Chefes do serviço de urgência do Hospital de Loures apresentam demissão
A equipa justifica a demissão com o comprometimento da "missão e a qualidade assistencial, bem como a segurança dos doentes e profissionais".
Onze chefes do serviço de Urgência Geral do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, apresentaram a demissão, avança a CNN. A equipa justifica a demissão com o comprometimento da “missão e a qualidade assistencial, bem como a segurança dos doentes e profissionais”.
Na carta enviada à administração do Hospital Beatriz Ângelo, a equipa sinaliza ainda que a unidade hospitalar “vive os piores momentos da sua história e vê-se a não cumprir o seu maior objetivo”, que é “a prestação de cuidados de excelência ao doente”.
“Os médicos desta casa (os que vão ficando) têm feito diversos apelos às suas chefias denunciando a situação grave, perigosa e desumana que vivemos hoje em dia”, referem os diretores na carta assinada a 26 de fevereiro.
“Os últimos meses têm sido marcados pela saída recorrente de especialistas do Serviço de Medicina Interna do Internamento e da Equipa Dedicada do Serviço de Urgência Geral”, referem na carta de demissão, onde sublinham que esta redução não tem sido acompanhada por uma diminuição de doentes.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cinha, sublinhou que as equipas de urgência estão “depauperadas”. “No sábado passado estava apenas um especialista para uma urgência onde se encontravam 110 doentes que não podem ir para casa”.
“Soubemos hoje [quarta-feira, 1 de março] que 11 chefes de equipa da Urgência apresentaram a sua demissão e perante isto é essencial que o senhor ministro crie condições para que os médicos fiquem no SNS em vez de andar a fazer declarações politicas de amor ao SNS”, criticou Roque da Cunha.
Face à demissão dos chefes de urgência geral do Hospital Beatriz Ângelo, o presidente da Câmara de Loures defende mudanças na gestão deste hospital, que passem por um novo conselho de administração ou, eventualmente, pelo regresso da parceria público-privada (PPP). “Essa reserva ideológica, sobre se deve ser privada ou pública, a mim não me interessa. Tem é que se prestar serviços, dentro do Serviço Nacional de Saúde, à população do concelho de Loures”, afirmou o autarca socialista, em declarações à rádio Observador. A parceria no Hospital Beatriz Ângelo, entre o Estado e a Luz Saúde, começou a 19 de janeiro de 2012 e produziu efeitos até janeiro do ano passado.
A demissão em bloco surge depois de, na terça-feira, o ministro da Saúde ter confirmado que a urgência pediátrica deste hospital vai estar encerrada à noite a partir desta quarta-feira, entre as 21h e as 9h, e que o plano para o funcionamento das urgências de pediatria na Área Metropolitana de Lisboa será anunciado na próxima semana. “É verdade que, no caso do Hospital de Loures, o encerramento de uma parte dos serviços vai ocorrer mais cedo, apenas porque não há disponibilidade de profissionais”, admitiu Manuel Pizarro, no final de uma visita ao serviço de urgência do Hospital Fernando Fonseca, na Amadora.
(Notícia atualizada às 14h50 com as declarações do presidente da Câmara de Loures)
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