Parlamento francês debate reforma das pensões em clima de tensão social
Em causa está a proposta do aumento previsto da idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos, para 67 a máxima, ou que obrigue a 43 anos de descontos para receber a reforma sem penalizações.
O projeto de reforma do sistema de pensões do presidente francês Emmanuel Macron chega esta segunda-feira à Assembleia Nacional num contexto de tensão social, com dois novos dias de mobilização sindical no horizonte.
O executivo francês deverá procurar nas câmaras a maioria para que o partido de Emmanuel Macron não recorra ao Artigo que permite ao governo fazer passar uma proposta sem a aprovação da Assembleia Nacional, explica a EFE.
Em causa está a proposta do aumento previsto da idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos, para 67 a máxima, ou que obrigue a 43 anos de descontos para receber a reforma sem penalizações, com o argumento de que é a forma mais justa de preservar um sistema condenado a um défice endémico.
Os “macronistas” vão procurar o apoio dos conservadores tradicionais, que são favoráveis à prolongamento do tempo das carreiras, mas cautelosos com o clima de hostilidade à reforma gerado nas últimas semanas.
Embora o ex-presidente Nicolas Sarkozy, ainda muito influente na direita francesa, tenha sido favorável à reforma de Macron, os deputados preferem resguardar-se para que uma eventual negociação que não os dilua.
Um cenário que Mácron não está a conseguir alcançar com os outros dois grandes grupos da Assembleia, a esquerda, que contra-atacou com 20 mil emendas à proposta, e a extrema-direita, que espera capitalizar o descontentamento nas ruas.
Paralelamente ao debate político, Emmanuel Macron continua a enfrentar uma forte contestação social contra a proposta, que restabeleceu a unidade dos principais sindicatos do país — que havia diminuído nos últimos anos — e devolveu às ruas de Paris as imagens de grandes manifestações.
Após dois dias de greve geral nas últimas duas semanas, os sindicatos convocaram mais uma para esta terça-feira, à qual se juntará um novo dia de protestos no próximo sábado.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, que se tornou o rosto da reforma garante que trabalhar mais é “essencial” para preservar o atual sistema. Numa entrevista ao semanário Le Journal du Dimanche, divulgada este domingo, a governante sinalizou aceitar uma emenda dos conservadores para antecipar para 63 anos a reforma dos trabalhadores que começaram a trabalhar aos 21 anos ou menos.
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