Novo balanço do sismo na Turquia e Síria ultrapassa os 12.000 mortos

  • ECO
  • 8 Fevereiro 2023

Dezenas de pessoas continuam a ser resgatadas e as redes sociais partilham histórias e vídeos com pedidos de socorro de pessoas que ainda estão presas nos escombros.

O número de mortos nos fortes sismos que atingiram na segunda-feira o sudeste da Turquia e a vizinha Síria aumentou para mais de 12.000, de acordo com um novo balanço provisório divulgado pelas autoridades esta quarta-feira.

Na Turquia morreram 9.057 pessoas, de acordo com o último balanço das autoridades. Há ainda registo de 37.011 pessoas feridas. Já na Síria, pelo menos 1.730 pessoas morreram na parte noroeste do país controlada pelos opositores ao regime de Bashar al-Assad, segundo a organização não governamental Capacetes Brancos. Mas, “este número deverá aumentar significativamente devido à presença de centenas de famílias debaixo dos escombros”, acrescentou a mesma organização. Na parte do país controlada pelo Governo as autoridades oficiais reportaram 1.262 vítimas mortais.

Em alguns locais do lado turco, as equipas de resgate já não estão numa operação de salvamento, mas apenas de recuperação dos corpos presos nos escombros dos 6.444 edifícios que ruíram, relata a Al-Jazeera. Isto porque as temperaturas muito baixas que se fazem sentir tornam esta operação numa corrida contra o tempo, já que à medida que as horas passam as hipóteses de salvamento vão-se reduzindo.

Mas continuam a ser resgatadas dezenas de pessoas e as redes sociais vão inundando de vídeos com pedidos de socorro de pessoas que ainda estão presas nos escombros.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na terça-feira que 23 milhões de pessoas estão “potencialmente expostas, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis”, depois de já ter referido que teme “balanços oito vezes maiores que os números iniciais”.

A Turquia registou o epicentro dos sismos de magnitude 7,7 e 7,6 na escala de Richter. Até agora, foram contabilizadas 435 réplicas de menor intensidade nas zonas afetadas, nas quais estão a trabalhar mais de 60.000 pessoas em missões de buscas e salvamento e remoção de escombros, no âmbito de um dispositivo que conta com mais de 100 aviões e helicópteros destacados.

As primeiras equipas de resgate estrangeiras chegaram na terça-feira e, segundo o Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, que declarou estado de emergência por três meses nas dez províncias afetadas pelo terremoto, 45 países ofereceram ajuda. O Chefe de Estado turco irá visitar as zonas atingidas, segundo a agência noticiosa Anadolu: primeiro a cidade de Kahramanmaras e depois a região de Pazarcik.

A União Europeia (UE) mobilizou 1.185 equipas de resgate e 79 cães de busca para a Turquia de 19 Estados-membros, incluindo França, Alemanha e Grécia. A equipa de resgate portuguesa deverá chegar ao terreno esta quarta-feira. Para a Síria, a UE está em contacto com os seus parceiros humanitários no terreno e financia as operações de ajuda.

(Notícia atualizada às 18h39 com novo balanço relativo às vítimas mortais)

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Lucros do Banco Nacional Ultramarino caem 28% face a 2021 para 37,2 milhões

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2023

Registo de imparidades explica redução dos lucros, indica banco com sede em Macau e que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD).

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) anunciou esta quarta-feira lucros de 322 milhões de patacas (37,2 milhões de euros) em 2022, menos 28% do que em 2021.

O decréscimo é sobretudo atribuído a imparidades durante o ano. O lucro ajustado antes de imparidades e impostos aumentou 1,2% face a 2021, para 505,9 milhões de patacas [58,5 milhões de euros]”, indicou, em comunicado, o banco, com sede em Macau e que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“A evolução dos resultados reflete melhorias contínuas na margem financeira”, que cresceu 11% face a 2021, enquanto “os volumes de negócio de crédito concedido e de depósitos de clientes aumentaram 8,5% e 7%, respetivamente“, pode ler-se na mesma nota.

Já as receitas líquidas de comissões diminuíram 26,7% em relação a 2021, “refletindo as crescentes incertezas na economia global e locais”, assinalou a instituição, que, juntamente com o Banco da China, é banco emissor de moeda em Macau.

O BNU registou ainda uma perda líquida de 27,7 milhões de patacas (3,2 milhões de euros) com a alienação de investimentos financeiros, “devido principalmente ao aumento das taxas de juro globais e à revisão em baixa de risco de alguns ativos que afetou negativamente a avaliação dos investimentos”.

O banco sublinhou ainda que continua a apresentar “um robusto rácio de solvabilidade de 20,65%, bastante acima do mínimo regulamentar de 8%” e que mantém “elevados níveis de liquidez”.

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Biden assegura apoio à Ucrânia pelo “tempo que for preciso”

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2023

Presidente dos Estados Unidos entregou um discurso otimista e de unidade no seu segundo Estado da União, pedindo aos Republicanos que trabalhem em conjunto com o seu Governo.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou, durante o seu discurso do Estado da União, que continuará a apoiar a Ucrânia pelo “tempo que for preciso“, destacando a liderança dos EUA contra a agressão russa.

Dirigindo-se às duas câmaras do Congresso (Senado e Câmara de Representantes), reunidas no mesmo hemiciclo, o chefe de Estado declarou na terça-feira que os Estados Unidos da América (EUA) deram um exemplo de liderança, ao “unir a NATO” e ao “construir uma coligação global” pela Ucrânia.

“A invasão de [o Presidente russo] Vladimir Putin tem sido um teste para os tempos. Um teste para a América. Um teste para o mundo”, avaliou o chefe de Estado.

Biden aproveitou a presença no evento da embaixadora da Ucrânia em Washington, Oksana Markarova, para lhe dar diretamente garantias da continuidade de apoio, para que Kiev se possa continuar a defender da agressão russa.

“A embaixadora representa não apenas a sua nação, mas a coragem do seu povo. Embaixadora, a América está unida no apoio ao seu país. Estaremos consigo o tempo que for preciso. A nossa nação está a trabalhar por mais liberdade, mais dignidade e mais paz, não apenas na Europa, mas em todos os lugares”, assegurou.

Procura de “competição” com China

No seu discurso do Estado da União, em que definiu as prioridades para o próximo ano e pediu a colaboração dos congressistas, Biden incluiu ainda a relação com a China, frisando que procura “competição, não conflito”.

Contudo, deixou claro que agirá prontamente caso “a China ameaçar a soberania dos EUA”.

“Mas não se enganem: como deixámos claro na semana passada, se a China ameaçar a nossa soberania, agiremos para proteger o nosso país. E nós fizemos isso”, disse Biden, referindo-se ao abate de um balão chinês que sobrevoou o território norte-americano na semana passada.

As relações já complicadas entre os Estados Unidos e a China ficaram consideravelmente mais tensas nos últimos dias, após a descoberta deste balão chinês, alegadamente para fins de espionagem.

Antes de assumir o cargo presidencial, cresciam os rumores de que “a China estaria a aumentar o seu poder e a América estava a cair”, mas “não mais”, sublinhou o líder norte-americano.

Biden defendeu ainda a continuação do investimento, juntamente com os aliados dos EUA, na proteção de tecnologias avançadas e evitar que sejam usadas contra o país, e na modernização das forças armadas para salvaguardar a estabilidade e prevenir agressões.

“Não vou desculpar-me por estarmos a investir para fortalecer a América”, advogou.

“Hoje estamos na posição mais forte em décadas para competir com a China ou qualquer outro país do mundo. Estou empenhado em trabalhar com a China onde for possível para promover os interesses norte-americanos e beneficiar o mundo”, acrescentou.

O Democrata declarou ainda que, nos últimos dois anos, as democracias tornaram-se mais fortes e as autocracias mais fracas, dando destaque às parcerias que se estão a formar entre várias geografias.

“Mas aqueles que apostam contra a América estão a aprender o quão errados estão. Nunca é uma boa aposta apostar contra a América”, avaliou.

Aposta na indústria e infraestruturas

Numa defesa da produção e manufatura norte-americanas, Joe Biden anunciou novos padrões para exigir que todos os materiais de construção usados em projetos federais de infraestrutura sejam feitos nos EUA: “madeira de fabricação norte-americana, vidro, placas de gesso, cabos de fibra ótica”, detalhou.

“E sob a minha supervisão, estradas, pontes e estradas norte-americanas serão feitas com produtos norte-americanos”, adicionou.

Acusado recorrentemente de “protecionismo” por líderes europeus, o Presidente norte-americano quer garantir que “a cadeia de abastecimento para a América comece na América”.

“Nos arredores de Columbus, no Ohio, a Intel está a construir fábricas de semicondutores. Isso criará 10 mil empregos: sete mil na construção e três mil empregos quando as fábricas forem concluídas. Empregos que pagam 130 mil dólares [121.000 euros] por ano e muitos não exigem diploma universitário. Empregos onde as pessoas não precisam de sair de casa em busca de oportunidade. E está apenas a começar”, disse em tom energético.

Trabalho com Republicanos

O Presidente norte-americano, Joe Biden, entregou um discurso otimista e de unidade no seu segundo Estado da União, pedindo aos Republicanos que trabalhem em conjunto com o seu Governo “para terminar o trabalho”.

Num momento em que procura relançar a economia do país, Biden tentou acalmar a ansiedade económica que afeta uma parte significativa da população norte-americana, pedindo na terça-feira a colaboração da oposição.

“Aos meus amigos Republicanos, se pudemos trabalhar juntos no último Congresso, não há razão para não trabalharmos juntos neste novo Congresso. As pessoas enviaram-nos uma mensagem clara. Lutar por lutar, poder pelo poder, conflito pelo conflito, não nos leva a lugar nenhum”, disse o chefe de Estado.

Foi a primeira vez que Biden se dirigiu ao Congresso desde que os Republicanos conquistaram o controlo da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos Estados Unidos, nas intercalares do ano passado.

“Essa sempre foi a minha visão para o país. Restaurar a alma da nação, reconstruir a espinha dorsal da América: a classe média, unir o país. Fomos enviados aqui para terminar o trabalho”, frisou o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).

Embora ainda não tenha anunciado oficialmente os seus planos para as presidenciais de 2024, Biden já afirmou que tenciona recandidatar-se e era esperado que adotasse um discurso de tom eleitoral no Estado da União.

Biden optou por dar especial destaque às conquistas económicas e legislativas que alcançou ao longo dos últimos dois anos e lançou o mesmo apelo várias vezes ao longo do discurso: “Vamos terminar o trabalho”.

“Nos últimos dois anos, o meu Governo reduziu o défice em mais de 1,7 biliões de dólares [1,58 biliões de euros] – a maior redução de défice na história americana. No Governo anterior, o défice americano aumentou quatro anos consecutivos. Por causa desses números recorde, nenhum Presidente acrescentou mais à dívida nacional em quatro anos do que meu antecessor”, disse Biden, referindo-se a Donald Trump.

“Quase 25% de toda a dívida nacional, uma dívida que levou 200 anos para ser acumulada, foi adicionada apenas por esse Governo”, acrescentou, sendo apupado pelos Republicanos presentes no Congresso.

Apesar de ter defendido uma colaboração com os Republicanos, Biden ameaçou a oposição com vetos à legislação.

“Não se enganem. Se o Congresso aprovar uma proibição nacional do aborto, eu irei vetar. (…) Se tentarem fazer alguma coisa para aumentar o custo dos medicamentos prescritos, vou vetar”, avisou.

O líder norte-americano dirigiu-se aos “lugares e pessoas que foram esquecidos”, em referência à classe trabalhadora que tradicionalmente foi a base do Partido Democrata e que, nos últimos anos, se aproximou mais dos Republicanos e de Donald Trump, em particular.

“Enquanto estou aqui, criámos um recorde de 12 milhões de novos empregos – mais empregos criados em dois anos do que qualquer Presidente jamais criou em quatro anos”, afirmou.

O ênfase de Biden nos seus feitos económicos ocorre num momento de fortes críticas por parte da oposição Republicana à sua política económica.

A Casa Branca e os Republicanos do Congresso estão atualmente a travar um debate sobre o aumento do teto da dívida, sem saída imediata à vista, já que cada lado se isola na sua posição.

Os Republicanos exigiram que o Governo Democrata aprove cortes orçamentais em questões como saúde ou educação para que deem ‘luz verde’ no Legislativo à suspensão do limite da dívida, que atualmente é de 31,4 biliões de dólares (cerca de 29 biliões de euros) e que foi atingido a 19 de janeiro.

Referindo-se ao ataque ao Capitólio perpetrado por apoiantes de Trump em janeiro de 2021, Biden saiu em defesa da Democracia norte-americana.

“Há dois anos, a nossa democracia enfrentou a sua maior ameaça desde a Guerra Civil. Hoje, embora lesada, a nossa democracia permanece inflexível e intacta”, disse em tom firme.

Abordando temas fraturantes nos EUA, o Democrata aproveitou para defender o direito ao aborto, uma reforma abrangente da imigração, a proibição de acesso a armas semiautomáticas e criticou a violência policial, na presença da mãe e do padrasto de Tyre Nichols, um jovem negro que foi recentemente espancado mortalmente por agentes das forças de segurança norte-americanas.

“Não há palavras para descrever o desgosto e a dor de perder um filho. Mas imagine como é perder um filho às mãos da lei”, disse Biden, num dos momentos mais emocionantes da noite, sendo aplaudido de pé.

Joe Biden terminou o discurso com uma mensagem de confiança: “Enquanto estou aqui, nunca estive tão otimista sobre o futuro da América. Só temos que nos lembrar quem somos. Somos os Estados Unidos da América e não há nada além da nossa capacidade se trabalharmos juntos. Que Deus vos abençoe a todos. Que Deus proteja as nossas tropas”, concluiu.

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Novas reformas do Estado sobem para 1.538 euros

  • ECO
  • 8 Fevereiro 2023

Reformaram-se cerca de 16 mil funcionários públicos em 2022, mais 8,2% do que em 2021. No final do último ano, havia cerca de 418 mil funcionários públicos reformados.

Em 2022, o valor médio das novas pensões de velhice dos funcionários públicos subiu cerca de 165 euros para 1.538 euros. Os valores constam da Execução Orçamental de dezembro e mostram ainda que se reformaram quase 16 mil trabalhadores do Estado em 2022, mais 1.224 (+8,2%) do que em 2021. Havia cerca de 418 mil funcionários públicos reformados.

No regime geral, as estatísticas de dezembro da Segurança Social apontam para um crescimento das pensões de velhice de 0,6% em 2022, ou seja, mais 11.658 pensões, revela esta quarta-feira o jornal Correio da Manhã (acesso pago) .

O valor médio das novas pensões de velhice na Segurança Social era, em 2021, de 594,41 euros, ou seja, menos de metade do valor médio do sistema público. Entretanto, as pensões de velhice tiveram aumentos que variaram entre 1% e 0,49%, consoante o escalão da reforma

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Hoje nas notícias: reformas do Estado, ANI e barragens

  • ECO
  • 8 Fevereiro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Execução Orçamental de dezembro dá conta de um aumento das pensões dos funcionários públicos para um valor médio de 1.538 euros no ano passado. O ministro da Economia diz que os alegados problemas de orientação ou relacionamento entre o Governo e a Agência Nacional de Inovação (ANI) nunca foram referidos em reuniões anteriores por Joana Mendonça, que se demitiu do cargo de presidente da agência na segunda-feira. O Fisco vai avaliar e liquidar já o IMI sobre as barragens, mas especialistas antecipam litigância em tribunal. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Novas reformas do Estado sobem para 1.538 euros

Em 2022, ano em que se reformaram quase 16 mil trabalhadores do Estado, as novas pensões de velhice dos funcionários públicos subiram, em média, cerca de 165 euros, para 1.538 euros, de acordo com a Execução Orçamental de dezembro. No total, o ano fechou com um universo de praticamente 418 mil funcionários públicos reformados.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Ministro da Economia diz que presidente da ANI “não estava assim tão preocupada”

O ministro da Economia nega as afirmações de Joana Mendonça, que se demitiu da presidência da Agência Nacional de Inovação (ANI), dizendo que não se sentiu apoiada e que aquela agência estaria a ser secundarizada no que diz respeito ao seu envolvimento no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no Portugal 2030 (PT 2030). “Sobre as questões suscitadas na carta de renúncia, elas não foram levantadas nas reuniões mantidas pelo senhor secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, o que mostra que a presidente da ANI não estava assim tão preocupada. A única exceção foi o programa Eureka e o problema foi resolvido”, afirmou António Costa Silva, em entrevista ao Público.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

IMI das barragens arrisca ir parar aos tribunais

Por ordem do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, a Autoridade Tributária prepara-se para avançar com uma avaliação das hidroelétricas, inscrevendo as mesmas na matriz predial e apresentando, de seguida, a fatura dos últimos quatro anos de IMI – tantos quantos as regras de prescrição permitem. Quando o fizer, não restará às empresas outra opção senão pagar, mas é quase certo que, depois disso, terão material para avançarem com impugnações em tribunal, admitem fiscalistas.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Fisco arrisca devolver milhões da taxa rodoviária a gasolineiras e condutores

A Autoridade Tributária pode ter de devolver milhões de euros que foram cobrados nos últimos quatro anos a gasolineiras e clientes finais a título da contribuição de serviço rodoviário, que incide sobre os combustíveis, e que, no ano passado, foi declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça da União Europeia. Um acórdão do Centro de Arbitragem Administrativa, de 5 de janeiro, condena o Estado a reembolsar a Vapo Atlantic em 5,5 milhões de euros, acrescidos de juros, e confirma a decisão de 2022 de que os consumidores finais têm legitimidade para reclamar a restituição dos valores pagos nos últimos quatro anos.

Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso livre)

“Forma de gerir o país empobrece ética republicana”, diz líder parlamentar do BE

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda considera que a resposta que o primeiro-ministro tem dado a várias circunstâncias “tem chocado o país” e lamenta a “falta de acesso aos bens essenciais”. Pedro Filipe Soares entende que “esta forma de gerir o país, típica de uma maioria absoluta, empobrece a ética republicana e afasta as pessoas”.

Leia a entrevista completa no Observador (acesso pago)

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Assembleia Municipal de Lisboa aprova empréstimo até 15,3 milhões para obras da Jornada Mundial da Juventude

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2023

Em causa está a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até ao montante de 15,3 milhões de euros, junto da Caixa Geral de Depósitos, para assegurar o financiamento de investimento

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou terça-feira a proposta da câmara de contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até 15,3 milhões de euros, para financiar investimentos no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.

Esta proposta foi submetida a votação nominal entre os 75 deputados municipais, tendo sido aprovada com “11 votos contra, 35 abstenções, 25 votos a favor e seis ausentes da sala”, informou a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Rosário Farmhouse (PS).

Por grupos municipais, os votos contra foram de Chega, PEV, BE, Livre e PAN, as abstenções foram de PS, PCP, Iniciativa Liberal (IL) e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e os votos a favor dos cinco partidos que integraram a coligação “Novos Tempos”, nomeadamente PSD, CDS-PP, MPT, PPM e Aliança.

Em causa está “a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, até ao montante de 15,3 milhões de euros, junto da Caixa Geral de Depósitos”, para assegurar o financiamento de investimento no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), nomeadamente para a obra do Parque Tejo (38 hectares), a ponte ciclo pedonal sobre o rio Trancão (a realizar pela empresa municipal EMEL), o estacionamento e o palco, intervenções que se preveem que fiquem para o futuro da cidade.

Segundo a proposta, os empréstimos não podem “exceder a vida útil do respetivo investimento, nem ultrapassar o prazo de 20 anos, tendo-se obtido informação junto dos promotores das intervenções de que estas têm uma vida útil de 20 anos”.

Na apresentação da proposta aos deputados, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), disse que o município “continua com um rácio de endividamento bastante razoável”, indicando que dentro dos parâmetros legais é de “cerca de 30%” e que tem vindo a ser reduzido ao longo deste mandato, inclusive os números provisórios do fecho de contas de 2022 demonstram que “baixou 22 milhões de euros, cerca de 7,2%”.

Filipe Anacoreta Correia sublinhou que “não é um investimento na JMJ, mas a propósito da JMJ”, reforçando que o evento é uma “oportunidade incrível”, porque propicia um investimento que vai ficar para o futuro, nomeadamente o Parque Tejo, que resulta da reabilitação de um antigo aterro.

O vice-presidente disse ainda que, dos 35 milhões de euros assumidos pelo município para a JMJ, se se retirar as obras que ficam na cidade, será “cerca de 10 milhões de euros o investimento da câmara no evento propriamente dito”.

O Chega criticou a falta de transparência na disponibilização dos projetos e dos cadernos de encargos para a JMJ e ressalvou que o empréstimo custa ao município 6,5 milhões de euros em juros, enquanto o PEV reforçou que o promotor do evento é a Fundação JMJ e apontou o princípio da laicidade do Estado.

Quando se gasta muito dinheiro do erário público com mais incertezas do que certezas, sem planeamento e, sobretudo, sem noção do impacto ambiental que pode vir a ter uma infraestrutura como aquelas, não podemos dar carta branca”, apontou o Livre, referindo-se ao palco-altar no Parque Tejo, preocupação que também foi manifestada pelo PAN sobre o futuro que terão as infraestruturas.

O Livre propôs recomendar à câmara uma utilização sustentável do futuro Parque Urbano Intermunicipal do Tejo-Trancão, inclusive que a possibilidade de realização de grandes eventos fosse sujeita a avaliação ambiental, mas a proposta foi rejeitada, com os votos contra de PSD, IL, PPM, Aliança, CDS-PP e Chega, a abstenção de PCP, PS, PAN e MPT e os votos a favor de BE, Livre, PEV e Cidadãos Por Lisboa.

A abstenção do PS já tinha sido anunciada a semana passada, com os socialistas a questionarem a utilidade e a durabilidade de algumas infraestruturas previstas para o evento, afirmando que a contratação de um empréstimo “é uma opção política clara deste executivo”, que tem o maior orçamento municipal para 2023, com 1,3 mil milhões de euros, além de que tem a maior receita de IMT, que é superior ao IMI.

O PCP voltou a pedir “rigor e transparência” na organização da JMJ e defendeu que os investimentos devem assegurar as condições adequadas a um evento desta dimensão, esperando que “o dinheiro seja usado com bom senso e de forma equilibrada”.

Como explicar que a seis meses do evento se ande a discutir e a rever palcos cujos valores, mais do que magoarem alguns, chocaram um país inteiro?”, questionou a IL, lamentando a falta de informação e o passa culpas entre as entidades envolvidas na organização.

A favor da proposta, o CDS-PP realçou o potencial de benefícios da JMJ e o retorno para a cidade, referindo que, se aquando do anúncio da escolha de Lisboa para acolher o evento tivesse havido uma explicação aos portugueses, “certamente que hoje não se teria metade da incompreensão de alguns”, criticando o coordenador do grupo de projeto José Sá Fernandes por “fugir às responsabilidades”, inclusive porque conhecia os planos do palco-altar.

A JMJ, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas, com a presença do Papa Francisco.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 8 de fevereiro

  • ECO
  • 8 Fevereiro 2023

Ao longo desta quarta-feira, 8 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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UTAP ainda não publicou dados trimestrais sobre as PPP em 2022

Últimos dados conhecidos são de 2021. UTAP, que já foi alvo de avisos da UTAO e Tribunal de Contas sobre a falta de dados, costumava publicar primeiro boletim trimestral ainda no próprio ano.

A Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAP) ainda não publicou informação trimestral sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP) para o ano de 2022, apesar de ter como responsabilidade produzir estes boletins. A entidade, que está sob a tutela do Ministério das Finanças e é responsável pelo acompanhamento global dos processos de PPP, já recebeu alguns avisos sobre a demora na publicação de dados, nomeadamente do Tribunal de Contas e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República.

Os últimos dados disponíveis na página oficial são referentes a 2021, publicados a 20 de setembro de 2022. Depois disso ainda não houve mais nenhuma publicação, não existindo assim informações trimestrais da entidade para o ano de 2022. Habitualmente, os dados sobre o primeiro trimestre são ainda publicados no próprio ano e os restantes no ano seguinte.

As únicas informações avançadas pela entidade são aquelas que constam nas notas técnicas sobre as previsões do Orçamento do Estado. Aquela produzida este ano indica que o Estado deverá ter uma despesa com as PPP de cerca de 1,2 mil milhões de euros em 2023.

Os atrasos na publicação dos dados já têm sido notados por alguns organismos, como é o caso da UTAO. Num relatório divulgado em agosto do ano passado, a UTAO escreve: “A informação relativa a PPP, da responsabilidade da UTAP (Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos), tem sido publicada com muita irregularidade e encontra-se muito atrasada, uma vez que a informação mais recente sobre esta matéria refere-se ao quarto trimestre de 2020, tendo sido publicada em novembro de 2021”.

No mês seguinte, a UTAP publicou o boletim sobre o último trimestre de 2021. Desde aí, não há registo de mais publicações na página oficial.

Entretanto em outubro veio mais um alerta sobre as informações das PPP. O Tribunal de Contas avisou para o “risco material de falta de controlo desse universo pelo Estado”, no parecer sobre a Conta Geral do Estado (CGE), relativo a 2021. Segundo a CGE existiam 39 PPP em 2021 mas só eram consideradas 35, uma discrepância que poderá advir do facto de que existem mais PPP do que aquelas que a UTAP herdou quando foi constituída, como admitiu a própria unidade em resposta ao TdC.

Na altura, a UTAP justificou-se apontando com a falta “de meios humanos e técnicos para assumir e desenvolver esse projeto em toda a sua plenitude e com todas as consequências que daí possam advir”. Perante estas informações, o TdC concluiu que “a ação da UTAP continua ineficaz e há risco material de falta de controlo desse universo pelo Estado”.

É de salientar ainda que a UTAP esteve até ao final de 2022 com um coordenador, Vasco Melo, nomeado em regime de substituição. A nomeação surgiu em maio do ano passado, depois do então coordenador, Miguel Leal de Faria, ter pedido a cessação de funções por ter sido designado para exercer funções de chefe do gabinete da Ministra da Saúde (que entretanto já saiu do cargo). Na altura, o ECO questionou as Finanças sobre um novo coordenador definitivo, ao que responderam que o processo estava em curso.

Segundo o despacho, publicado em Diário da República a 5 de janeiro, foi nomeado um novo coordenador, outra vez em regime de substituição: Manuel Vieira, que estava na UTAP desde 2016 enquanto consultor jurídico. Passou também pela SRS advogados e foi secretário da comissão de direito administrativo da Union Internationale des Advocats. Esta atualização na equipa da UTAP não consta ainda da página oficial da unidade.

(Notícia atualizada às 9h55 com informação sobre o coordenador)

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que arranca uma nova greve na CP e Portugal volta ao mercado para procurar financiamento de 1.000 milhões, António Costa prepara-se em Lisboa para o embate europeu sobre as ajudas de Estado.

A proposta da Comissão Europeia que abre a porta às ajudas de Estado como forma de acelerar o financiamento de investimentos sustentáveis vai passar esta quarta-feira pela Assembleia da República, na véspera de ser discutida em Bruxelas. O dia começa, no entanto, com uma nova greve na CP, sem serviços mínimos, e com um novo leilão de Obrigações do Tesouro.

Costa prepara resposta a Bruxelas

Na véspera da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, António Costa vai à Assembleia da República para um debate preparatório, às 15h. O tema em destaque é a proposta da Comissão Europeia para transformar o quadro temporário de crise para os auxílios estatais num quadro temporário de crise e transição, que abre a porta às ajudas de Estado como forma de acelerar o financiamento de investimentos sustentáveis.

Estado procura financiamento de 1.000 milhões

A Agência de Gestão da Tesouraria e Dívida Pública (IGCP) vai realizar esta quarta-feira um novo leilão de Obrigações do Tesouro (OT). O montante indicativo global deste que é o primeiro leilão de OT do ano situa-se entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros, com maturidades a nove anos (em julho de 2032).

Emprego e construção no “menu” do INE

A subida da taxa de desemprego e do número de inscritos nos centros do IEFP, onde estão a chegar menos ofertas de trabalho, está a preocupar os empresários, que já temem que este “volte a ser um problema sério”. Esta quarta-feira de manhã, o INE vai divulgar novas estatísticas do emprego, relativas ao quarto trimestre de 2022. Além disso, publica o índice de Custos de Construção de Habitação Nova, referente ao último mês do ano passado.

Começa a greve de maquinistas da CP

Arranca esta quarta-feira a greve convocada pelos Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), a que se juntam outras organizações sindicais (SNTSF e SFRCI), com a CP a prever “fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as 00h00 do dia 8 de fevereiro de 2023 e as 24h00 do dia 21 de fevereiro de 2023”. O Tribunal Arbitral não decretou serviços mínimos.

O que nos dizem os Censos sobre Habitação?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) prossegue o ciclo de apresentações de estudos subordinados ao tema ‘O que nos dizem os Censos’, nos quais são aprofundadas algumas das dimensões censitárias mais relevantes. O quarto destes estudos é dedicado à habitação e vai ser apresentado esta manhã, a partir das 11h, sendo seguido por um debate com especialistas neste tema.

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Invista como três dos maiores gurus da bolsa

Um cabaz de 15 ações com carimbo de qualidade dos ensinamento de Benjamin Graham, Peter Lynch e Warren Buffett.

Benjamin Graham, Peter Lynch e Warren Buffett são nomes que fizeram fortuna comprando e vendendo ações na bolsa. Durante anos, os fundos e as carteiras de investimento que tiveram o seu cunho contabilizaram ganhos largamente superiores ao oferecido pelo mercado, catapultando os seus nomes para o passeio da fama de Wall Street.

Warren Buffett, por exemplo, atualmente com 92 anos de idade e ainda no ativo à frente da Berkshire Hathaway com o sócio de longa data (e sete anos mais velho) Charlie Munger, conta com uma rendibilidade média anual verdadeiramente hercúlea de 20% desde 1965, o dobro do desempenho do principal índice norte-americano (S&P 500).

O reconhecimento do Oráculo de Omaha é de tal forma planetário que, todos os anos, desconhecidos de todo o mundo estão dispostos a pagar milhões de euros para partilharem um almoço com o homem que dizem ser o maior investidor de todos os tempos, na esperança de receberam aquela dica de investimento que os levará à glória — no ano passado, alguém pagou mais de 18 milhões de euros pela refeição.

Todos estes grandes nomes de Wall Street conseguiram o feito de terem começado ou aprofundado uma estratégia de investimento que passou a ser utilizada por milhões de outros investidores. Mas tal como sucede com as receitas dos pratos dos grandes chefes de cozinha, também no mundo dos mercados nunca se chega a conhecer a “receita” completa. Fica sempre a faltar o segredo que, em muitas situações, acaba por fazer toda a diferença.

Mas no caso destes três magos da bolsa, as suas estratégias já foram alvo de várias teses académicas e debatidas em livros que eles mesmo publicaram onde revelam um pouco da sua arte, permitindo com isso chegar a algumas conclusões sobre a matriz de cada uma das estratégias.

Foi socorrendo-se destes elementos que partimos à “pesca” de ações pelas principais praças mundiais que pudessem enquadrar-se em cada uma das políticas de investimento de Benjamin Graham, Peter Lynch e Warren Buffett. Encontrámos cinco com o carimbo de cada guru.

Benjamin GrahamBenjamin Graham
O grande investidor

Amplamente reconhecido como o pai da análise de ações de uma forma rigorosa e objetiva, Benjamin Graham foi mais do que um grande investidor. Foi o primeiro “superinvestidor” da bolsa e um autêntico génio que teve em Warren Buffett o seu aluno prodígio e, mais tarde, seu aprendiz e grande seguidor da sua “escola”.

Graham argumentava que os investidores devem comprar ações que estão significativamente subavaliadas em relação ao seu valor intrínseco, que é medido principalmente tendo em conta o potencial de ganhos futuros da empresa, mas nunca esquecendo o princípio de que “uma ação só está verdadeiramente em saldo quando está a cotar a pelo menos 50% abaixo o seu valor real.”

No seu livro The Intelligent Investor, editado pela primeira vez em 1973 e considerado por muitos como a bíblia da estratégia do investimento de valor, Graham recomenda ações de empresas de grande capitalização, com uma estrutura de financiamento conservadora e com um longo histórico de pagamento de dividendos contínuos.

Graham adverte ainda os investidores para terem algumas reservas quanto às ações que estejam a transacionar a um preço superior a 25 vezes os lucros anuais gerados por ação nos últimos sete anos ou mais de 20 vezes os lucros gerados por ação nos últimos 12 meses. Graham considerava que os investidores que seguirem estes conselhos poderão contar com uma “margem de segurança de valor inestimável” nas suas apostas de investimento.

Benjamin Graham

Peter LynchPeter Lynch
Camaleão de Wall Street

Atualmente a desempenhar funções como consultor na Fidelity Investment, Peter Lynch tornou-se lendário em Wall Street por ter levado o fundo Fidelity Magellan a uma rendibilidade acumulada de 2.510% de 1977 a 1990, batendo o índice norte-americano que agrega as 500 maiores empresas norte-americanas (S&P 500) em 11 desses 13 anos.

No seu livro “One Up On Wall Street“, publicado em 1989, Lynch descreve um conjunto de estratégias que os investidores individuais podem recorrer para replicarem o seu sucesso. Porém, o “camaleão, como também ficou conhecido por ter tido a destreza de se adaptar aos vários estilos de investimento que vingavam ano após ano, defende que os investidores só devem “investir naquilo que conhecem”.

No “menu” de características que Lynch enumera como bases para uma ordem de compra estão empresas com poucas dívidas, que revelem um crescimento dos lucros entre 20% a 50% ao ano e apresentem um rácio preço/lucros por ação (PER) abaixo da taxa de crescimento dos lucros da empresa. Além disso, Lynch procura empresas com uma elevada taxa de dividendos e que apresentem um nível de vendas superiores a mil milhões de dólaresLynch empresas

Warren BuffettWarren Buffett
Oráculo de Omaha

Warren Buffett construiu a reputação de maior investidor do mundo tomando como referência o investimento de longo prazo, comprando ações de qualidade e com um bom potencial de lucros. Para Buffett, as empresas que compra devem apresentar, entre outras características, um retorno de capitais próprios superior a 15%, uma margem líquida para os próximos 12 meses de pelo menos 15% e os lucros da companhia deverão totalizar uma cifra superior a 50 milhões de dólares.

Foi seguindo essa estratégia que o Oráculo de Omaha, como também é conhecido em homenagem à sua terra Natal, de 1965 a 2021 elevou as ações da Berkshire Hathaway para uma valorização média anual de 20%, mais do dobro do desempenho alcançado pelo índice norte-americano S&P 500.

Esta proeza tem-lhe valido regularmente um lugar entre as dez pessoas mais ricas do mundo da revista Forbes, mas sobretudo a admiração de muita gente. Na carta anual da Berkshire Hathaway de 2009, Warren Buffett e Charlie Munger, presidente e vice-presidente, respetivamente, levantaram um pouco mais do véu da estratégia de investimento que desenvolvem há décadas, com o pormenor de evidenciarem não o que fazem mas o que nunca fazem.

Segundo Buffett, “evitamos negócios que não conseguimos avaliar o seu futuro, por mais emocionante que sejam os seus produtos” e “não fazemos qualquer tentativa para conquistar Wall Street. Os investidores que compram e vendem ações com base nas notícias ou nos comentários dos analistas, não são para nós”, por exemplo.Buffett empresas

(Conteúdo integrante da edição de 6 de fevereiro da newsletter de finanças pessoais do ECO, Portefólio Perfeito, que pode subscrever neste link.)

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Quanto ‘custaram’ os novos airbus à TAP? 444 milhões

David Neeleman negociou com a Airbus o cancelamento de um contrato para 12 aviões A350 e a compra de 53 novas aeronaves. Airborne Capital aponta para um valor até 444 milhões de dólares.

Quando entrou no capital da TAP, David Neeleman já levava na bagagem um acordo com a Airbus para desistir de uma encomenda de 12 aeronaves A350 e comprar 53 novos aviões de vários modelos. De acordo com uma análise da Airborne Capital, a companhia aérea portuguesa terá sido lesada nas duas operações, num montante estimado de 444 milhões de dólares. E são estes indícios que levaram o Ministério Público a abrir um inquérito.

Logo após a Atlantic Gateway ter sido selecionada para a privatização e 61% da TAP, em junho de 2015, David Neeleman assinou um memorando de entendimento com a Airbus. Segundo uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) a que o ECO teve acesso, o fabricante de aviões entregou 226,75 milhões de dólares a uma sociedade do empresário de nacionalidade americana e brasileira, que depois passou à Atlantic Gateway de Neeleman e Humberto Pedrosa. Terá sido este o dinheiro usado por esta última para a injeção de capital que garantiu a privatização.

O benefício para a Airbus terá sido o acordo celebrado primeiro com a DGN (acionista da Atlantic Gateway) de David Neeleman e depois com a própria TAP SGPS para desistir do leasing de 12 aeronaves A350 e a assinatura de um novo contrato para adquirir 53 novos aviões — 15 A320 Neo, 25 A321 Neo e 14 A330-900 Neo. Quando no ano passado tentou renegociar o contrato com a Airbus, a TAP apercebeu-se que estava a pagar mais do que a concorrência. Foi aí que pediu uma avaliação à Airborne Capital, especialista em leasing de aviões.

A consultora irlandesa estima que a TAP estará a pagar cerca de 254 milhões de dólares acima do valor de mercado no leasing dos novos aviões, segundo a análise a que o ECO teve acesso. O “prémio” que a companhia aérea está a pagar situa-se entre os 20% e os 28% face ao cobrado a outras companhias aéreas, quando comparado com os preços mais baixos, e entre 3% a 13% quando comparado com os preços mais altos. A Airborne Capital comparou os valores cobrados à TAP com os de outras dez encomendas do mesmo tipo de aviões.

A consultora contesta também os valores de mercado que foram apresentados para comparação à altura, desde logo por considerarem a entrega das aeronaves em 2015, quando as primeiras entregas ocorreram entre 2016 e 2018. De acordo com o calendário previsto, a transportadora aérea tem ainda a receber 14 aviões, seis este ano, quatro em 2024 e mais quatro em 2025.

A Airbus terá também beneficiado, e a TAP perdido, com o cancelamento dos 12 aviões A350. Segundo a Airborne, assumindo que as aeronaves seriam entregues entre 2017 e 2022, a companhia portuguesa teria pago menos 190 milhões de dólares do que o preço estimado de mercado. Já a Airbus, que teve de alterar o desenho do avião, teria sido incapaz de cumprir as datas de entrega e incorria em perdas. Com a desistência, pode vendê-los mais caros. Somando o que a transportadora portuguesa teria poupado nos A350 com o que alegadamente estará a pagar a mais pelos novos aviões, chega-se a um montante de 444 milhões.

A TAP está ainda limitada na possibilidade de renegociar o contrato com a Airbus, uma vez que contém uma disposição que a amarra à compra das 53 aeronaves. A cláusula 2 prevê o pagamento pela companhia aérea portuguesa de novation fees, na prática uma penalidade que terá de ser paga caso a TAP não receba um ou mais aviões ou resolva o respetivo contrato quanto a um ou mais aviões. O valor total desta taxa é de 226.750.002 dólares, mais dois cêntimos do que o valor entregue pela Airbus à DGN de David Neeleman e posteriormente injetado na TAP SGPS. A SLCM considera que existem fortes indícios de potencial violação do direito da concorrência.

O que eu fiz foi ir à Airbus e dizer que não queria os A350, porque não faziam falta à TAP. Mas queria os A330 e os A321 LR (Longo Alcance) porque são mais rentáveis. A TAP pode, com os A321 LR, voar para Toronto, Boston, Nova Iorque e até Chicago, com custos mais baixos”, afirmou David Neeleman numa entrevista à Visão em janeiro de 2016. Uma estratégia que se mantém até hoje. “Eu não tirei nada da TAP. Estou a trazer este valor todo e não posso tirar um cêntimo enquanto a dívida bancária da TAP não estiver toda paga”, acrescentou.

Em outubro, o antigo acionista voltou a negar qualquer irregularidade: “Os novos aviões da TAP foram adquiridos a preço de mercado, como demonstram as várias avaliações independentes apresentadas e confirmadas pelo rigoroso e exaustivo escrutínio político e técnico, típicos e desejáveis quando se trata de um processo de privatização e de um processo de reorganização acionista com o Estado Português”, sublinha o ex-acionista.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) abriu esta semana um inquérito ao negócio de compra de aviões feito entre a Airbus e David Neeleman e que permitiu ao empresário de nacionalidade americana e brasileira controlar a TAP.

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Como Neeleman controlou a TAP com dinheiro da própria companhia

Análise legal sustenta que Neeleman garantiu 61% da TAP com dinheiro cedido pela Airbus a troco da compra de aviões e pago posteriormente pela própria companhia. Ministério Público abriu inquérito.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) abriu esta semana um inquérito ao negócio de compra de aviões feito entre a Airbus e David Neeleman e que permitiu ao empresário de nacionalidade americana e brasileira controlar a TAP. Uma análise legal a que ECO teve acesso, com data de 11 de agosto e entregue ao Governo, mostra como Neeleman terá sido financiado pela própria companhia, o que é proibido por lei, para controlar a TAP e atribuindo um benefício elevado ao fabricante de aeronaves europeu.

A privatização da TAP era uma das promessas do Governo de Passos Coelho, para que pudesse ser capitalizada por privados e não pelo Estado. A auscultação de interessados começou em janeiro de 2015, mas a entrada do novo acionista só seria concretizada dois dias depois do segundo Executivo, saído das legislativas de outubro de 2015, ter sido chumbado pela esquerda no Parlamento, ficando em gestão. Marcaria a concretização do plano que colocou a TAP a disponibilizar os fundos usados para a sua própria (e suposta) capitalização.

A estratégia de David Neeleman foi posta em marcha logo após a Atlantic Gateway, o consórcio criado por David Neeleman e Humberto Pedrosa, dono do Barraqueiro, ter sido selecionada como vencedora da privatização de 61% do capital da TAP, a 12 de junho de 2015. Segundo a cronologia que consta de uma análise legal preparada para a TAP em agosto de 2022 pela Serra Lopes, Cortes Martins & Associados, a DGN, uma sociedade liderada por David Neeleman, assinou quatro dias depois um memorando de entendimento com a Airbus, que tem como maiores acionistas individuais os Estados francês, alemão e espanhol, com 25,9% do capital. Para selar o compromisso, pagou quatro milhões de dólares em comissões ao fabricante de aeronaves.

O entendimento consistia em a TAP desistir do contrato com a Airbus para o leasing de 12 aviões A350 e a celebração de um novo para a aquisição de 53 aeronaves — 15 A320 Neo, 25 A321 Neo e 14 A330-900 Neo — com amplo benefício para a Airbus. De acordo com uma apresentação da Atlantic Gateway citada na nota legal, com data de 11 de agosto, a Airbus iria providenciar créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares, para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway. O exato valor da maior tranche de suprimentos que seriam mais tarde colocados na companhia aérea.

É a própria DGN que celebra, a 12 de novembro, o acordo para a compra dos 53 aviões à Airbus. No mesmo dia, o Conselho de Ministros aprova a privatização da TAP SGPS e 61% do capital é transmitido para a Atlantic Gateway. Humberto Pedrosa é eleito presidente do conselho de administração e David Neeleman como vogal. O CEO, Fernando Pinto, mantém-se. A estrutura é replicada na TAP SA, que detém a companhia aérea. Da parte do Governo, a privatização foi conduzida pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Sérgio Monteiro, que já não estava no Executivo quando foi concluída.

A Atlantic Gateway fica obrigada a entregar prestações acessórias de 226,75 milhões de dólares (a mesma divisa do acordo entre a Airbus e a DGN) e 15 milhões de euros para capitalizar a transportadora aérea portuguesa, que na resolução de Conselho de Ministros realça que “a entrada imediata de fundos na companhia, constitui uma necessidade urgente, imperiosa e inadiável”. Os 15 milhões entram de imediato na TAP SGPS e mais 115 milhões de dólares no prazo de cinco dias.

A operação prossegue no dia 13 de novembro. O conselho fiscal da TAP dá um parecer favorável à compra dos 53 novos aviões e o conselho de administração aprova quer a compra dos Neo, quer a desistência dos 12 A350 XWB-900. Ainda no mesmo dia, a DGN, enquanto adquirente original, a TAP, enquanto novo comprador, e a Airbus celebram os novos contratos. A DGN fica liberta de quaisquer obrigações.

TAP ficou presa à Airbus, mas contrato pode ser ilegal

Os novos contratos, já com a TAP como comprador, trazem uma disposição que a amarra à compra das 53 aeronaves. A cláusula 2 prevê o pagamento pela companhia aérea portuguesa de novation fees, na prática uma penalidade que terá de ser paga caso a TAP não receba um ou mais aviões ou resolva o respetivo contrato quanto a um ou mais aviões. O valor total desta taxa é de 226.750.002 dólares, mais dois cêntimos do que o valor entregue pela Airbus à DGN de David Neeleman e posteriormente injetado na TAP SGPS.

A sociedade de advogados [hoje integrada na espanhola Cuatrecasas] entende que “o conjunto de operações e transações em causa poderá configurar, materialmente, várias irregularidades e ilegalidades suscetíveis e pôr em causa a validade dos contratos oportunamente celebrados”. Desde logo por configurarem uma situação de assistência financeira, que é proibida pelo artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais, sobre empréstimos e garantias para a aquisição de ações próprias.

"1 – Uma sociedade não pode conceder empréstimos ou por qualquer forma fornecer fundos ou prestar garantias para que um terceiro subscreva ou por outro meio adquira ações representativas do seu capital.
(…)
3 – Os contratos ou actos unilaterais da sociedade que violem o disposto no n.º 1 ou na parte final do n.º 2 são nulos.”

Artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais

A Serra Lopes, Cortes Martins & Associados (SLCM) sustenta que o contrato para a compra dos 53 aviões tem imbuído um negócio de assistência de financiamento. Seja porque as novation fees são mais que meras penalidades por incumprimento contratual, servindo antes “uma função garantística”, assegurando que a Airbus recebe, na íntegra, os fundos que disponibilizou. Seja através do alegado inflacionamento no preço de compra dos aviões, cujo pagamento permitirá à Airbus recuperar o valor inicial.

Por outro lado, as prestações acessórias da Atlantic Gateway, que tinham como objetivo reforçar o capital da TAP SGPS e a sua capacidade económico-financeira, na verdade não foram aportadas à sociedade como investimento estável, a longo prazo e com reembolso incerto (dependente do desempenho da companhia) mas como um investimento de reembolso garantido a curto-médio prazo. Ou seja, foi a própria TAP (e não a Atlantic Gateway ou a Airbus) que suportou o custo da capitalização desvirtuando o propósito da mesma, como observa a sociedade de advogados.

A SLCM conclui que existe uma violação do Artigo 322.º do CSC, donde as prestações acessórias da David Neeleman poderão ser consideradas nulas, bem como a própria privatização à Atlantic Gateway — o primeiro ponto do caderno de encargos prevê, justamente, o reforço do capital. O que pode contaminar também os contratos celebrados pela TAP com a Airbus.

Possível violação do direito da concorrência

A sociedade de advogados considera ainda que existem fortes indícios de potencial violação do direito da concorrência pela DGN e a Airbus, assumindo que esta tem uma posição dominante, tendo conseguido a desresponsabilização na entrega dos aviões A350, cessando um contrato que permitia à TAP comprar os aviões com um preço muito inferior ao do mercado. O mesmo acontece com a imposição de penalidades e a venda dos 53 aviões, alegadamente por um preço superior ao do mercado, que a companhia ainda está a pagar. De acordo com uma análise da consultora Airborne, a TAP terá sido prejudicada numa soma estimada em 444 milhões.

Todos estes indícios foram remetidos pelo Governo ao Ministério Público, como revelou o anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, numa audição parlamentar. O antigo governante afirmou que a TAP “suspeitou que estaria a pagar mais pelos aviões do que os concorrentes”, tendo pedido uma auditoria. “Perante as dúvidas da auditoria, enviámos para o Ministério Público”, disse em outubro do ano passado.

O semanário Sol já tinha avançado em junho de 2019 que o empresário teria recebido dinheiro da Airbus pelo negócio dos aviões, que usou para entrar no capital da TAP, embora sem os detalhes agora revelados pelo ECO e sob investigação pelo Ministério Público. O empresário brasileiro abordou, na altura, o negócio numa entrevista à revista Visão. “O que eu fiz foi ir à Airbus e dizer que não queria os A350, porque não faziam falta à TAP. Mas queria os A330 e os A321 LR (Longo Alcance) porque são mais rentáveis. A TAP pode, com os A321 LR, voar para Toronto, Boston, Nova Iorque e até Chicago, com custos mais baixos”, afirmou David Neeleman. Uma estratégia que se mantém até hoje. “Eu não tirei nada da TAP. Estou a trazer este valor todo e não posso tirar um cêntimo enquanto a dívida bancária da TAP não estiver toda paga”, acrescentou.

Em outubro, o antigo acionista voltou a negar qualquer irregularidade: “Os novos aviões da TAP foram adquiridos a preço de mercado, como demonstram as várias avaliações independentes apresentadas e confirmadas pelo rigoroso e exaustivo escrutínio político e técnico, típicos e desejáveis quando se trata de um processo de privatização e de um processo de reorganização acionista com o Estado Português”, sublinha o ex-acionista.

David Neeleman acrescentou que toda a estrutura contratual relativa à compra dos novos aviões entre a Airbus, Atlantic Gateway e TAP, bem como todos os passos necessários, “foram dados a conhecer aos intervenientes e decisores relevantes, em momento anterior à privatização e no momento da reorganização acionista e foram, como tinha de ser, objeto de análise posterior pelo Tribunal de Contas”. Os juízes não apontaram irregularidades.

Cabe agora ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal apurar se a legislação foi ou não cumprida e se existem ilícitos criminais.

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