Famílias poupam menos e rendimento disponível real cai 0,1% no primeiro trimestre

A taxa de poupança das famílias caiu para 5,9% no primeiro trimestre deste ano, devido ao aumento das despesas de consumo final, impactadas pela subida de preços.

A inflação continua a impactar o bolso dos portugueses. O rendimento disponível bruto (RDB) das famílias aumentou 1,9% no primeiro trimestre do ano, face ao trimestre anterior, mas se virmos em termos reais, o valor ajustado à inflação diminuiu 0,1%, revelam os dados divulgados pelo INE esta sexta-feira. Esta evolução dá-se num contexto em que as despesas de consumo aumentam e a poupança cai, sendo que a capacidade de financiamento das famílias recuou.

“O rendimento disponível bruto ajustado das famílias em termos reais, o qual utiliza o índice de preços implícito no consumo final como deflator e constitui um indicador mais adequado num contexto de inflação elevada, diminuiu 0,1% no primeiro trimestre de 2023, após um aumento de 0,8% no trimestre anterior”, explica o INE. No último trimestre do ano, passado as famílias mais carenciadas receberam alguns apoios como a prestação de 125 euros e os pensionistas receberam mais meia pensão. Este ajustamento é feito para incorporar bens e serviços públicos como a comparticipação de medicamentos.

Já a despesa de consumo final “aumentou 2,6% (3,1% no trimestre anterior), determinando a redução da taxa de poupança para 5,9% (6,5% no trimestre anterior), o que conduziu a uma capacidade de financiamento de 0,4% do PIB (0,6% do PIB no trimestre anterior)”, indica o gabinete de estatísticas nacional.

A poupança caiu devido ao aumento de 2,6% do consumo privado (3,1% no trimestre anterior), superior ao crescimento de 1,9% do rendimento disponível bruto. Estes valores são nominais, o que quer dizer que o aumento do consumo se deve à inflação, ou seja, gastou-se mais devido aos preços elevados.

Custo do trabalho sobe 3,9%

No contexto de preços mais elevados e subida de salários para acompanhar a inflação, regista-se um aumento nos custos do trabalho por unidade produzida de 3,9% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Remunerações subiram mais que a produtividade, adianta o INE.

“No ano acabado no primiero trimestre de 2023, os custos do trabalho por unidade produzida aumentaram 3,9% em termos homólogos, que compara com uma taxa de variação de 1,5% no trimestre anterior”, explica o INE, adiantando que este resultado se deveu ao “crescimento de 7,6% da remuneração média, que superou o aumento de 3,6% da produtividade”.

É de salientar que apesar do aumento nominal dos salários, como vimos anteriormente, o rendimento real das famílias não está a aumentar devido ao impacto da inflação. Em maio, a inflação em Portugal situava-se nos 4%.

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