Álvaro Santos Pereira sugere medidas alternativas à rápida subida dos juros
Álvaro Santos Pereira e Joseph Stiglitz defendem medidas para impulsionar a economia, como a aposta em benefícios nas creches e no comércio internacional. Conheça os argumentos dos economistas.
Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia de Passos Coelho e atual economista chefe da OCDE, admite que era necessária a normalização das taxas de juro, mas defende que uma subida rápida, como a que se verificou, tem consequências. Pelo que há várias políticas alternativas para as quais se devia olhar, que impulsionariam a economia.
O responsável reitera que “não há dúvida” de que a inflação começou pela oferta, sendo que já há alguns países em que as componentes de procura estão a começar a ser relevantes também, como o Reino Unido. Mesmo assim, como salienta também o Prémio Nobel Joseph Stiglitz, num debate organizado pela OCDE, a subida de juros não é a resposta mais eficaz a uma subida de preços resultante de um choque na oferta, e não na procura.
Para Stiglitz, “subir taxas de juro provavelmente será contraprodutivo”, alertando que a ação dos bancos centrais “pode ter feito pior”. “O processo de desinflação pode ser lento e o custo de chegar lá pode ser alto, como é exemplo o que está a acontecer ao SVB“, o banco norte-americano que colapsou esta semana, argumenta.
Entre as alternativas defendidas pelo professor da Columbia University encontram-se políticas para aumentar a energia verde, mais barata, bem como a produção de alimentos. Na perspetiva de aumentar a oferta de trabalhadores, o economista sugere melhores ofertas de cuidados para as crianças e políticas para as famílias, assim como uma reforma na imigração.
Medidas deste estilo também são apoiadas por Álvaro Santos Pereira, economista chefe da OCDE, que destaca que no Canadá o Governo está a trabalhar para baixar os custos com crianças, nomeadamente com as creches. Algo que diz ser “muito importante porque permite aos pais voltar ao trabalho”.
Além disso, “manter os mercados abertos vai ser muito importante”, salienta, já que o comércio internacional é uma das medidas que impulsiona a economia. “Houve um aumento no protecionismo e é algo que nos preocupa, porque o impacto de voltar a restrições vai ter efeitos em toda a gente”, alerta.
Stiglitz salienta, por outro lado, que “na Europa há necessidade de rever políticas para os preços da energia“, melhorando o modelo, à semelhança do mecanismo ibérico. Devem também avançar medidas de proteção que podem ser financiadas pelo windfall tax, a taxa sobre lucros extraordinários que já avançou em vários países.
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