Economia surpreende com crescimento em cadeia de 1,6% no primeiro trimestre
Contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB manteve-se positivo, mas inferior ao observado no trimestre precedente, em resultado da desaceleração do consumo privado e investimento.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,6% nos três primeiros meses do ano face ao último trimestre de 2022. Já na comparação homóloga, a economia portuguesa cresceu 2,5%, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira. As exportações explicam o bom desempenho.
“O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB manteve-se positivo no primeiro trimestre, mas inferior ao observado no trimestre precedente, em resultado da desaceleração do consumo privado e da redução do investimento, determinada por um contributo negativo da variação de existências, verificando-se uma aceleração das exportações de bens e serviços e um abrandamento das importações de bens e serviços. Em consequência, o contributo positivo da procura externa líquida foi superior ao do trimestre anterior”, avança o INE.
O ministro das Finanças tinha antecipado uma progressão económica em cadeia de 0,6%. Já as estimativas dos economistas oscilavam entre 1,2% e 0,2%, tal como o ECO antecipou esta sexta-feira. No quarto trimestre de 2022, a economia cresceu 0,3% face ao trimestre anterior e 3,2% em termos homólogos, o que colocou a evolução do PIB em 6,7%, ou seja, menos uma décima face às estimativas do Executivo.
A estimativa rápida do INE revela assim um desempenho da economia superior às estimativas mais positivas e são as exportações as responsáveis por esta surpresa. “Comparando com o quarto trimestre de 2022, o PIB aumentou 1,6% em volume (crescimento em cadeia de 0,3% no trimestre anterior), refletindo o contributo positivo expressivo da procura externa líquida (que tinha sido negativo no quarto trimestre), em larga medida resultante do dinamismo das exportações, enquanto o contributo da procura interna passou a negativo”, precisa o INE, na estimativa rápida que ainda poderá ser alvo de alguma revisão ao incorporar mais dados económicos. Este cálculo do PIB é feito com base nos dados disponíveis 30 dias depois de terminar o primeiro trimestre.
Como no primeiro trimestre se registou “um abrandamento significativo do deflator das importações em termos homólogos, mais intenso que o do deflator das exportações”, houve “ganhos dos termos de troca, o que não acontecia desde o primeiro trimestre de 2021“, acrescenta ainda o INE.
Os economistas já apontavam para o bom desempenho das exportações nos três primeiros meses do ano, já que beneficiaram da redução dos preços das matérias-primas e da melhoria da procura externa, “num quadro de dissipação dos receios de uma crise energética nas principais economias da área do euro, que condicionaram o desempenho da atividade exportadora nos últimos meses de 2022”, como escreveu a economista Márcia Rodrigues, da área de estudos económicos do Millennium bcp, na sua nota de conjuntura. Já “a manutenção de níveis de crescimento robustos do turismo deverá ter contribuído para suportar o bom desempenho das exportações de serviços”, acrescentou.
Também António Ascensão Costa, na síntese de conjuntura do ISEG de abril, antecipava o contributo mais positivo da procura externa líquida, “em particular devido à recuperação da procura turística externa e ao maior crescimento das exportações face às importações”, mas também devido a “um efeito base parcial”. Ascensão Costa, que colocava a hipótese de o PIB crescer em cadeia 1,4% (no extremo superior do intervalo) sublinhava que caso a estimativa se viesse a concretizar, então, Portugal poderá crescer entre 1,5% e 2% este ano.
O ministro da Economia, em declarações à RTP3 defendeu que um crescimento homólogo de 2,5% no primeiro trimestre permitirá que a economia nacional tenha um desempenho idêntico ao do ano passado. “Sou das pessoas que acredita que a performance deste ano será semelhante à do ano passado ou muito próxima”, disse António Costa Silva. Em 2022 Portugal cresceu 6,7%.
(Notícia atualizada às 12h52 com reação do ministro da Economia)
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