Presidente da Fed avisa que inflação continua “demasiado elevada”
Presidente da Fed assegurou que banco central vai manter a política monetária num nível restritivo até as pressões nos preços aliviarem. Se necessário, voltará a subir as taxas de juro, avisou Powell.
O presidente da Reserva Federal norte-americana avisou esta sexta-feira que a inflação se mantém “demasiado elevada”. Jerome Powell prometeu que o banco central vai “ser cuidadoso a decidir” se continua ou não a subir as taxas de juro, mas deixou claro que poderá continuar a apertar a política monetária se as pressões nos preços persistirem.
“Apertámos significativamente a política ao longo do ano passado. Embora a inflação tenha descido do seu pico – um desenvolvimento que é bem-vindo – continua demasiado elevada”, começou por dizer Powell num aguardado discurso em Jackson Hole, no Wyoming, EUA.
“Estamos preparados para aumentar ainda mais as taxas, se for apropriado, e pretendemos manter a política num nível restritivo até estarmos confiantes de que a inflação está a descer de forma sustentável em direção ao nosso objetivo”, frisou.
Powell assegurou, ainda assim, que os responsáveis da Fed “vão proceder cuidadosamente ao decidir se vão apertar ainda mais ou, em vez disso, manter a taxa de juro”, ficando a aguardar mais dados para ter uma visão mais completa da evolução da inflação e da economia.
Em todo o caso, começou praticamente o discurso como terminou: “2% de inflação é e continua a ser o nosso objetivo”.
Há um ano, Powell avisou no mesmo palco para a “dor” que as famílias e empresas iriam ter se suportar para que a Fed fizesse o seu trabalho a domar a inflação. Um ano depois, ainda não declarou vitória.
Desde março de 2022, a Fed aumentou as taxas diretoras dos 0,25% para o valor mais elevado em mais de duas décadas nos 5,5% para controlar a taxa de inflação que, desde o pico de 9,1% em junho do ano passado, já caiu para 3,2% em julho.
“As baixas leituras da inflação subjacente em junho e julho foram bem recebidas, mas dois meses de dados positivos representam apenas o início de algo para ter a confiança de que a inflação está a cair sustentadamente para o nosso objetivo“, explicou Powell, adiantando que os riscos estão tanto no lado de subir a mais como de subir a menos as taxas.
“Fazer muito pouco poderia permitir que a inflação acima da meta se consolidasse e, em última análise, exigir que a política monetária arrancasse da economia uma inflação mais persistente, com um custo elevado para o emprego”, afirmou o líder da Fed. “Fazer demasiado também pode causar danos desnecessários à economia”, acrescentou.
“Como costuma acontecer, navegamos pelas estrelas sob céus nublados”, ilustrou.
“O discurso foi o esperado. Não penso que tenha sido excessivamente ‘expansionista’ como a reação do mercado sugere. Uma pausa em setembro é provável mas não é o fim oficial das subidas. É o melhor que Powell pode fazer nas atuais circunstâncias”, referiu Carsten Brzeski, do banco ING, citado pela agência Reuters.
Após uma abertura positiva, as bolsas americanas entraram em terreno negativo, com o S&P 500 a cair 0,30% e os índices Dow Jones e Nasdaq a perderem 0,13% e 0,48%, respetivamente. A aposta dos traders em relação a uma pausa da Fed em setembro aumentou de 80% para 86% após o discurso de Powell.
(Notícia atualizada às 16h07)
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