Lucros das seguradoras caíram 15% em 2022, com exceção da Gamalife
As operações italianas da GamaLife disfarçaram uma queda conjunta de 15% nos lucros das outras 36 seguradoras fiscalizadas pela ASF. Veja a lista das mais rentáveis.
As seguradoras controladas pela ASF apresentaram 822 milhões de euros de resultados líquidos em 2022, segundo relatório agora apresentado pela entidade supervisora. No entanto, uma só empresa, a seguradora Vida GamaLife, explica muito dos resultados, devido a ter alcançado resultados extraordinários excecionais numa operação relacionada com o seu investimento em Itália. Assim enviesou a análise das contas.
A GamaLife obteve lucros líquidos de 311 milhões de euros, quase 40% do tal dos lucros do setor. Excluindo essa companhia, as outras 36 seguradoras a operar com sede em Portugal registaram uma quebra de 15% nos seus lucros durante o ano passado. Contribuíram para a descida os resultados técnicos em 23% (sem GamaLife), aqueles que resultam da atividade corrente das seguradoras e uma quebra de 9% nos resultados Não Técnicos – essencialmente os que resultam de investimentos nos mercados financeiros e outros.
No final, os resultados líquidos das seguradoras atingiram 822 milhões de euros (510 milhões sem GamaLife), os resultados técnicos chegaram a 1.153 milhões de euros (1.110 milhões) e os resultados não técnicos a 323 milhões (apenas 9,8 milhões sem GamaLife). Todos estes indicadores resultam numa subida de 27% para a soma dos resultados líquidos das 37 companhias (-15% sem GamaLife), de descida nos resultados técnicos de 36% (-23%) e uma subida de 910% nos resultados não técnicos (-6%).
Os capitais próprios registaram uma descida de 29% de 2021 para 2022, um fenómeno explicável pela necessidade de as companhias precisarem utilizar reservas de capital para reforçar provisões, face à instabilidade das taxas de juro e à potencial desvalorização de ativos com rendimentos calculados a taxa fixa.
De facto, o conjunto das 37 seguradoras aumentou os seus ativos em 1,1 mil milhões de euros para 55,2 mil milhões, com contrapartida de um aumento do passivo em 2,9 mil milhões para 50,8 mil milhões de euros e uma descida em 1,75 mil milhões dos capitais próprios.
Daí resultou uma rentabilidade líquida dos capitais próprios de 16%, resultante do rácio entre resultados líquidos do exercício e a média do valor de capitais próprios nos últimos dias do ano de 2021 e 2022. Excluindo a GamaLife, de novo, esse rácio é de 10%.
Seguradoras em destaque
No ano em que a GamaLife ofuscou e enviesou positivamente o conjunto do mercado deve igualmente destacar-se, nas diferentes análises, a Ocidental Vida, as seguradoras Aegon Santander Vida e Não Vida, CA Vida, Planicare, Real Vida e, sempre pelo volume ou pela proporção de ganhos, a Fidelidade e a Tranquilidade/Generali.
Allianz também se destacou na rentabilidade face ao capital enquanto a Zurich apenas entra com o negócio Vida já que todas as operações Não vida estão na Zurich Insurance Plc, sucursal da seguradora suíça na Irlanda.
Veja aqui os indicadores de rentabilidade das 37 seguradoras analisadas pela ASF. O total de resultados líquidos, a rentabilidade líquida dos capitais próprios médios entre 2022 e 2021, os resultados técnicos, os resultados não técnicos e o volume de capitais próprios em 2022.
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