Tripulantes chumbam proposta da TAP e mantêm greve marcada para o final do mês
Assembleia geral do sindicato dos tripulantes rejeitou a proposta laboral feita pela TAP. Greve de sete dias marcada para o final do mês mantém-se.
Os associados do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) rejeitaram a mais recente proposta laboral apresentada pela TAP, mantendo o pré-aviso da greve agendada para os dias 25 a 31 de janeiro. O presidente da estrutura sindical que representa os tripulantes de cabine esteve esta manhã reunido com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que se mostrou “convicto” de que a paralisação seria evitada.
Os tripulantes reuniram-se em assembleia geral esta manhã num hotel em Lisboa para discutir e votar a mais recente proposta apresentada pela TAP, com o destino da greve de sete dias nas mãos. Foi chumbada por 95,8% dos 895 associados do SNPVAC presentes (ou representados por procuração), segundo fonte do sindicato. Só 29 votaram favoravelmente e 9 abstiveram-se.
Com a rejeição da proposta, mantém-se o pré-aviso de greve, abrindo caminho à segunda paralisação em menos de dois meses, depois da paragem a 8 e 9 de dezembro, que levou a TAP a cancelar 360 voos e tirou 8 milhões de receita, segundo a companhia. A nova greve prolonga-se por sete dias.
Um desfecho contrário ao que era esperado pelo ministro das Infraestruturas, que esteve reunido com o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, antes da assembleia geral. “Perante a informação prestada pela direção do sindicato sobre o acordo alcançado, o ministro está convicto de que a Assembleia Geral do SNPVAC dará um passo decisivo para a melhoria da situação dos trabalhadores e da companhia aérea, permitindo evitar uma greve de 7 dias que causaria um grave dano à empresa“, diz a nota.
Antes da assembleia geral, o presidente do Sindicato, Ricardo Penarroias, antecipava já que era “muito provável” que a proposta fosse chumbada, mantendo o pré-aviso de greve. “Nós não nos podemos dissociar da realidade, de tudo o que se vive à volta da administração, da insatisfação de todos os trabalhadores do grupo TAP”, disse, acrescentando que as declarações da CEO da TAP esta quarta-feira no Parlamento não ajudaram à assembleia de hoje. Todos falam do fim dos ATE, todos falam dos cortes, acho que temos de passar das palavras à ação, se assim for o caso”.
Os tripulantes avançaram a 9 de janeiro com um pré-aviso de greve para os dias 25 a 31 de janeiro, acusando a TAP de não respeitar o Acordo Temporário de Emergência, assinado em 2021 e que introduziu um corte salarial de 25% até final de 2024, e rejeitam as condições propostas pela companhia para o novo Acordo de Empresa. A administração da transportadora aérea fez chegar já esta semana uma nova proposta, após várias rondas negociais.
Na mensagem enviada aos trabalhadores na terça-feira à tarde, a CEO da transportadora aérea garantir estar “a trabalhar em soluções que nos permitam recompensar os trabalhadores por todos os esforços desenvolvidos e que permitam também mitigar o impacto da subida da inflação e que oportunamente serão partilhadas em primeira mão com os representantes dos trabalhadores”
A TAP está disponível para baixar o corte nos salários para, pelo menos, 20% a partir deste ano, como avançou o ECO. O salário que fica isento de cortes deverá subir dos 1.410 para os 1.520 euros, o equivalente a dois salários mínimos.
Os tripulantes conseguiram também a colocação de mais um tripulante nos aviões A321 Long Range, que faz voos de longo curso. “Em 14 pontos, conseguimos 11,5, 12 pontos” das negociações, avançou Ricardo Penarroias antes da assembleia. Um progresso que não tirou de cima da mesa o cenário de uma nova greve.
(notícia atualizada às 15h25)
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