Jovens empresários alertam para “sobrecarga com impostos” antes do Orçamento do Estado para 2024
“Os ordenados são baixos e os impostos sobre o trabalho estão em níveis altíssimos”, diz Alexandre Meireles. Conheça as propostas da Associação de Jovens Empresários (ANJE) para o Orçamento do Estado.
O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Alexandre Meireles, alerta que “os portugueses não podem continuar sobrecarregados com impostos”, lembrando que os preços dos bens e serviços essenciais têm “aumentado significativamente” nos últimos meses e que este é um país em que “os ordenados são baixos e os impostos sobre o trabalho estão em níveis altíssimos”.
A três semanas da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2024, a ANJE lança um apelo ao Governo para “manter a relevância da redução de impostos das pessoas singulares, em especial dos jovens, assim como a redução seletiva do IRC”. “Não podemos continuar a castigar quem trabalha”, sublinha o dirigente associativo, que se manteve no cargo após uma mudança de estatutos que alargou os mandatos de três para quatro anos.
Para a associação sediado no Porto, é também “urgente” olhar para um efetivo aumento dos salários líquidos, sugerindo, num comunicado enviado às redações esta segunda-feira, um regime mais favorável à tributação em IRS, através de uma diferenciação positiva ou através de mecanismos de atribuição de prémios ou similares (otimizados fiscalmente).
“[É preciso] manter a relevância da redução de impostos das pessoas singulares, especialmente dos mais jovens, indo mais longe do que [o que] tem sido proposto pelo Governo. Também deve ser avaliada a possibilidade de incluir relevância de atratividade do interior, também por via da questão fiscal em IRS. Atualmente, com as startups tecnológicas, as atividades operacionais já são mais fáceis de levar para o interior, por isso, a parte fiscal pode ser a cereja no topo do bolo”, acrescenta.
Uma das bandeiras mais antigas da ANJE é a majoração, em sede de IRC, para empresas que valorizem os salários e com “comportamentos social e ambientalmente responsáveis” e que apostem em “fatores críticos de competitividade”, como a transição digital, a investigação e desenvolvimento (I&D, a inovação e a transferência de tecnologia. Para Meireles, “fazer uma diferenciação positiva nas áreas tecnológicas e de empreendedorismo ajudará a reter negócios em Portugal e também a atrair negócios internacionais”.
Literacia financeira e internacionalização
Na lista de reivindicações da ANJE está ainda o foco na internacionalização das empresas, com ações no terreno e apoio de mentoria, quer realizando missões internacionais (com colaboração de agentes no terreno), quer através de missões inversas, isto, trazendo empresas internacionais ao país para investirem e potenciar economia e conhecimento.
“Portugal tem tido alguns problemas na questão da marca. Tínhamos uma mão-de-obra relativamente barata e competíamos com o preço. Sempre fizemos as coisas bem feitas, com qualidade, mas a baixo preço. Nunca procurámos defender-nos. Acho que há este caminho para nos diferenciarmos. Se tivermos uma marca que nos diferencie – seja na indústria têxtil, no calçado ou na restauração –, os nossos clientes vão sempre procurar-nos porque mais ninguém pode dar-lhes o que a nossa marca tem”, resume o líder da ANJE.
Já no domínio do ensino do empreendedorismo, os jovens empresários pedem um reforço de verba para avançar com um “programa massivo” nas escolas e com ações no domínio da literacia digital e financeira, transversais à população nacional, que abranjam escolas, empresas, centros de formação, ordens profissionais e associações empresariais.
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