Sporting SAD sai de situação de falência técnica ao fim de cinco anos
A equipa liderada por Frederico Varandas conseguiu, pela primeira vez, fechar as contas da SAD sportinguista com capitais próprios positivos, depois de cinco anos de resultados negativos.
A sociedade anónima desportiva do Sporting Clube de Portugal (Sporting SAD) alcançou em 2022 uma vitória há muito desejada. Pela primeira vez em cinco anos, a SAD verde e branca conseguiu apresentar capitais próprios positivos num exercício anual. Mas não se ficou por aqui.
Além de ter saído de uma situação de falência técnica que perdurava desde 2018, quando Frederico Varandas assumiu a liderança do clube e da Sporting SAD (setembro de 2018), os 8,9 milhões de euros de capitais próprios com que a empresa fechou as contas de 2022 (que fiscalmente terminaram a 30 de junho deste ano) são também o valor mais elevado que a sociedade apresentou nos últimos 17 anos.
Os números apresentados esta sexta-feira mostram também um volume de negócios de 222 milhões de euros, o valor mais elevado da sua história, e o segundo ano consecutivo de resultados líquidos positivos, com a Sporting SAD a fechar o ano passado com lucros de 25 milhões de euros.
“Era crítico nesta primeira fase a recuperação da Sporting SAD”, escreve Frederico Varandas no relatório e contas, sublinhando que “em virtude destes resultados, é possível o início de um novo capítulo, em que podemos elevar o nível de investimento, quer desportivo quer de negócio, sem comprometer o curto prazo e a sustentabilidade do clube”.
A sustentar as contas de 2022 esteve, em grande medida, a venda de passes de jogadores, que atingiu 129,9 milhões de euros, 55,5% acima do registado em 2021. O destaque vai para a concretização da segunda maior venda de sempre da SAD até então (Matheus Nunes, por 45 milhões de euros, mais 5 milhões de euros variáveis e 10% de uma mais-valia futura).
Não obstante, a EY, responsável pela auditoria às contas da Sporting SAD, refere no relatório e contas da sociedade que, “na sequência de prejuízos ocorridos em anos anteriores, em 30 de junho de 2023, o capital próprio é inferior a metade do capital social (sendo por isso aplicáveis as disposições do artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais) e o passivo corrente é bastante superior ao ativo corrente“.
Ainda segundo o mesmo documento, o passivo baixou 8,1% no último ano, totalizando mais de 309 milhões de euros a 30 de junho de 2023. Cerca de 47% deste montante trata-se de passivo corrente (146,7 milhões de euros), o equivalente a 2,1 vezes o volume do ativo corrente (68,3 milhões de euros).
Entre as principais rubricas do passivo corrente estão os financiamentos obtidos (60 milhões de euros, mais 5,9% face a 2022) e a despesa com fornecedores (61,5 milhões de euros, menos 14% face ao ano anterior).
Para os auditores da EY, “estas condições indicam que existe uma incerteza material que pode colocar dúvidas significativas sobre a capacidade da entidade se manter em continuidade“.
Apesar desta observação, os responsáveis da EY sublinham que as demonstrações financeiras foram preparadas com base no pressuposto da continuidade das operações, “a qual se encontra dependente da manutenção do apoio financeiro das instituições financeiras e outras entidades financiadores, nomeadamente através da renegociação e/ou reforço das linhas de crédito existentes, assim como da rentabilidade futura das operações e das transações com passes de jogadores”.
A Sporting SAD anunciou esta sexta-feira a convocação de uma assembleia geral para que os sócios da sociedade possam deliberar sobre o relatório de gestão e as contas do exercício de 2022. Em cima da mesa estarão mais cinco pontos de discussão, nomeadamente a apreciação e a aprovação da política de remuneração dos titulares dos órgãos sociais da SAD elaborada pela comissão de acionistas para o exercício de 2023/2024.
(Notícia atualizada às 17h01 com informação sobre a marcação da assembleia geral de acionistas.)
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