Mariana Mortágua critica “truques do Governo” nas pensões e IRS

  • Lusa
  • 9 Julho 2023

A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou os "truques do Governo" no pagamento de pensões e na gestão da cobrança do IRS, indicando que em nenhum dos casos há um real aumento de rendimentos.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, criticou hoje os “truques do Governo” no pagamento de pensões e na gestão da cobrança do IRS, indicando que em nenhum dos casos há um real aumento de rendimentos.

“São reflexos de manigâncias que o Governo vai encontrando para não aumentar rendimentos dizendo que os vai aumentar”, começou por dizer a dirigente do BE após uma visita à feira semanal da Estela, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.

Sobre a questão da redução da retenção na fonte do Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), Mariana Mortágua teme que vá dar aos contribuintes uma falsa sensação de aumento de rendimentos, quando, na prática, “o imposto a pagar será o mesmo”.

“Não houve redução, o que surge é uma forma diferente de cobrar [o imposto]. É um truque que agora pode aliviar um pouco, mas que, no futuro, pode sair muito caro, quando as pessoas compreenderem que não vão ter uma devolução do IRS como esperavam”, analisou.

A líder partidária recordou que “muitas pessoas esperam pela devolução do IRS para pagar despesas, férias ou o seguro do carro”, mas alertou que com este novo sistema “esse dinheiro não virá porque não houve retenção”.

Mariana Mortágua também classificou como um “truque” o aumento intercalar das pensões, que será pago este mês, considerando que “não é mais do que um adiantamento devido aos pensionistas”. “O Governo andou para trás e para frente com este assunto, criou confusão aos pensionistas e passado uns meses viu que tinha um excedente orçamental maior do que tinha previsto, resolvendo fazer um truque apresentando como nova medida, mas pagando o que já era de lei”, apontou.

A dirigente bloquista considerou que o executivo “tira para depois dar, ou baralha e volta a dar”, mas sublinhou que “na prática são sempre os mesmos salários e impostos, que vão deixando as pessoas mais pobres”. Portugal, reiterou, “é hoje um país mais pobre”, onde “os preços dos alimentos e da habitação continuam a subir, deixando as pessoas em cada vez mais dificuldades”.

“O Governo desistiu de baixar os preços das casas. A única coisa que havia era um apoio à renda, que as pessoas esperavam, mas quando chegou a altura de o receber mudaram as regras, apontando que o que contava [para receber os apoios] eram os rendimentos brutos, deixando os beneficiários ‘sem chão'”, criticou.

A líder do Bloco de Esquerda repudiou ainda, em relação às rendas, que 20 mil pessoas que precisam desse apoio ainda não tenham recebido porque não têm NIB (número de identificação bancária) e lembrou a proposta do partido para que esse subsídio seja liquidado através de vale postal.

“Apresentamos essa proposta, que é muito simples. O Governo pode fazer já esse pagamento por vale postal, não tem de esperar até setembro para discutir o assunto na Assembleia da República”, concluiu Mariana Mortágua.

Os pensionistas da Segurança Social vão ser os primeiros contribuintes a sentir o efeito das novas tabelas de retenção, que começam a ser aplicadas este mês, com esta mudança a juntar-se ao aumento intercalar de 3,57% das pensões. Os pensionistas recebem na segunda-feira a pensão, tendo esta sido processada já com as regras das novas tabelas de retenção na fonte do IRS que, ao contrário das que vigoraram até aqui, funcionam numa lógica semelhante à usada para o apuramento anual do imposto.

Para muitos pensionistas, o novo modelo de retenção vai traduzir-se numa redução do imposto que é pago mensalmente (sob a forma de adiantamento). Esta subida do rendimento líquido mensal resultará, no entanto, para muitas pessoas, num reembolso de IRS de menor valor daqui a cerca de um ano, uma vez que uma parte resulta da redução do imposto pago mensalmente.

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Presidente da República promulga autorização ao Governo para legislar sobre táxis

  • Lusa
  • 9 Julho 2023

O Governo pode agora aprovar um novo regime jurídico para o setor do táxi, que prevê, entre outras medidas, a agregação de municípios para acabar com a tarifa de retorno e reduzir preços.

O Presidente da República promulgou o diploma da Assembleia da República que autoriza o Governo a aprovar um novo regime jurídico de serviço público de transporte de passageiros em táxi, segundo uma nota publicada hoje no ‘site’ da Presidência.

Após a autorização do parlamento e promulgação pelo Presidente da Republica, o Governo pode agora aprovar um novo regime jurídico para o setor do táxi, que prevê, entre outras medidas, a agregação de municípios para acabar com a tarifa de retorno e reduzir preços, além de flexibilizar contingentes e apostar na digitalização.

Segundo o projeto de decreto-lei do Governo, que foi anexado ao pedido de autorização submetido ao parlamento, as licenças detidas pelos operadores de táxi podem passar a ser geridas a nível intermunicipal. Através dessa agregação de concelhos — dois ou três, por exemplo –, será possível obter-se um serviço mais barato, já que acaba a tarifa de retorno.

Haverá lugar a tarifas específicas em aeroportos ou terminais de cruzeiros ou com forte atração turística, além de tarifas tendo em conta datas festivas como Natal ou Ano Novo, e ainda tarifas intermunicipais. O regime tarifário terá de ser atualizado no prazo de um ano após a entrada em vigor da lei.

A proposta define, por outro lado, que os serviços de táxi podem ser disponibilizados através de “plataformas de serviço dedicadas ou que agreguem outros serviços de mobilidade e transporte, desde que as atividades se encontrem devidamente segregadas”.

Quando forem eletrónicas, “devem disponibilizar estimativas de preço final ao consumidor, de acordo com as regras de formação das tarifas estabelecidas”.

A autorização ao Governo para aprovar um novo regime para o setor do táxi foi aprovada em 26 de maio pela Assembleia da República, com os votos a favor de PS, PCP, BE e Livre, e a abstenção de PSD, Chega, IL e PAN.

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📹 Os grandes números da campanha de IRS de 2022

A campanha de IRS de 2022 contou com mais declarações entregues e mais famílias com direito a reembolsos. No entanto, o Estado tem-se revelado mais atrasado a pagar aos contribuintes.

Terminou a 30 de junho a campanha de IRS de 2022 e, segundo os dados divulgados pelo Ministério das Finanças sexta-feira, a Autoridade Tributária registou um aumento de 4,3% do número de declarações entregues face ao ano passado.

Mas o retrato da campanha de IRS não se fica por aqui. Há também mais famílias com direito a reembolsos. Veja o vídeo para conhecer em detalhe todas as estatísticas.

http://videos.sapo.pt/MGosf3bBcUHk9KjOOnYV

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PRR

“Há projetos do PRR com pouco valor de mercado”, diz diretor geral da COTEC

  • ECO
  • 9 Julho 2023

Jorge Portugal aponta que há o risco de algumas iniciativas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não passarem de “bons projetos científicos”. 

O diretor geral da COTEC alerta que “há projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com pouco valor de mercado”, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios (acesso condicionado). Jorge Portugal aponta assim que há o risco de algumas iniciativas não passarem de “bons projetos científicos”.

Em causa estão projetos do PRR que dizem respeito maioritariamente às agendas mobilizadoras para a inovação empresarial, indica o responsável da Associação Empresarial para a Inovação. Sem valor de mercado, estas iniciativas podem acabar por não ter nenhum impacto na economia, avisa Jorge Portugal.

No cerne da questão não estará um problema na seleção dos projetos, salienta o responsável da COTEC, sendo que o “problema pode estar na execução e na viabilidade económica de cada ideia”. A prova da inovação vai estar na aceitação do mercado, para que seja possível que o PRR tenha impacto na economia, defende.

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Portugal longe dos 2% do PIB em Defesa mas com presença militar no flanco leste

  • Lusa
  • 9 Julho 2023

Portugal tem atualmente 118 militares na Lituânia, estando ainda longe do objetivo dos 2% do PIB em despesas militares pedido pelos aliados.

Portugal tem atualmente 118 militares na Lituânia, país que vai ser palco da próxima cimeira da NATO a 11 e 12 de julho, estando ainda longe do objetivo dos 2% do PIB em despesas militares pedido pelos aliados.

De acordo com dados fornecidos à agência Lusa pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), atualmente, no âmbito da NATO, estão empenhados pelo mundo um total de 338 militares das Forças Armadas portuguesas, 46 viaturas táticas e seis aeronaves.

Na Lituânia, país cuja capital, Vílnius, vai receber na próxima semana os chefes de Estado e de Governo dos 31 membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Portugal participa com 118 militares e cinco aeronaves (incluindo quatro F-16 M) em duas missões da Aliança: as ‘Assurance Measures’ e a ‘Baltic Air Policing (BAP)’.

A primeira missão teve início em 2014 e consiste num conjunto de atividades “de presença contínua em terra, mar e ar, dentro e junto à fronteira leste do território aliado, destinadas a reforçar a defesa, dissuadir ameaças, tranquilizar populações e deter potenciais agressões”.

Quanto à ‘Baltic Air Policing (BAP)’ é uma missão de policiamento aéreo que tem como objetivo proteger o território aliado e populações de “ameaças e ataques aéreos e de mísseis”, podendo também fornecer apoio a aeronaves civis, por exemplo, quando perdem a comunicação com o controlo de tráfego aéreo.

Um dos tópicos que estará na agenda na cimeira em Vílnius será o reforço do investimento dos aliados em Defesa, que deverão acordar em estabelecer o objetivo dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas militares como um mínimo, e não “um teto” a atingir (como foi fixado em 2014).

De acordo com o relatório anual do secretário-geral da NATO relativo ao ano de 2022, Portugal foi o 9.º estado-membro da organização que menos percentagem do PIB dedicou à Defesa, um equivalente a 1,38%. O país estima atingir os 2% apenas em 2030 e este ano o objetivo é chegar aos 1,66% – meta que foi antecipada, uma vez que estava prevista para 2024.

A previsão da NATO, no entanto, é menor. Na sexta-feira, a Aliança estimou que Portugal invista este ano 1,48% do PIB na área da Defesa, abaixo da previsão do executivo, que, ainda assim, é o maior investimento desde 2014.

Desde o início do conflito na Ucrânia que os aliados têm reforçado a sua presença no flanco leste da NATO, nomeadamente em países como a Roménia, no qual Portugal participa em duas missões que visam contribuir para as capacidades de dissuasão e defesa da Aliança Atlântica: a ‘tailored Forward Presence’ e a ‘enhanced Vigilance Activity’.

No Mar Báltico e no Mar do Norte, Portugal está presente na ‘Very High-Readiness Joint Task Force Maritime’, que tem como objetivo “assegurar a dissuasão e capacidade naval permanente para conduzir operações navais em tempo de paz ou crise”, e no Mediterrâneo na missão ‘Sea Guardian’

Quanto à representação por ramo, do total de militares atualmente em missões da NATO, 202 são do Exército, 133 da Força Aérea e três da Marinha, salientando-se que no caso deste último ramo, no final do mês de junho, regressaram de missão um total de 370 militares.

O apoio à Ucrânia estará também entre as prioridades dos aliados nesta cimeira. Desde o início da invasão russa que Portugal tem apoiado o país com ajuda militar e humanitária, num total que ascende a 1.125 toneladas entre material já entregue e ainda a entregar, num “valor superior a 18,5 milhões de euros”, segundo o Ministério da Defesa.

Portugal participa ainda na missão da União Europeia de formação de militares ucranianos e já manifestou a sua disponibilidade para treino em carros de combate Leopard 2 e de pilotos e técnicos de aeronaves F-16.

Além da Ucrânia, outra das prioridades traçadas pelo Governo português tem sido uma “abordagem 360.º graus” às ameaças e a preocupação com África, nomeadamente a presença de mercenários do grupo Wagner em diversas regiões deste continente.

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Costa diz que é preciso “continuar a investir nas qualificações e a transformar a economia”

  • Lusa
  • 9 Julho 2023

O primeiro-ministro defendeu que "com a estabilidade das políticas", pode-se manter a "mudança estrutural" que considerou estar em curso.

O primeiro-ministro defendeu hoje que é preciso “continuar a investir nas qualificações e a transformar a economia”, acrescentando que, “com a estabilidade das políticas”, pode-se manter a “mudança estrutural” que considerou estar em curso.

Numa mensagem divulgada na rede social Twitter após o Conselho de Ministros informal que decorreu hoje no Palácio Monserrate, em Sintra (distrito de Lisboa), António Costa afirmou que, “com o ano político a chegar ao fim, é hora de balanço e de preparação dos próximos tempos”.

“A reunião que hoje realizámos em Monserrate foi de reflexão e debate sobre o caminho percorrido e o que ainda temos de percorrer. Estamos focados em governar para as pessoas”, lê-se na mensagem.

Segundo o primeiro-ministro, o Governo discutiu na reunião em Sintra as soluções para responder “às preocupações do dia-a-dia dos portugueses, como impacto da inflação, a melhoria dos rendimentos ou o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”. “Temos de continuar a investir nas qualificações e a transformar a economia. Há uma mudança estrutural em curso na nossa economia que, com a estabilidade das políticas, vamos conseguir manter”, frisa o primeiro-ministro.

Nesta reunião informal, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, não esteve presente. Conforme indicou o gabinete do ministro à Lusa, a ausência deveu-se ao facto de o governante estar de férias no estrangeiro.

Esta manhã, em declarações aos jornalistas à chegada ao Palácio Monserrate, Costa não comentou a exoneração do secretário de Estado da Defesa Nacional Marco Capitão Ferreira, na sexta-feira, apelando a que se deixe a “justiça funcionar”, e garantiu que o foco do Governo está nas preocupações dos portugueses.

“Nós vamos hoje concentrar-nos naquilo que importa à vida dos portugueses, e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, aquilo que eu sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes”, referiu.

No ano passado, Costa tinha igualmente convocado uma reunião informal do Conselho de Ministros no final do ano político, que decorreu no final de julho, já depois do debate sobre o estado da nação na Assembleia da República, ao contrário deste ano.

No final desse Conselho de Ministros informal, António Costa publicou uma curta mensagem nas redes sociais em que dizia que essa reunião tinha sido “extremamente útil e produtiva”. O socialista acrescentou que aquele “dia de reflexão e de análise política e prospetiva para os próximos meses” tinha sido “muito enriquecedor”.

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Ministra espanhola quer dar 20 mil euros aos jovens. Faria sentido em Portugal?

Ministra espanhola quer dar 20 mil euros aos jovens. Os especialistas ouvidos pelo Trabalho by ECO defendem, antes, medidas que não tenham um caráter "universal" e que não recorram à "subsidiação".

Atingir a maioridade e receber 20 mil euros para gastar em educação, formação ou até na abertura de uma empresa. Esta é a proposta de Yolanda Díaz, segunda vice-primeira-ministra espanhola, ministra do Trabalho e candidata às legislativas pelo Movimiento Sumar, para combater o problema da desigualdade social em Espanha. Problema que não é exclusivo do país vizinho. Em Portugal, contudo, os especialistas ouvidos pelo Trabalho by ECO consideram que uma medida como esta seria pouco eficaz para alcançar o objetivo a que se propõe. Sugerem, antes, medidas que não tenham um caráter “universal” e que não recorram à “subsidiação”.

“Sendo uma medida universal, não é a mais eficaz para combater as desigualdades”, começa por dizer o economista João Cerejeira, em declarações ao Trabalho by ECO. E, no caso português, “não é difícil pensar em alternativas com maior impacto nas desigualdades“, acrescenta.

É o caso da “redução da pobreza na infância, com reforço do abono de família” e do “investimento no apoio escolar a crianças com dificuldades de aprendizagem” e do “maior apoio à mobilidade internacional, nomeadamente para jovens com bolsa“, elenca.

Igualmente importante e eficaz para combater o problema das desigualdades sociais considera ser “o investimento no alojamento de estudantes deslocados no ensino superior“. “Esta é uma das principais barreiras no acesso ao ensino superior de jovens não residentes nas áreas metropolitanas, bem maior do que o valor das propinas“, considera.

Sendo uma medida universal, não é a mais eficaz para combater as desigualdades. Não é difícil pensar, para o caso português, em alternativas com maior impacto nas desigualdades.

João Cerejeira

Economista

Todas estas medidas seriam, na opinião de João Cerejeira, mais eficazes para atingir o objetivo em causa. Uma visão muito diferente da de Yolanda Díaz.

“Em Espanha, ser jovem é muito difícil. Sobretudo quando tivemos governos que não ofereceram soluções nem alternativas aos jovens. (…) Trata-se de deixar que os jovens tenham um futuro e dar-lhes a oportunidade de estudar ou de abrir um negócio, independentemente do seu apelido ou da sua família de origem”, disse a ministra espanhola em entrevista ao espanhol El Mundo (acesso pago, conteúdo em espanhol)

O objetivo da “herança universal”, explicou, seria garantir a igualdade de oportunidades, independentemente da origem familiar ou dos rendimentos das pessoas. “Quando um jovem alcançasse a maioridade poderia aceder a este rendimento. Empreender não pode estar relacionado com a origem dos pais. E está a dizê-lo alguém que montou um escritório de advogados pedindo um empréstimo”, exemplificou a responsável.

Admitindo que se trata de uma proposta “ambiciosa”, a segunda vice-primeira-ministra do Governo espanhol adianta que os pagamentos poderiam começar aos 18 anos, sendo prolongados até aos 23 anos. Além disso, a medida incluiria ainda apoio administrativo para ajudar os jovens a investirem o dinheiro nas áreas pretendidas.

“Medidas mais integradas” em vez da “subsidiação”

Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves (FJN), encontra nesta proposta outro problema: a questão da subsidiação. “Defendo medidas mais integradas, que não passem exclusivamente por subsidiação“, defende.

“Tenho muitas dúvidas sobre programas que tenham um impacto instantâneo, e não me parece que sejam 20 mil euros que alterem o futuro de qualquer jovem. (…) E que garantia existe que esses 20 mil euros vão ser usados para o desenvolvimento desse jovem, e não para outros fins que não tenham esse efeito produtivo que é o que se espera? Fico logo com essas dúvidas”, comenta o ex-secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, salientando, contudo, que não conhece o programa eleitoral do Sumar “com detalhe”.

Temos de trabalhar para uma sociedade em que os jovens, com a sua formação e com as suas competências, consigam ter acesso a um mercado trabalho que lhes entregue oportunidades de trabalho — nas quais são, obviamente, bem remunerados –, mas também para uma sociedade que lhes dê satisfação, que os faça felizes… E que, em cima disso, possam construir as suas vidas e carreiras”, defende.

Tenho muitas dúvidas sobre programas que tenham um impacto instantâneo, e não me parece que sejam 20.000 euros que alterem o futuro de qualquer jovem.

Carlos Oliveira

Presidente executivo da FJN

O problema é, contudo, tão complexo que Carlos Oliveira não acredita que haja “uma solução, um programa, uma ideia (seja pública ou privada) que o resolva”. “Tem de ser um conjunto de ações”, sustenta.

Foi por isso mesmo que a fundação lançou o Pacto “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens”, juntamente com empresas e Governo. As metas estabelecidas para as 50 empresas signatárias dividem-se em quatro áreas de atuação: contratar e reter jovens; garantir-lhes emprego de qualidade; formar e desenvolvê-los; e dar-lhes voz.

“Fazendo o diagnóstico, envolvendo as empresas e o Governo, que tem o lado das medidas públicas e da lei laboral”, resume o presidente executivo da fundação.

Outros dos recursos que fazem parte da estratégia de atuação da FJN — que tem a ambição de transformar Portugal num país mais desenvolvido, através do conhecimento — passa pela atribuição de bolsas de estudo, nomeadamente através do seu programa de bolsas ISA FJN.

Através de um Acordo de Partilha de Rendimentos (ISA, na sigla inglesa equivalente), a fundação compromete-se a pagar a totalidade das propinas à instituição de ensino frequentada. É calculado um plano de reembolsos, “através da definição de uma percentagem do futuro salário que é esperado que o estudante venha a ganhar”, lê-se no regulamento das bolsas. Este só terá lugar “quando o beneficiário concluir a formação apoiada pela FJN e tiver um emprego”.

Até ao final do ano passado, a fundação já tinha atribuído mais de 2,8 milhões de euros em bolsas a 386 bolseiros, de um total de 3.581 candidaturas, segundo dados da FJN avançados, na altura, ao Trabalho by ECO.

Críticas à proposta do Movimiento Sumar crescem

A ideia da “herança universal” não é, contudo, totalmente nova em Espanha. Em 2021, foi proposta no relatório “Espanha 2050”, um exercício prospetivo realizado por uma centena de académicos. No entanto, esta é a primeira vez que a medida é lançada a nível eleitoral.

Em termos de impacto financeiro, a medida proposta por Yolanda Díaz custaria cerca de dez mil milhões de euros a Espanha, que seriam obtidos através da tributação dos mais ricos, detalhou a ministra.

Uma fórmula que tem gerado muita contestação. “Quem propõe medidas que consistam em dar subvenções e ajudas, sem nenhum tipo de restrição, nem nível de renda ou um objetivo concreto, tem de explicar como iria financiar, porque nos próximos anos teremos de continuar a seguir uma política fiscal responsável”, afirmou Nadia Calviño, em declarações à TVE.

Também o presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) mostrou preocupação com o impacto financeiro que uma medida como esta teria. “São exatamente nove mil milhões de euros. A soma dos orçamentos para este ano dos Ministérios da Educação (6.000 milhões) e da Saúde (3.000 milhões), se olharmos para as contas do Estado”, referiu Antonio Garamendi no final do Fórum Económico de Espanha na segunda-feira.

“Que estudem melhor as contas e que façam propostas mais sérias”, disse ainda, citado pelo ABC Economía.

Uma história sobre a “herança universal”

Também na Alemanha, o Instituto Alemão de Investigação Económica reavivou esta ideia no final do ano passado. “Se queremos realmente criar prosperidade para todos num futuro próximo, então devemos reduzir o elevado nível de desigualdade da riqueza através da redistribuição, dando à metade da população que não possui ativos uma herança básica”, escreveu, de acordo com a Deutsche Welle (DW), o especialista em impostos do grupo de reflexão alemão Stefan Bach, na sua proposta.

Com base nos cerca de 750 mil residentes alemães que atingem a maioridade todos os anos, a herança universal — também 20.000 euros por residente ao completar os 18 anos, para pagar educação ou formação, a entrada da compra de um imóvel ou a criação de uma empresa — custaria ao Governo alemão cerca de 22,6 mil milhões de euros por ano.

O financiamento poderia ser efetuado através do aumento do imposto sobre as heranças, da introdução de um imposto sobre os mais ricos e da reforma dos impostos sobre o património, sugeria ainda a proposta do grupo de reflexão.

Economistas, como o francês Thomas Piketty, há anos que defendem esta fórmula. Ao estudar a desigualdade a longo prazo, o economista conclui que existe uma persistente “hiper concentração da riqueza”. “Os 50% mais pobres quase nunca possuíram nada: apenas 5% da riqueza total em França, contra 55% para os 10% mais ricos”, dá conta, referindo-se a dados de 2021, citado pelo Le Monde.

“A ideia de que é preciso esperar que a riqueza se espalhe não faz muito sentido: se fosse esse o caso, já o teríamos visto há muito tempo”, defende.

A solução mais simples, considera Piketty, seria “uma redistribuição da herança, que permita a toda a população receber uma herança mínima que, para estabelecer valores, poderia ser na ordem dos 120 mil euros (ou seja, 60% do património médio por adulto). Paga a todos aos 25 anos, seria financiada por uma mistura de impostos progressivos sobre o património e sobre as heranças”, detalha.

Assim, na sua linha de raciocínio, “aqueles que atualmente não herdam nada receberiam 120 mil euros, enquanto aqueles que herdam um milhão de euros receberiam 600 mil euros após impostos e contribuições”.

Apesar de o tema estar há anos em discussão — ou pelo menos já ter sido alvo de discussão — em alguns países, desde logo Espanha, França, Reino Unido e Alemanha, ainda nenhum avançou efetivamente nesse sentido. A experiência mais próxima foi o “Child Trust Fund”, que o Governo do Reino Unido lançou, em 2003, e que consistia na atribuição de 250 libras a cada recém-nascido.

“Era uma forma de UBC [Universal Basic Capital], que consistia num pagamento garantido a todos os bebés nascidos no Reino Unido”, explicava o economista e professor na London School of Economics, Julian Le Grand, ao El Confidencial, aquando da divulgação do relatório “Espanha 2050”. “Mas tinha dois problemas: era demasiado pequeno e, como era dado à nascença e não na juventude, os benefícios eram demasiado distantes. Por isso, foi um dos primeiros a cair nos cortes após o crash financeiro”, justifica.

A medida terminou em 2011, nos anos de austeridade, sem que ninguém sentisse a sua falta. Como recorda o economista, “talvez tenha sido uma medida muito ampla e superficial”.

Esta “herança universal” tem também algumas semelhanças com o Rendimento Básico Incondicional (RBI), uma espécie de salário que é pago todos os meses a todos os cidadãos — independentemente das suas condições financeiras ou de outras características –, mas que não implica o desempenho de quaisquer funções. É garantido pelo Governo.

A ideia que também não é propriamente nova (aliás, remonta ao século XVI), mas tem apaixonado a Europa do século XXI. Inglaterra vai testá-la através de um projeto-piloto anunciado no mês passado, com um grupo de 30 participantes, aos quais, durante dois anos, vai dar 1.600 libras (cerca de 1.874 euros), sem contrapartidas.

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Morreu o historiador José Mattoso

  • Lusa e ECO
  • 8 Julho 2023

O historiador José Mattoso morreu aos 90 anos, informou o atual diretor da Torre do Tombo, destacando o seu papel na modernização dos arquivos nacionais e municipais.

O historiador José Mattoso morreu hoje, aos 90 anos, informou o atual diretor da Torre do Tombo, destacando o seu papel na modernização dos arquivos nacionais e municipais.

José Mattoso, especialista na História Medieval de Portugal que chegou a ser monge beneditino, foi presidente do Instituto Português de Arquivos e também diretor da Torre do Tombo entre 1996 e 1998.

O especialista, que nasceu em Leiria em 1933, foi distinguido com o Prémio Pessoa, em 1987, e assinou mais de 30 obras, em particular sobre a a Idade Média portuguesa. Foi ainda condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada.

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Von der Leyen assianala 500 dias de guerra na Ucrânia com promessa de mais apoio a Kiev

  • Lusa
  • 8 Julho 2023

No total, desde o início da guerra, a ajuda da União Europeia à Ucrânia, país candidato à adesão ao bloco europeu, ascende a mais de 70 mil milhões de euros,

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu hoje que a União Europeia continuará a apoiar Kiev, assinalando o 500.º dia desde o início da invasão russa da Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022.

“Quinhentos dias de guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Quinhentos dias de corajosa resistência ucraniana. Quinhentos dias de firme apoio europeu à Ucrânia. Estaremos com a Ucrânia o tempo que for necessário”, publicou Von der Leyen numa mensagem no Twitter.

No total, desde o início da guerra, a ajuda da União Europeia (EU) à Ucrânia, país candidato à adesão ao bloco europeu, ascende a mais de 70 mil milhões de euros, incluindo apoio financeiro, humanitário, orçamental de emergência e militar.

Os Estados-membros e as instituições financeiras europeias contribuíram com estes fundos, que também suportam os recursos disponibilizados para ajudar os Estados-membros a satisfazer as necessidades dos ucranianos em fuga da guerra.

Também a Presidente da Moldova, Maia Sandu, agradeceu hoje em comunicado aos soldados e ao povo ucraniano por resistirem à agressão russa por 500 dias e, assim, trazerem a paz ao seu país, vizinho da Ucrânia. “Graças à coragem dos militares ucranianos, graças à resistência da população civil, temos paz na Moldova”, afirmou. A Moldova é igualmente candidata a Estado-membro da UE e tem estado sob constantes ameaças e ações de desestabilização por parte de Moscovo.

Sandu afirmou que o seu país, como parte da comunidade internacional, “unirá forças com a Ucrânia para responsabilizar a Rússia pelos seus crimes de guerra”. Também destacou que “a Ucrânia vencerá” a guerra, porque “não pode ser de outra forma”.

“Os ucranianos são um povo de paz e estamos com eles”, disse Sandu, garantindo que os ucranianos são e serão bem-vindos na Moldova – que acolheu no início da invasão russa centenas de milhares de refugiados -, e que as estradas e ferrovias do seu país continuarão a levar produtos da Ucrânia para outros mercados.

O Presidente ucraniano assinalou hoje os 500 dias de guerra saudando os soldados do país num vídeo a partir de uma ilha no Mar Negro que se tornou um símbolo da resistência da Ucrânia face à invasão russa.

Ao falar na Ilha das Serpentes, Volodymyr Zelensky honrou os soldados ucranianos que lutaram para defender a ilha e todos os outros defensores do país, dizendo que reassumir o controlo da ilha é “uma grande prova de que a Ucrânia vai reconquistar cada parte do seu território”. “Quero agradecer — daqui, deste lugar de vitória, — a cada um dos nossos soldados por estes 500 dias”, afirmou Zelenskyy. “Obrigada a todos os que lutam pela Ucrânia”, acrescentou.

As forças russas tomaram o controlo da pequena ilha rochosa em 24 de fevereiro de 2022, o dia em que Moscovo lançou a invasão contra a Ucrânia, na esperança aparente de a usar como base para um assalto a Odessa, no sul, o maior porto ucraniano e quartel general da Armada.

A ilha ganhou um significado lendário para a resistência ucraniana à invasão russa quando as tropas ucranianas receberam ordens de um navio russo — que não respeitaram – para se renderem, sob o risco de serem bombardeadas. A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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Portugal apoia adesão da Ucrânia à NATO “quando as condições o permitirem”

  • Lusa
  • 8 Julho 2023

O Governo português manifestou apoio à adesão da Ucrânia à NATO e defendeu que devem ser impostas mais sanções à Rússia, numa declaração conjunta.

O Governo português manifestou hoje apoio à adesão da Ucrânia à NATO “quando as condições o permitirem” e defendeu que devem ser impostas mais sanções à Rússia, numa declaração conjunta divulgada após uma conversa telefónica entre Costa e Zelensky.

Portugal “vai continuar a apoiar a Ucrânia no seu caminho para uma futura adesão e apoia a Ucrânia a tornar-se membro da NATO quando as condições o permitirem”, lê-se numa declaração conjunta assinada entre a Ucrânia e Portugal.

No documento, o Governo defende também que “o futuro da Ucrânia e do seu povo reside na família europeia” e recorda que “a União Europeia (UE) já reconheceu a perspetiva europeia da Ucrânia e concedeu-lhe o estatuto de país candidato”.

“A República Portuguesa apoia firmemente a Ucrânia nos seus esforços de reforma e no cumprimento dos requisitos necessários para iniciar as negociações de adesão, aguardando com expectativa um relatório positivo da Comissão Europeia”, refere-se.

O executivo destaca ainda que a “Ucrânia e a República portuguesa concordam na necessidade de se aumentar a pressão coletiva sobre a Rússia através de mais sanções, para enfraquecer a capacidade de prosseguir a sua guerra ilegal de agressão”.

“Devem ser reforçados os esforços para garantir a aplicação efetiva das sanções e para prevenir e contrariar a sua evasão através de países terceiros”, defende-se.

Esta declaração conjunta foi assinada depois de uma conversa telefónica entre Costa e Zelensky, na qual, segundo uma mensagem divulgada na sua conta da rede social Twitter, o Presidente ucraniano manifestou ao primeiro-ministro português a importância de a NATO tomar uma decisão sobre a futura adesão de Kiev à aliança.

Também numa mensagem do Twitter, Costa referiu que “Portugal tem apoiado a Ucrânia, desde o primeiro dia, a exercer o seu direito de defesa nesta guerra brutal e injustificada, e continuará a apoiar pelo tempo que for necessário”.

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Comissão Técnica já definiu os cinco critérios de decisão para o novo aeroporto de Lisboa

Fatores como a segurança aeronáutica e o investimento público e modelo de financiamento vão estar no centro da decisão sobre o novo aeroporto, segundo definiu a comissão técnica independente.

Desde a segurança aeronáutica até ao investimento público e modelo de financiamento, a Comissão Técnica Independente (CTI) que vai propor a localização do novo aeroporto de Lisboa já definiu os cinco fatores críticos para a decisão que terá de ser tomada sobre esta infraestrutura. Acessibilidade, saúde humana e conectividade e desenvolvimento económico são outros dos fatores identificados no relatório a que o ECO teve acesso.

A comissão liderada por Rosário Partidário fez o trabalho de análise, complementado por um workshop de focalização no dia 21 de junho, “que permitiu confirmar os aspetos e as prioridades principais identificadas pela CTI”. Foram incorporados novos aspetos e assim finalizado o Quadro de Avaliação Estratégica, com os critérios de avaliação e indicadores.

Os fatores identificados são “temas críticos para a decisão”, sendo que “não são temas exclusivamente ambientais ou sociais, nem pretendem descrever exaustivamente a situação existente”. Vão assim ser “usados na avaliação como fatores de sucesso, chamando a atenção para poucos, mas muito relevantes aspetos que podem determinar o sucesso da decisão ao revelarem riscos ou oportunidades dessa decisão para o ambiente e a sustentabilidade”.

É à luz dos fatores críticos que a Avaliação Ambiental Estratégica irá selecionar a melhor solução para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, cumprindo o mandato que lhe foi atribuído pelo Governo. As opções em cima da mesa são: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Pegões, Portela + Pegões e Rio Frio + Poceirão.

A grelha de análise vai ajudar a responder também às três questões estratégicas identificadas:

  • Como aumentar a capacidade aeroportuária da Região de Lisboa, e se em modelo dual ou único?
  • Como evoluir para um hub intercontinental?
  • Será necessário desativar, ou não, o aeroporto Humberto Delgado?

Os cinco fatores críticos de decisão

O primeiro fator diz respeito à segurança aeronáutica, tendo em conta questões como o espaço aéreo e territorial, a perigosidade e as novas tecnologias. Já o segundo debruça-se sobre acessibilidade e território, analisando a acessibilidade rodo e ferroviária, a multimodalidade e redundância, a proximidade, a pegada carbónica e o desenvolvimento e coesão territorial.

A saúde humana e viabilidade ambiental é o terceiro fator crítico identificado pela comissão independente, que olha para questões como a população afetada, biodiversidade, recursos naturais e riscos. Segue-se a conectividade e desenvolvimento económico, onde são avaliadas a competitividade e desenvolvimento do hub, impactos macroeconómicos, capacidade de expansão aeroportuária e o resultado da análise custo-benefício.

Finalmente, o último fator é o investimento público e modelo de financiamento, categoria onde estão em foco o valor para o concessionário, as necessidades de financiamento, a rapidez de execução/spillage, resiliência económica e financeira das opções e os riscos decorrentes do contrato de concessão.

Para cada fator foram também definidos os indicadores que serão usados na análise. São exemplos o número de residentes expostos aos níveis de ruído da atividade aeronáutica, a existência de áreas naturais classificadas, a exposição a zonas sísmicas ou com perigo de inundação, o número potencial de pistas e destinos servidos, o emprego qualificado criado, a pegada carbónica ou a taxa de retorno económico.

Este documento entra segunda-feira em consulta pública, até 4 de agosto, sendo que os critérios ainda poderão ser ajustados consoante os resultados desse processo.

A comissão técnica independente tem de entregar o relatório da Avaliação Ambiental Estratégica até ao fim do ano. O ministro das Infraestruturas, João Galamba, quer tomar uma decisão final sobre o novo aeroporto no primeiro semestre de 2024.

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Secretária do Tesouro dos EUA pede diálogo direto com Pequim sobre práticas económicas

  • Lusa
  • 8 Julho 2023

A secretária do Tesouro norte-americana defendeu o diálogo direto com Pequim, em caso de preocupações sobre práticas económicas.

A secretária do Tesouro norte-americana defendeu hoje o diálogo direto com Pequim, em caso de preocupações sobre práticas económicas, num encontro com o vice-primeiro-ministro chinês, que lamentou incidentes imprevistos que tenham prejudicado o relacionamento.

“Quando temos preocupações sobre práticas económicas específicas, devemos comunicá-las diretamente e assim iremos fazer”, disse Janet Yellen durante uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, no segundo dia da visita que realiza à China.

Segundo a agência de notícias AFP, após o encontro He Lifeng lamentou que “incidentes imprevistos” tenham prejudicado o relacionamento sino-americano, referindo-se ao balão de espionagem chinês abatido por Washington, em espaço aéreo norte-americano, no início do ano.

“O facto de, apesar das tensões recentes, termos alcançado um nível recorde de comércio em 2022 sugere que há amplo espaço para os nossos negócios se envolverem”, acrescentou a secretária do Tesouro norte-americana, em Diaoyutai, a ‘casa de hóspedes’ oficial do governo chinês em Pequim.

A visita de Janet Yellen ocorre algumas semanas depois da do secretário de Estado, Antony Blinken, numa tentativa da administração de Joe Biden de restabelecer laços com Pequim, após três anos de isolamento quase total da China, devido à pandemia de covid-19.

O encontro entre os presidentes Xi Jinping e Joe Biden, em Bali, na Indonésia, em novembro, permitiu forjar “consensos importantes”, lembrou o vice-primeiro-ministro chinês, mas “infelizmente, devido a incidentes imprevistos como o do balão, houve alguns problemas na implementação do consenso alcançado pelos dois chefes de Estado”, lamentou.

No início do dia de hoje, Yellen tinha já enfatizado a luta contra as alterações climáticas, uma área-chave de cooperação para Washington, apesar das tensas relações com a China.

“Como somos os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo e os maiores investidores em energia renovável, temos a responsabilidade conjunta — e a capacidade — de liderar o caminho”, disse Yellen, defendendo que “a cooperação entre os Estados Unidos e a China no financiamento da luta contra as alterações climáticas é essencial”.

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