorizar o contexto muito difícil, termos uma situação relativamente tranquila nos preços da eletricidade”, vincou João Galamba, sublinhando que este “balão de oxigénio, a curto prazo”, vai permitir ter condições para acelerar a descarbonização.

Questionado sobre a adesão a esses avisos, o secretário de Estado da Energia disse esperar “uma grande adesão”, atendendo às reivindicações que têm vido a ser apresentadas pelo setor.

Já no que se refere à burocracia que, segundo a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), “trucida” as próprias ajudas, Galamba reconheceu esta carga, mas referiu que o Governo tem tomado um conjunto de iniciativas para “simplificar, acelerar e desburocratizar”. Neste âmbito, surge o Simplex Ambiente, que se encontra “em vias de ser aprovado”. Este pacote tem por objetivo proceder a uma “aceleração generalizada” dos processos, sem “sacrificar ou aligeirar as exigências ambientais”.

O presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, avisou, em entrevista ao Negócios e à Antena 1, que os custos da energia vão trazer um novo tipo de falências. “Agora vai haver um outro tipo de falência, associada à conta da luz”, dado que “os custos com a energia vão trazer uma realidade muito diferente em 2023, porque há explorações que agora, ao fazerem as contas finais e receberem os acertos finais do ano, onde são feitos os acertos ao consumo, no ano que vem não tem condições para iniciar uma campanha fruto do preço da energia”, lamentou.

Os agricultores terão assim de lidar com este problema, numa altura em que ainda se deparam com o impacto provocado pela seca. Eduardo Oliveira e Sousa disse, na mesma entrevista, que algumas explorações já encerraram, nomeadamente as que estavam ligadas à pecuária extensiva.

Na sexta-feira, o presidente da CAP alertou para o facto de o setor ainda não ter recebido “um euro” das medidas para mitigar o impacto da seca. Ao intervir num congresso em Cáceres, na Estremadura espanhola, Eduardo Oliveira e Sousa disse que, “neste momento, em dezembro”, os agricultores ainda não receberam “um euro relativamente às medidas da seca que a governante portuguesa anuncia quase todas as semanas”.

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Rússia colheu 949 milhões de euros em trigo ucraniano, calcula a NASA

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Análise da NASA Harvest, programa de agricultura e segurança alimentar, mostra que 5,8 milhões de toneladas de trigo foram colhidas em áreas que não estavam sob o controle ucraniano durante este ano.

A Rússia colheu cerca de 1.000 milhões de dólares (949 milhões de euros) em trigo ucraniano desde o início do ano, o que corresponde a aproximadamente 5,8 toneladas deste cereal, segundo dados da NASA.

“A análise mostrou que 5,8 milhões de toneladas de trigo foram colhidas em áreas que não estavam sob o controle ucraniano. Isto representa uma perda de 1.000 milhões de dólares”, lê-se numa nota publicada no site do NASA Harvest, o programa de agricultura e segurança alimentar da agência aeroespacial dos Estados Unidos.

O NASA Harvest inclui dados de satélite e modelos produzidos em colaboração com agências parceiras. No total, a colheita de trigo ucraniano ascendeu a 27 milhões de toneladas este ano, abaixo do recorde de 33 milhões de toneladas, registado em 2021.

Citado na mesma nota, o investigador e consultor do NASA Harvest Joseph Glauber referiu que a estabilização do preço global do trigo no verão pode ser justificada pela diminuição da procura e aumento da oferta. Ainda assim, alertou que tal não significa que a “crise alimentar acabou”, notando que os “preços internacionais dos alimentos permanecem historicamente altos”.

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Proteção Civil avisa para cheias e inundações no sul do país até segunda-feira

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Aviso do IPMA, válido até segunda-feira, por previsões de precipitação e vento no sul do país. Alerta para possíveis inundações em zonas urbanas, cheias e deslizamentos de terras.

Proteção Civil emitiu este domingo um aviso à população, válido até segunda-feira, por previsões de precipitação e vento no sul do país, alertando para a possibilidade de inundações em zonas urbanas, cheias e deslizamentos de terras.

O aviso tem por base as previsões meteorológicas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que apontam que nas próximas horas são esperados “períodos de chuva ou aguaceiros fracos, aumentando de intensidade e frequência na região Sul a partir da tarde”, assim como “vento em geral fraco a predominar do quadrante sul, tornando-se a partir da tarde, moderado (até 30 km/h) de sueste nas regiões Centro e Sul e sendo por vezes forte (até 45 km/h) nas terras altas”.

Para segunda-feira, as previsões são de “períodos de chuva ou aguaceiros, mais frequentes e intensos na região Sul, com possibilidade de ocorrência de trovoada” e “vento fraco a moderado (até 30 km/h) do quadrante leste, sendo moderado a forte (30 a 40 km/h) do quadrante sul na região Sul até ao meio tarde, e nas terras altas, com rajadas até 70 km/h”.

“Salientam-se as condições para a ocorrência de precipitação mais intensa, com acumulação entre 10 a 20 mm/1h, sendo o período mais crítico entre as 00:00 e as 15:00 do dia 5 de dezembro, nos distritos de Faro e Beja, assim como a possibilidade da ocorrência de fenómenos extremos de vento”, alerta a Proteção Civil.

Face às previsões, a Proteção Civil avisa que podem acontecer inundações em zonas urbanas, por acumulação de água da chuva quando houver obstrução dos sistemas de escoamento, cheias por transbordo de cursos de água, deslizamentos de terras por “instabilidade de vertentes” que podem ser potenciados pelos efeitos de incêndios florestais, arrastamento para as estradas de objetos soltos, desprendimento de estruturas móveis e formação de lençóis de água.

A Proteção Civil recomenda a desobstrução de sistemas de escoamento, fixar estruturas soltas, ter particular atenção à circulação em zonas com árvores, pela possibilidade de queda e quebra de ramos, especial cuidado junto a zonas ribeirinhas, adotar uma condução defensiva e não atravessar zonas inundadas.

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📹Contribuições para o Banco Alimentar cresceram 24% na campanha de 2022

O balanço da campanha deste ano, que decorreu no último fim de semana em 2.000 supermercados de 21 cidades, aponta para um total de 2.086 toneladas de géneros alimentares recolhidos. Veja o vídeo.

A Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, liderada por Isabel Jonet, contabilizou 2.086 toneladas de géneros alimentares recolhidos na campanha de 2022, o que significa um acréscimo de cerca de 24% em relação ao ano passado. Vão agora ser distribuídos a 2.600 instituições de solidariedade social, que os farão chegar a 400 mil pessoas. Veja o vídeo.

http://videos.sapo.pt/gqNZ1sZmp0IOi0cPzVPr

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Bruxelas promete resposta “calibrada” às “distorções” da lei da inflação nos EUA

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Ursula von der Leyen, promete dar uma resposta “adequada e bem calibrada” para mitigar as “distorções” da lei norte-americana para a redução da inflação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu este domingo uma resposta “adequada e bem calibrada” para mitigar as “distorções” da lei norte-americana para a redução da inflação.

“A Europa fará sempre o que for certo para a Europa. A União Europeia (UE) responderá de forma adequada e bem calibrada à lei da redução da inflação. No entanto, isso significa que vamos entrar numa difícil guerra comercial com os EUA”, afirmou Ursula von der Leyen, que falava no Colégio da Europa, na Bélgica.

De acordo com a presidente da Comissão Europeia, a resposta da UE vai assentar em três pilares: flexibilização das regras de ajuda pública, procura de novas fontes de financiamento comunitário e cooperação com as autoridades americanas em questões-chave para a economia verde.

A responsável sublinhou estar a favor da “cooperação em vez do confronto” com Washington, adiantando que Bruxelas vai continuar a dialogar com o Presidente dos EUA, Joe Biden, para tentar alterar a lei.

Para von der Leyen existe uma “simetria surpreendente” entre esta lei e o Pacto Verde europeu, uma vez que ambas contemplam estratégias climáticas. Contudo, avisou que existem riscos de concorrência desleal e de fragmentação das cadeias de abastecimento.

Patriotismo económico “Made in USA”

De visita à Casa Branca, o presidente francês assinalou esta semana que vê com preocupação o patriotismo económico demonstrado pelo Presidente democrata americano, com o lema “Made in USA”. Joe Biden pretende, em particular, impulsionar o setor dos veículos elétricos, com o objetivo de aumentar o emprego industrial, a transição energética e a competição tecnológica com a China.

O plano lançado por Joe Biden prevê quase 375 mil milhões de dólares (368,9 mil milhões de euros) em programas climáticos e de energia destinados a ajudar o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 40% até 2030.

O pacote será financiado, em grande parte, por aumentos de impostos, incluindo um novo imposto sobre recompras de ações de empresas e um imposto mínimo de 15% para empresas com lucros muito elevados.

Em relação ao ambiente, o projeto de lei injetará quase 375 mil milhões de dólares ao longo da década, o que para os consumidores significa benefícios fiscais para a compra de veículos elétricos.

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Trump pede anulação das eleições e extinção da Constituição para voltar à presidência dos EUA

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Após Musk dizer que Twitter censurou notícias sobre filho de Biden duranta a campanha, Trump volta a falar de eleições falsas. “Não se pode amar a América apenas quando se ganha", reage Casa Branca.

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a anulação das eleições presidenciais de 2020 e a extinção da Constituição americana, exigindo a reintegração na presidência.

Na origem está a decisão do novo proprietário da rede social Twitter, Elon Musk, de revelar deliberações internas de 2020 da companhia sobre a divulgação de uma história do jornal New York Post a partir de ficheiros alegadamente pertencentes ao computador pessoal de Hunter Biden. O filho do atual presidente norte-americano já foi anteriormente visado por Trump por alegadas suspeitas de ilegalidades cometidas na Ucrânia.

Donald Trump escreveu que os “pais fundadores” da democracia americana “não quereriam, nem aprovariam, eleições falsas e fraudulentas”, voltando a alimentar teorias da conspiração sobre a sua derrota eleitoral nas últimas eleições presidenciais e criticando as empresas tecnológicas por, alegadamente, estarem alinhadas com os democratas.

Esta posição do ex-presidente dos EUA já motivou uma reação da Casa Branca, com o porta-voz Andrew Bates a criticar as declarações como um “anátema sobre a alma da nação”, apelando para que Trump seja “universalmente condenado” por estas afirmações.

“Não se pode amar a América apenas quando se ganha. A Constituição dos EUA é um documento sacrossanto que há mais de 200 anos assegura que a liberdade e o Estado de direito prevalecem no nosso grande país. A Constituição une o povo americano, independentemente do partido, e os líderes eleitos fazem o juramento de a defender”, afirmou Bates.

Elon Musk partilhou as deliberações do Twitter – anteriores à sua entrada na empresa – com o jornalista Matt Taibbi, que então divulgou a história, numa sucessão de publicações na rede social. O multimilionário considerou que a empresa censurou então a divulgação da informação sobre o computador pessoal do filho do atual presidente, exposta no New York Post, e defendeu que esta fuga de informação seria necessária “para restaurar a confiança das pessoas”.

De acordo com o site de notícias Politico, quando o Post se recusou a apagar um tweet sobre a história, o Twitter suspendeu a conta do meio de comunicação durante mais de duas semanas, antes de reverter a suspensão a 30 de outubro de 2020. O então presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, indicou mais tarde que lamentava a decisão da plataforma de censurar a história.

Num extenso novelo de tweet encadeados, Taibbi revelou ainda que ambas as campanhas presidenciais de 2020 – do então incumbente, Donald Trump, e do candidato democrata, Joe Biden – solicitaram ao Twitter a remoção de mensagens publicadas naquela rede social.

Hunter Biden, cujo estilo de vida errático foi denunciado durante meses por apoiantes do ex-presidente Donald Trump, continua a ser objeto de uma investigação criminal pelo Departamento de Justiça que se tem concentrado nos seus assuntos fiscais e nas suas operações económicas no estrangeiro, em particular na Ucrânia.

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OPEP mantém corte na produção de petróleo em 2023

  • ECO
  • 4 Dezembro 2022

Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados dizem que redução da produção é uma medida “necessária e correta”, frisando que esta decisão se prende com “questões de mercado”.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+) decidiu este domingo continuar a aplicar um corte na produção de petróleo em 2023, uma medida que defendeu ser “necessária e correta”.

Em comunicado, a aliança, que integra a Rússia, reitera que a redução da produção para dois milhões de barris diários, que foi anunciada a 5 de outubro, é uma medida “necessária e correta”, lembrando que esta decisão, adotada durante uma reunião por videoconferência, se prende com “questões de mercado”.

No final da reunião, o novo ministro do Kuwait com a pasta da energia, Bader al Mulla, citado pela agência de notícias KUNA, insistiu nessa tese e sublinhou que o impacto do crescimento mais lento da economia, do disparo da inflação e do aumento das taxas de juro na procura são motivo de “cautela contínua”.

Os ministros com a pasta da Energia dos 23 países que compõem a OPEP+ agendaram uma reunião de acompanhamento para dia 1 de fevereiro de 2023 e um encontro completo para 4 de junho do próximo ano. Ainda assim, manifestaram a sua disponibilidade para, se necessário, tomarem “medidas adicionais imediatas para fazer face à evolução do mercado e procurar o equilíbrio do mercado de petróleo e a sua estabilidade”.

Esta decisão acontece numa altura em que o mercado avalia ainda o impacto da desaceleração da economia chinesa na procura e apenas dois dias depois de os países do G7, juntamente com a Austrália, concordarem com um limite de preço de 60 dólares por barril para o petróleo russo, após um acordo alcançado pelos 27 Estados-membros da União Europeia.

Na sequência desse acordo, a Rússia concretizou a ameaça de que vai deixar de fornecer petróleo à União Europeia. Numa publicação na rede social Twitter, o embaixador do país junto das instituições internacionais, Mikhail Ulyanov, referiu que “a partir deste ano, a Europa viverá sem petróleo russo”, prevendo que o bloco comunitário irá “culpar a Rússia por usar o petróleo como arma”.

Parceria com Moscovo?

Em outubro, quando acertou um corte na produção de dois milhões de barris por dia, equivalente a cerca de 2% da procura mundial, para vigorar até ao final do próximo ano, os EUA e outros países ocidentais acusaram a OPEP+ e, em particular, a Arábia Saudita, de se colocarem ao lado de Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia.

No entanto, a organização argumentou que a redução da produção assentava na deterioração das perspetivas económicas. Desde essa altura, os preços do petróleo têm vindo a cair devido ao crescimento mais lento do PIB a nível mundial e à subida das taxas de juro. Indicadores que, segundo a Reuters, levaram o mercado a especular que o grupo poderia mesmo decidir um novo corte na produção.

Já este domingo, o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, afirmou que a Rússia prefere cortar a produção a fornecer petróleo com os limites impostos no preço, assinalando que esse tecto poderá afetar outros produtores e “desestabilizar o mercado”. “Vamos vender apenas aos países que trabalharem connosco mediante as condições do mercado, mesmo que tenhamos de reduzir um bocadinho a produção”, resumiu.

Segundo fontes citadas pela mesma agência de notícias, o tema não foi tema de discussão nas reuniões deste fim de semana, embora vários membros da OPEP+ a estejam a encará-la como uma “medida anti mercado que, em última instância, pode ser usada pelo Ocidente contra qualquer país produtor”.

(Notícia atualizada às 15h45 com novas declarações de Alexander Novak)

 

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“Incompreensível” e “imperdoável”. Bloco de Esquerda critica subida do ISP

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

“É absolutamente incompreensível a decisão do Governo de subir o ISP e, com isso, anular a descida que se esperava que existisse amanhã nos combustíveis", critica Catarina Martins, coordenadora do BE.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou este domingo “incompreensível” e “imperdoável” a decisão do Governo de “subir” o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), medida que “anula a descida o preço dos combustíveis”.

“É absolutamente incompreensível a decisão do Governo de subir o ISP e com isso anular a descida que se esperava que existisse amanhã [segunda-feira] nos combustíveis. Os combustíveis têm tido preços absurdos, preços que impactam em toda a economia e a atuação do Governo em não permitir a baixa de preços é uma atuação que vai prejudicar toda a gente”, disse a líder do BE.

Catarina Martins, que falava aos jornalistas na feira da Estela, no concelho da Póvoa de Varzim (distrito do Porto), apontou que “Portugal é dos países onde os bens alimentares mais aumentaram”, razão pela qual repetiu a crítica ao Governo por “não acompanhar a inflação”. “Temos um Governo que não permitiu a subida de salários e não acompanhou a inflação. Não controlou os preços”, disse.

A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu o “controlo das margens de preços e dos preços da energia” e fala numa “situação impossível para o país”. “Sabemos que há uma crise internacional que o Governo não escolheu. Mas o Governo escolhe a resposta que dá à crise. E ao congelar salários e ao não permitir que acompanhem a inflação, ao não permitir que os combustíveis baixem por via fiscal, o que está a fazer é a agravar a crise e isso é imperdoável”, concluiu.

O Ministério das Finanças anunciou na sexta-feira que em dezembro há uma redução do desconto do ISP em 3,9 cêntimos por litro de gasóleo e em 2,4 cêntimos por litro de gasolina, tendo em conta a queda dos preços.

Em comunicado, a tutela referiu que, conforme anunciado, “o mecanismo aplicável no ISP equivalente a uma descida da taxa do IVA dos 23% para 13% e o mecanismo de compensação por via de redução do ISP da receita adicional do IVA, decorrente de variações de preços dos combustíveis, mantêm-se em vigor”.

Assim, tendo em conta a evolução do preço do gasóleo e da gasolina, “estas medidas temporárias resultam numa redução do desconto do ISP em 3,9 cêntimos por litro de gasóleo e em 2,4 cêntimos por litro de gasolina. Mantém-se assim um desconto de 17,1 cêntimos por litro no ISP do gasóleo e de 15,4 cêntimos por litro no ISP da gasolina”, lê-se na mesma nota.

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“Existirão empregos para os portugueses virem para Macau?”, questiona único deputado luso no território

  • Lusa
  • 4 Dezembro 2022

Em causa está a crise e saída de profissionais portugueses, substituídos por quadros locais ou do interior da China. José Pereira Coutinho prevê ainda que Macau perca maioria eleita democraticamente.

José Pereira Coutinho, único deputado português da Assembleia Legislativa de MacauGonçalo Lobo Pinheiro / Lusa

O deputado do parlamento de Macau, José Pereira Coutinho, tem dúvidas sobre se vão continuar a existir oportunidades de emprego no território para os portugueses, tal como acontecia no passado. “Nada foi alterado quanto à política dos portugueses virem para cá trabalhar”, sublinhou. Mas “será que existirão empregos para os portugueses virem para Macau?”, perguntou, para concluir: “Essa é que é a grande dúvida”.

Em causa está a crise económica, desencadeada pelas restrições pandémicas num território que segue a política de casos zero de Pequim, mas também a saída de quadros qualificados portugueses, que não são substituídos por outros vindos de Portugal, mas por quadros locais ou do interior da China, salientou, em entrevista à agência Lusa.

“Preocupa-me a vinda de, por exemplo, mais médicos especialistas, mais juristas, mais delegados do MP [Ministério Público], mais juízes para Macau”, explicou. “Quando verifico no Boletim Oficial a saída de um ou outro desses senhores que estão a contribuir com a sua área pessoal de especialidade nessas vertentes, e não são substituídos, aí dói-me, porque, de facto, é menos um, mais uma perda”, lamentou.

Ainda assim, o ex-conselheiro das comunidades portuguesas e único deputado português da Assembleia Legislativa destacou o “excelente trabalho” do “Governo de Portugal, nomeadamente do cônsul-geral” nesta área, “a dizer que Portugal tem quadros qualificados para dar esses contributos”.

Preocupa-me a vinda de, por exemplo, mais médicos especialistas, mais juristas, mais delegados do Ministério Público, mais juízes para Macau.

José Pereira Coutinho

Único deputado português da Assembleia Legislativa de Macau

Vê com bons olhos os protocolos de cooperação firmados entre Portugal e Macau ao nível da educação, sobretudo ao nível do ensino superior, mas permanece a “preocupação quando nos departamentos de estudos portugueses não são preenchidas as vagas com professores portugueses” no território, que tem registado uma subida da taxa de desemprego, com muitos deputados, associações e as autoridades a defenderem uma política prioritária de contratação local.

Pereira Coutinho sustentou que, por esta razão, “é preciso fazer algum trabalho de bastidores” e que “esse trabalho compete às autoridades (…) de Portugal, delegados, cônsul-geral, e também os conselheiros da comunidade portuguesa, que estão a fazer um excelente trabalho”.

O deputado disse estar convencido de que as regras pandémicas não vão durar eternamente e que esse não será, por isso, o facto que vai determinar o abandono do território no futuro. “[Mas] vejo de uma outra perspetiva: é se as oportunidades de emprego continuarão a existir como no passado. Aí sim, preocupa-me bastante, quando não substituem as pessoas nas áreas que acabei de referir”, enfatizou.

“Quando sai um português é evidente que não têm aquele cuidado de substituir por um outro português, para marcar a diferença”. Uma realidade que tem o risco de tornar Macau como mais uma cidade do interior da China, alertou, sem que se acautele o estatuto diferenciador da multiculturalidade.

“Esse património humano tem de ser mantido e aí estamos, de facto, a ficar de alguma forma preocupados porque não sei se é desleixo ou também porque há grande procura para preencher as vagas na função pública. Em Macau toda a gente quer trabalhar na função publica. E agora ainda muito mais, porque as receitas dos casinos estão a diminuir”, argumentou.

Apesar de estar convicto numa mudança a breve prazo das restrições pandémicas e numa eliminação das quarentenas obrigatórias nos hotéis, que tem defendido no parlamento, o deputado admitiu que a política de prevenção tem contribuído para algum mal-estar na comunidade. “Existem tantos portugueses que não estão a ver os pais há anos. Três anos e tal. Têm pais idosos. [Com] 80, 90 anos de idade. Têm filhos nas universidades europeias com os quais não têm contactos pessoais”, realçou.

“Tudo isto somado, faz com que algumas pessoas sintam efeitos psicológicos, sobretudo aquelas que olham para a televisão e veem o mundo inteiro a voltar à normalidade”, resumiu, para de seguida expressar um lamento. “É pena que esta pandemia não tenha facilitado a saída das nossas autoridades competentes nas diversas áreas. Não têm ido para o estrangeiro, espero que saiam, vejam o mundial [de futebol]. Ninguém com máscara e nós andamos ainda com máscaras na rua”.

Desde o início da pandemia de Covid-19, Macau registou seis mortos e pouco mais de 2.800 casos, a grande maioria assintomáticos. À semelhança do que acontece na China continental, as autoridades apostam numa política de zero casos, baseada na imposição de quarentenas à chegada ao território, na testagem massiva da população e em confinamentos.

Será difícil Macau ter maioria dos deputados eleitos democraticamente

O único deputado português na Assembleia Legislativa (AL) de Macau, José Pereira Coutinho, diz, por outro lado, que será difícil no futuro ter uma maioria dos parlamentares eleitos democraticamente na região administrativa especial chinesa. “Antes do estabelecimento da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] foi uma pena não ter sido alterado, de forma a que a maioria dos deputados na Assembleia Legislativa (…) sejam eleitos pela via direta”, sustentou.

“Não foi assim no passado na administração portuguesa, não foi assim após o estabelecimento da RAEM e até à presente data, e não vai ser fácil no futuro termos uma Assembleia Legislativa [com deputados] maioritariamente eleitos pelo voto democrático”, afirmou o parlamentar, que nas eleições do ano passado conseguiu tornar a sua lista na terceira força política na AL, numas eleições marcadas pela exclusão dos candidatos associados ao campo pró-democracia.

A Assembleia Legislativa é constituída por 33 deputados, 14 dos quais eleitos diretamente pela população, 12 por sufrágio indireto (através das associações) e sete nomeados pelo chefe do Executivo do antigo território administrado por Portugal.

Por outro lado, Pereira Coutinho lamentou que até hoje não exista “um regime específico de [declaração] de conflito de interesses”. “É um regime [em] que tenho estado a trabalhar nos últimos 20 anos em Macau para que as coisas sejam mais transparentes, para que saibamos quem é quem cá em Macau, o que está por trás, quais são as suas responsabilidades, quais são as suas empresas, que funções exercem em determinadas associações”, explicou.

Macau foi sempre, no passado, no tempo da administração portuguesa, uma teia de interesses, de conflito de interesses no seu dia-a-dia. Porque é que as pessoas querem ser deputadas? Porque de facto facilita a vida do empresário, da sua atividade comercial.

José Pereira Coutinho

Deputado português na Assembleia Legislativa de Macau

O deputado afirmou que “há deputados que nem habilitações académicas e profissionais põem no seu perfil individual da Assembleia Legislativa”. E insistiu na crítica: “Macau foi sempre, no passado, no tempo da administração portuguesa, uma teia de interesses, de conflito de interesses no seu dia-a-dia. Porque é que as pessoas querem ser deputadas? Porque de facto facilita a vida do empresário, da sua atividade comercial, e isto foi sempre assim no passado, no tempo da administração portuguesa, e continua a ser agora”.

Afetada pela crise económica causada pela pandemia de covid-19, Pereira Coutinho garantiu que a população está atenta ao dinheiro desperdiçado pelos responsáveis políticos em projetos megalómanos, nos “elefantes brancos” que têm impacto no erário público, sobretudo quando a sociedade sente cada vez mais na pele o desemprego, sobretudo o juvenil, num território em que a população está a envelhecer, em que há falta de contribuições sociais, em que as receitas do jogo não são suficientes para cobrir as despesas e em que as reservas financeiras estão a diminuir.

Ainda que as pessoas vivam naquela que “continua a ser a cidade mais segura do mundo”, hoje há cada vez mais uma grande pressão psicológica”, num território em que a questão da habitação foi sempre um grande problema, mas que foi agora substituído por um “muito mais grave”. Ou seja, precisou, o desemprego, que trouxe ainda ‘à boleia’ outras adversidades, umas mais locais, outras potenciadas pelo cenário de crise mundial, como “a inflação, a subida dos preços e dos bens essenciais, a perda da qualidade de vida e do poder de compra”.

“E isto tem afetado tanto que está-se a repercutir na sociedade com o número de suicídios, no aumento de pessoas a pedir os cestos de comida”, argumentou, ressalvando que o aumento em Macau no número de suicídios durante o período pandémico tem “várias causas”.

“Nós sabemos que muitas dessas causas têm a ver com altercações familiares, as reduzidas dimensões das habitações, o trabalho parcial, as dificuldades de pagar as amortizações, as rendas e os sustentos dos filhos”, elencou, sustentando que “há uma série de problemas que advêm das regras pandémicas extremamente rigorosas e que têm feito com que as pessoas (…) não tenham receitas suficientes para ultrapassar as dificuldades”.

Pereira Coutinho defendeu que resta “ter esperança que as regras pandémicas sejam eliminadas, que a vida normalize” e que “haja mais turistas, que se crie mais riqueza através das pequenas e médias empresas” e que “Macau seja cada vez menos dependente (…) do jogo, de acordo com aquilo que está planeado pelo Governo nos próximos dez anos, e que não vai ser fácil”, admitiu.

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