Altice responde a Galamba. “Somos a Empresa portuguesa com maior investimento em R&D”

João Galamba acedeu às exigências dos sindicatos da Altice e anunciou em privado, primeiro, e depois em público um “convite” à presidente executiva Ana Figueiredo e ao acionista Patrick Drahi para um encontro com o objetivo de discutir o compromisso da companhia com Portugal. A Altice respondeu ao anúncio do ministro das Infraestruturas com números de investimento, exportações e emprego, além da previsível disponibilidade para a referida reunião.

Na quarta-feira, os sindicatos da Altice foram recebidos por João Galamba, com um tema na agenda: Na sequência da Operação Picoas, que levou à suspensão de funções de Alexandre Fonseca, de um administrador executivo e de outros diretores, os sindicatos aproveitaram para apresentar ao ministro da tutela uma lista de reivindicações, desde logo salariais, e exigência de informação sobre os negócios realizados nos últimos anos. E, à saída, anunciaram que Galamba iria convocar a gestão nacional e internacional da Altice para uma reunião sobre a atividade da empresa em Portugal e as dúvidas suscitadas pelos sindicatos.

Mais tarde, ao ECO, fonte oficial do ministério confirmou mesmo a intenção de realizar essa reunião e, esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas, Galamba foi mais longe. “Face às mudanças recentemente conhecidas, pareceu-nos importante – além do diálogo normal que mantemos com a empresa em Portugal e tendo em conta os desafios estratégicos importantes, nomeadamente na questão do 5G e do data center – um compromisso firme da empresa com investimentos e com certas áreas de negócio“, disse o ministro, confirmando que quer realizar esse encontro em breve.

O ECO questionou a Altice sobre as declarações do ministro, e a resposta surgiu em comunicado escrito, por fonte oficial, com números da atividade, operacional e financeira. “Obviamente que a disponibilidade para conversar com todos os parceiros e stakeholders – sendo o Governo um stakeholder especialmente relevante – é, como sempre foi, total”.

A Altice garante, neste comunicado de resposta a Galamba, o compromisso com Portugal, com um conjunto alargado de dados: “De 1.7 milhões de casas, expandimos a rede de fibra ótica para 6,3 milhões de casas, ou seja 85% das casas do país tem tecnologia de ultima geração (…), somos a empresa portuguesa com maior investimento em R&D (361 milhões de euros nos últimos 5 anos)” e “multiplicámos por cinco o volume de negócios da Altice Labs, exportando para mais de 60 países, com um volume de exportação que ascende os 300 milhões de euros”.

Numa resposta implícita aos sindicatos, Ana Figueiredo garante que a Altice é um dos maiores empregadores do país e, em setembro, vai acolher “130 novos trainees das melhores universidades do país, número que triplicamos desde 2021”. Além disso, acrescenta no comunicado, “somos o operador dos grandes eventos nacionais, exemplo recente da JMJ 2023, em que dissemos ‘presente’ desde a primeira hora”.

João Galamba garantiu em público que a decisão de “convidar” a gestão e os acionistas da Altice para uma reunião não resultou da chamada Operação Picoas, antes para demonstrar “relativa normalidade” na companhia, mas o timing do encontro, anunciado logo na reunião com os sindicatos, funcionou com pressão pública sobre a Altice. “Trata-se de uma grande empresa que, independentemente, de vicissitudes particulares que possam acontecer em relação a um ou outro gestor, é uma empresa que transcende este ou aquele gestor e, obviamente, tem um compromisso e investimentos em Portugal”, disse. Falta agora conhecer a data da reunião.

(Notícia editada às 09h05 com uma correção. Resposta da Altice foi comunicado escrito ao ECO e não à imprensa)