Membro do BCE defende aumentos menores das taxas de juro
Fabio Panetta afirmou em Londres que o BCE deve "calibrar a política monetária" e fazer aumentos menores das taxas de juro à medida que a inflação na Zona Euro alivia.
Fabio Panetta, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, afirmou esta quinta-feira em Londres que o BCE deve “calibrar a política monetária” e fazer aumentos menores das taxas de juro à medida que a inflação na Zona Euro abranda.
O economista avisou que, embora existam sinais de redução dos preços da energia e produtos alimentares e alívio dos problemas com as redes de abastecimento mundial, vai demorar até se refletirem no consumidor.
Panetta lembrou que continua a existir uma incerteza económica e geopolítica a nível mundial, e que é difícil perceber o impacto real do aumento das taxas de juro nos últimos meses em simultâneo pelos principais bancos centrais mundiais.
“O BCE não deve comprometer-se incondicionalmente com futuras decisões” sobre a política monetária, defendeu, propondo em vez disso “calibrar a política monetária de uma forma que seja dependente dos dados, virada para o futuro e adaptável a desenvolvimentos em evolução”.
Num evento organizado pelo centro de estudos britânico Centre for European Reform, Panetta alertou para o risco de o BCE “apertar demasiado” as taxas de juro e desencadear uma recessão em grande escala.
“Ao suavizar os aumentos das nossas taxas de política – ou seja, movendo-nos em pequenos passos – podemos assegurar que calibramos ambos os elementos com maior precisão à luz da informação recebida e da nossa função de reação”, argumentou.
Panetta salientou que não significa que o BCE não está determinado em combater a inflação, mas deve certificar-se de que vai na “direção certa”. “Enfrentamos tanta incerteza em ambas as direções que eu consideraria imprudente avançar e avançar muito rapidamente sem ter a certeza de que se está a avançar na direção certa”, explicou.
O BCE indicou a intenção de subir as taxas de juro diretoras em 50 pontos base novamente na reunião de março devido ao aumento da inflação na Zona Euro, exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
Na última reunião de política monetária, em 2 de fevereiro, o BCE voltou a subir em 50 pontos base as taxas de juro diretoras, colocando a taxa de juro das principais operações de refinanciamento em 3%.
O acréscimo foi igual ao efetuado em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respetivamente em 27 de outubro e em 8 de setembro.
Em 21 de julho, o BCE tinha aumentado pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras. Em janeiro, a inflação recuou pelo terceiro mês consecutivo na zona euro, ficando em 8,5%, o que se deve essencialmente à diminuição dos preços da energia. Mas a melhoria é relativa, dado que a inflação subjacente, que exclui os preços da energia e dos alimentos, se mantém em 5,2%.
A Comissão Europeia reviu em ligeira baixa as projeções da inflação na Europa para 2023, estimando que, ultrapassado o ‘pico’ do aumento dos preços, a taxa se fixe nos 5,6% na zona euro (2,5% em 2024) e nos 6,4% na União Europeia.
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