Consultora que assessorou Neeleman recebeu 16 milhões da TAP, revela PCP
O PCP revelou na comissão parlamentar de inquérito que a companhia aérea pagou 40 milhões de euros à BCG e à Seabury desde 2015. Esta última foi também assessora de David Neeleman na privatização.
A TAP pagou 16 milhões de euros em consultoria à norte-americana Seabury, que segundo o PCP assessorou David Neeleman na compra de 61% do capital da TAP em novembro de 2015. A revelação foi feita esta quarta-feira pelo deputado Bruno Dias na audição de Hugo Mendes, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP.
A Seabury Capital, um banco de investimento com sede em Nova Iorque, assessorou David Neeleman na reprivatização da TAP em 2016, em que foi vendido 61% do capital à Atlantic Gateway (de Neeleman e Humberto Pedrosa), segundo revelou Bruno Dias, do PCP. Nos anos seguintes, a transportadora pagaria 16 milhões à mesma Seabury por serviços de consultoria.
“O senhor Neeleman fez-nos pagar as assessorias ao negócio de compra da TAP. Tinha nota desta informação?”, perguntou o deputado a Hugo Mendes. O ex-secretário de Estado disse desconhecer, mas assinalou que “é uma prática comum em todas as grandes empresas e em particular nas grandes empresas de aviação em processos densos e complicados, que podem exigir reserva dentro da empresa, a contratação de empresas externas”.
A Seabury também trabalhou com Neeleman na companhia aérea brasileira Azul, de que o empresário americano era acionista. Em 2016, o banco de investimento assessorou a Azul num investimento de 450 milhões da chinesa HNA, que mais tarde entraria também para o capital da Atlantic Gateway, ficando com uma participação indireta da TAP.
“É um total de mais de 16 milhões pagos à consultora do senhor Neeleman”, afirmou Bruno Dias. Juntando os montantes pagos ao Boston Consulting Group, as somas pagas a consultoras chegam aos 40 milhões de euros, disse.
O deputado do PCP anunciou a entrega de um requerimento à TAP para envio de documentação, faturação e correspondência de David Neeleman sobre serviços prestados pela Seabury no processo de reprivatização.
Hugo Santos Mendes foi secretário de Estado das Infraestruturas de Pedro Nuno Santos entre 30 de março de 2022 e 4 de janeiro de 2023. No Executivo anterior, tinha sido Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, também com o ministro das Infraestruturas e Habitação, de quem foi chefe de gabinete entre 2019 e 2020. Licenciado em Sociologia e mestre em Políticas Públicas pelo ISCTE, começou a trabalhar em governos socialistas em 2006, como assessor da Ministra da Educação.
A audição do antigo braço direito de Pedro Nuno Santos é a primeira de uma série de audições de peso esta semana, as últimas da CPI. Amanhã será a vez do antigo ministro das Infraestruturas e na sexta-feira do ministro das Finanças, Fernando Medina.
A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.
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