BRANDS' CAPITAL VERDE Região Demarcada do Douro implementa piloto de reutilização de água na rega de vinhas
Já entrou em fase de testes o projeto-piloto de irrigação das vinhas do Douro com águas residuais tratadas.
As vinhas do Douro vão passar a ser irrigadas com recurso a águas residuais tratadas numa das ETAR que integram o sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Norte de Portugal. A iniciativa decorre do consórcio constituído pela ADVID – Cluster da Vinha e do Vinho, a Águas do Norte, a Poças – Sociedade Vinícola Terras de Valdigem (SVTV), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Veolia Portugal.
Trata-se de um projeto-piloto, agora na fase de arranque e ensaios preliminares, que integra o projeto REGADOURO. Em 2023, este projeto foi um dos selecionados pela Fundação ”la Caixa” ao abrigo do programa “Promove. O futuro do interior”, realizado em colaboração com o BPI e em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), com o objetivo de apoiar a fundo perdido Projetos-Piloto Inovadores que contribuam para o desenvolvimento das regiões do interior do país.
Além de aumentar o conhecimento sobre a reutilização de água tratada na rega, o projeto REGADOURO pretende, ainda, fomentar o aproveitamento dos nutrientes e fertilizantes presentes na mesma. Para isso, conta com o conhecimento científico da UTAD, com o apoio técnico da ADVID e com a contribuição tecnológica da Veolia.
Atualmente, o setor agrícola é responsável por 70% dos consumos globais de água em Portugal e, em virtude das alterações climáticas, a escassez de água disponível anualmente tem tendência para se agravar. Por essa razão, desde o ano de 2019, Portugal dispõe de um regime jurídico que regula a produção e a utilização de ApR (Água para Reutilização), obtida a partir do tratamento de águas residuais.
Assim, tendo em conta este regime e, uma vez que existem várias ETAR na Região Demarcada do Douro, em proximidade com as respetivas vinhas, verificou-se um enorme potencial de reutilização das mesmas, que justifica o estudo de todos os aspetos que demonstrem que esta utilização é segura para as pessoas, para os solos, para as plantas e para o vinho.
“Num território com 14 municípios, 44 mil hectares de vinha e 31 ETAR, muitas delas com grande proximidade às vinhas da Região Demarcada do Douro, existe um potencial enorme para a reutilização de águas residuais tratadas na irrigação das mesmas. Desse modo, enquanto entidade responsável pela gestão do Sistema Multimunicipal do Norte de Portugal, o nosso compromisso é o de atingir mais de 50% da respetiva água reutilizada na rega de vinhas”, afirmou José Machado do Vale, presidente do Conselho de Administração da Águas do Norte, em representação do consórcio REGADOURO.
Ao desenvolver um novo método de aproveitamento de águas, que de outra forma seriam desperdiçadas, e ao dar-lhes uma nova usabilidade, o projeto REGADOURO está também a dar o seu contributo para acelerar o cumprimento da Agenda 2030, aprovada em 2015, nomeadamente através da minimização dos efeitos da seca e da escassez hídrica no território e na redução da carga de águas residuais rejeitadas em áreas sensíveis.
O contributo do projeto para acelerar a ação climática foi também uma das razões para este projeto fosse apoiado pela Fundação ”la Caixa”. “O ganho dos conhecimentos técnico-científicos que este projeto possibilita, com grande aplicabilidade noutras regiões do país com características semelhantes, foi identificado como uma importante mais-valia na avaliação do projeto. Para acelerar a ação climática de Portugal temos de ter cada vez mais projetos destes, capazes de fazer com que as regiões do interior se constituam como exemplos de resiliência e adaptação às alterações climáticas”, disse, ainda, o Presidente do Conselho de Administração da Águas do Norte.
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