Redução dos preços nos supermercados “só se vai sentir nos próximos meses”
O diretor-geral da Associação Portuguesa de Distribuição (APED) refere que "só agora os preços vão ser renegociados", avisando que um ajuste nos valores dos produtos alimentares não será imediato.
A redução dos preços dos alimentos nos supermercados só se vai fazer sentir “nos próximos meses”, tendo em conta que “só agora vão ser renegociados”, avisa o diretor-geral da Associação Portuguesa de Distribuição (APED).
Gonçalo Lobo Xavier elogiou as mais recentes declarações do ministro da Economia, António Costa Silva, rejeitando a ideia de fixar preços. Em declarações à SIC Notícias, o porta-voz das retalhistas defendeu que a autorregulação “é o melhor instrumento que temos” para reduzir os valores dos alimentos nos supermercados e hipermercados.
“As declarações [de Costa Silva] só pecam por tardias porque o ministro vem aceitar um dado objetivo. Os preços têm vindo a aumentar na cadeia de distribuição por uma razão objetiva: durante um ano os produtos aumentaram ao produtor agrícola 35,9%, na indústria alimentar 31,7% e nos retalhistas aumentou 19,9%”, contabilizou.
Portanto, sublinha o diretor-geral da associação que representa marcas como o Continente ou o Pingo Doce, “subiram menos os preços, em relação ao que os fornecedores aumentaram”. “Isto não é nenhum passa culpas, é a realidade”, rematou Gonçalo Lobo Xavier.
Uma semana depois da polémica conferência de imprensa em que o ministro aludiu a um “comportamento completamente dissonante” das retalhistas, a APED diz que, desta vez, António Costa Silva “veio colocar a questão de forma séria”, estando “certo” ao defender que a concorrência “é benéfica para os consumidores”.
Até porque, completa Gonçalo Lobo Xavier, é a livre concorrência entre as empresas do setor que “vai permitir que haja preços mais baixos — porque nenhuma empresa quer perder clientes” para concorrentes que pratiquem valores inferiores. Neste cenário, a fixação de preços é “uma contradição dos termos” porque “se há setor concorrencial em Portugal é o da distribuição alimentar”.
Ninguém está a ganhar dinheiro. Todos estamos a sentir pressão na cadeia de valor, que é sentida de igual forma. Não há ninguém contente com o aumento dos preços.
Questionado ainda sobre o aumento expressivo registado nos produtos alimentares em Portugal, o dirigente da APED garantiu ainda que “ninguém está a ganhar dinheiro”. “Todos estamos a sentir pressão na cadeia de valor, que é sentida de igual forma. Não há ninguém contente com o aumento dos preços”, rematou Gonçalo Lobo Xavier.
Estas declarações surgem um dia depois de a CEO da Sonae, que detém os supermercados Continente, vir alertar que “tentar fixar preços é querer prateleiras vazias”. Cláudia Azevedo contrapôs, na conferência de imprensa para a apresentação dos resultados de 2022, que devia antes haver apoios aos produtores para enfrentarem aumentos de preços e ajudas para subir os rendimentos das famílias, que estão a comprar menos e bens de menor valor.
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