Mais de 90% do crédito concedido às empresas está sob risco climático

O Banco de Portugal revela que a maioria do crédito concedido às empresas apresenta um risco médio, alto e severo a eventos de stress hídrico, térmico e incêndios.

O tecido empresarial tem um longo caminho a percorrer no combate às alterações climáticas. De acordo com dados do Banco de Portugal divulgados esta quinta-feira, “a exposição do setor bancário, avaliada através do crédito às empresas, revela alguma concentração a empresas localizadas em zonas com potencial de materialização do risco físico.”

Os dados apresentados esta quinta-feira no primeiro relatório anual sobre a exposição ao risco climático do setor bancário revelam que mais de 90% do crédito concedido às empresas em 2021 apresentava um risco médio, alto ou severo a eventos de stress hídrico, térmico e incêndios.

Segundo cálculos do Banco de Portugal, esta realidade traduz-se com quase 20% das empresas nacionais a viver uma situação de risco climático. Considerando apenas as empresas mais vulneráveis financeiramente, esse rácio desce para 16,6%.

Todavia, o Banco de Portugal nota que “o impacto dos riscos climáticos é propenso a ser amplificado caso as empresas tenham um maior risco de crédito resultante de vulnerabilidades financeiras, como maior alavancagem ou menor liquidez.”

Mas não se observa uma concentração de empréstimos em empresas com maior risco de crédito nos setores que tenderão a ser negativamente afetados pelo processo de transição climática. “O risco de crédito médio dos setores que tenderão a ser, pela atividade desenvolvida, afetados negativamente pelo processo de transição climática é próximo, mas inferior, ao risco de crédito da carteira de empréstimos às empresas não financeiras”, lê-se no relatório.

O relatório apresentado esta quinta-feira revela ainda “alguma expressão da exposição ao risco de empresas localizadas em áreas suscetíveis à ocorrência de inundações, com 38% do total de crédito às empresas” nestas condições. Além disso, cerca de um quinto do crédito concedido foi concedido a “a empresas localizadas em zonas onde se espera que a variação das temperaturas máximas seja das mais elevadas a nível global.”

As conclusões do banco central tiveram como base a avaliação de 63 mil milhões de euros de empréstimos (cerca de 81% do total de empréstimos às empresas nãos financeiras) e 11 mil milhões de euros de dívida detidos pelo setor bancário concedido a um leque de cerca de 50 mil empresas em 2021.

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