Exclusivo Visabeira e Sodecia juntam-se para ganhar a Efacec
Há seis empresas e fundos com propostas vinculativas para a Efacec, e há pelo menos uma surpresa. A Visabeira e a Sodecia apresentaram uma proposta conjunta pela totalidade da empresa.
Terminou esta segunda-feira às 18h00 o prazo para as empresas interessadas na reprivatização da Efacec entregarem as suas propostas vinculativas, há seis candidatos e há pelo menos um consórcio que se formou já depois de apresentadas as primeiras manifestações de intenção. Duas fontes conhecedores do concurso revelaram ao ECO que as empresas industriais Visabeira e Sodecia decidiram apresentar uma proposta em consórcio pela totalidade da companhia, um fator preferencial para o Governo nesta negociação.
A Parpública já confirmou oficialmente que, “no âmbito do Processo de Reprivatização de 71,73% do capital social da Efacec Power Solutions (…) recebeu, no prazo estabelecido, seis propostas vinculativas por parte de três entidades nacionais e três estrangeiras“, lê-se no comunicado enviado às redações. E que, nos próximos dez dias, vai avaliar das referidas propostas.
Na fase das propostas não vinculativas, apresentaram-se nove candidatos, entre empresas portuguesas e estrangeiras e fundos de private equity também de capital internacional, mais tarde, dois desistiram e sete foram convidados a apresentar propostas vinculativos, mas a situação de degradação crescente das contas da Efacec suscitava, no mínimo, dúvidas, nesta terceira tentativa de venda. Os prejuízos operacionais agravaram-se, a dívida aumentou e o Estado, depois de ter uma exposição de 165 milhões de euros à Efacec, está a pôr cerca de dez milhões de euros por mês para suportar a tesouraria e, particularmente, o pagamento de salários da empresa.
Não são conhecidos os pormenores da oferta conjunta da Visabeira e Sodecia, mas as propostas não vinculativas apresentadas na primeira fase apontavam, ambas, para um processo de reestruturação e capitalização financeira a realizar pelo Estado, e para perdão de dívida dos bancos. De acordo com as contas, ainda provisórias, relativas a 2022, a Efacec fechou mesmo o ano com um prejuízo operacional superior a 105 milhões de euros e, beneficiando de um mecanismo contabilístico relativo a imposto sobre o rendimento (diferido), o prejuízo líquido consolidado terá sido de cerca de 60 milhões de euros. Pior, o volume de negócios da Efacec passou de 224 milhões de euros em 2021 para 154 milhões em 2022. Está, por isso, em situação de falência técnica, com capitais próprios negativos, e a dívida já supera os 250 milhões de euros.
Além deste consórcio, terão apresentado propostas vinculativas, mas com condições, a Mota-Engil e o fundo Oxi Capital, enquanto as entidades estrangeiras citadas serão o fundo Mutaris, a Oaktree e um candidato chinês.
A reprivatização está a ser conduzida pela Parpública, que depende diretamente do Ministério das Finanças, mas há poucos dias o ministro da Economia afirmava que a Efacec “é uma empresa tecnológica, líder nos transformadores, na energia e na mobilidade elétrica”. E a proposta conjunta da Visabeira e Sodécia, cujos números não foi possível apurar, resultará precisamente do interesse complementar de cada uma delas em diferentes áreas de negócio.
O ministro da Economia considera que o “maior erro” num processo deste tipo “é deixar que haja apenas uma empresa que pense que vai ser ela que vai ter o objetivo final”. Algo que aconteceu na anterior tentativa de privatizar a Efacec, com a DST.
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