Custo de vida domina os riscos globais nos próximos dois anos
O Fórum Económico Mundial classifica a crise do custo de vida como o risco global mais severo no curto prazo, como resultado de pressões inflacionistas persistentes durante os próximos dois anos.
Desde há muito tempo que o mundo não se deparava com um ambiente socioeconómico tão severo. “A pandemia e a guerra na Europa trazem novamente crises energéticas, inflacionistas, alimentares e de segurança”, refere o Fórum Económico Mundial no relatório “Global Risks Report 2023”, publicado esta quarta-feira.
De acordo com a análise dos especialistas, estas crises criam seis riscos subsequentes que irão dominar os próximos dois anos: risco de recessão, crescente sobre-endividamento, crise do custo de vida, sociedades polarizadas devido à desinformação e à má informação, um hiato na rápida ação climática e uma guerra geoeconómica de soma nula.
“O cenário de risco a curto prazo é dominado pela energia, alimentação, dívida e catástrofes. Aqueles que são já mais vulneráveis estão a sofrer – e face a múltiplas crises, aqueles que se qualificam como vulneráveis estão em rápida expansão, tanto nos países ricos como nos pobres”, afirma Saadia Zahidi, diretor executivo do Fórum Económico Mundial, evocando que “a cooperação é o único caminho a seguir.”
Na análise dos especialistas do Fórum Económico Mundial, a “crise do custo de vida” é classificada como o risco global mais severo nos próximos dois anos, atingindo um pico a curto prazo.
O “Global Risks Report 2023” antecipa que nos próximos dois anos, governos e bancos centrais poderão enfrentar pressões inflacionistas persistentes, “sobretudo dado o potencial para uma guerra prolongada na Ucrânia, a constância de constrangimentos devido a uma pandemia persistente e à guerra económica estimular a dissociação das cadeias de fornecimento”.
No epicentro dos desafios com que se depara o mundo nos próximos anos estão também os riscos associados a uma deterioração das perspetivas económicas. “Um erro de calibração entre as políticas monetárias e fiscais aumentará a probabilidade de choques de liquidez, sinalizando uma desaceleração económica mais prolongada e um problema de endividamento à escala global”, lê-se no relatório.
O alerta do Fórum Económico Mundial aponta ainda para a possibilidade de um cenário de inflação contínua induzida pela oferta poder conduzir a uma estagflação, “cujas consequências socioeconómicas poderão ser graves, dada a interação sem precedentes com níveis historicamente elevados da dívida pública”.
Olhar para a próxima década obriga a cuidar do ambiente
Se no curto prazo os principais riscos do mundo envolvem sobretudo questões económicas, no longo prazo as crises mais iminentes estão todas relacionadas com o ambiente.
Os especialistas preveem que “a menos que o mundo comece a cooperar mais eficazmente na mitigação e adaptação das alterações climáticas, nos próximos dez anos assistiremos ao aquecimento global contínuo e à degradação ambiental.”
O sinal de alerta é claro: “Sem mudanças políticas ou investimentos significativos, esta mistura acelerará o colapso dos ecossistemas, ameaçará o abastecimento alimentar, amplificará os impactos das catástrofes naturais e limitará mais progressos na mitigação das alterações climáticas”, revela John Scott, responsável do departamento de risco de sustentabilidade do grupo segurador Zurich, que também contribui para a elaboração do relatório.
A falha na mitigação e adaptação das alterações climáticas, as catástrofes naturais, a perda de biodiversidade e a degradação ambiental representam cinco dos dez maiores riscos no longo prazo para o planeta.
As conclusões do relatório do Fórum Económico Mundial apontam ainda para que a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas seja um dos riscos globais que mais rapidamente se deteriorará durante a próxima década.
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