Hungria dá a entender que continuará a bloquear ajuda militar da UE a Kiev
Budapeste quer mais garantias que o banco húngaro OTP não volta a ser incluído na lista de sanções da Ucrânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria declarou esta quarta-feira que o seu Governo quer garantias de Kiev de que um banco húngaro recentemente retirado de uma lista ucraniana de patrocinadores da guerra da Rússia não será novamente nela incluído.
As declarações do ministro húngaro foram entendidas como um sinal de que Budapeste não estará disposta a levantar o seu veto a um importante pacote de ajuda militar da União Europeia (UE) à Ucrânia enquanto não obtiver tal garantia.
O chefe da diplomacia húngara, Peter Szijjarto, afirmou que a decisão tomada na segunda-feira pela Agência Nacional Ucraniana de Prevenção da Corrupção de retirar o banco OTP da lista foi um “passo na direção certa”, mas que a Hungria precisa de mais garantias antes de alterar a sua abordagem em relação à Ucrânia em qualquer contexto internacional.
Szijjarto indicou que o seu ministério convidou a agência anticorrupção da Ucrânia a ir a Budapeste “assim que possível” para falar sobre a inclusão do OTP naquela lista. “Para que possamos negociar um acordo que garanta que nenhuma decisão semelhante será tomada (de novo) no futuro”, precisou. “Se for alcançado um acordo tranquilizador, então teremos, claro, de considerar que medidas tal justifica da nossa parte”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro numa conferência de imprensa.
A Ucrânia adicionou o banco OTP à sua lista de patrocinadores da guerra em maio deste ano, em resposta ao facto de a instituição financeira continuar a operar na Rússia – e, portanto, a pagar impostos ao Governo central –, depois de Moscovo ter iniciado a sua invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022. Em resposta, a Hungria bloqueou, a partir de maio, um pacote de ajuda militar da UE a Kiev no valor de 500 milhões de euros, prometendo que não levantaria o seu veto enquanto o OTP não fosse retirado da lista.
Na semana passada, a agência anti-corrupção da Ucrânia retirou temporariamente o banco da lista, na esperança de que Budapeste levantasse o seu veto ao financiamento comunitário. Mas as autoridades húngaras deram a entender que a remoção temporária não era suficiente, e a agência ucraniana retirou esta quarta definitivamente o banco da lista.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros húngaro não respondeu a perguntas enviadas por correio eletrónico sobre se os comentários de Szijjarto indicavam que a Hungria continuaria a bloquear o pacote de ajuda da UE, apesar de o OTP ter sido retirado da lista de patrocinadores da guerra. O Governo húngaro, liderado pelo primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán, tem-se desentendido com Kiev sobre uma série de questões desde o início da invasão russa da Ucrânia, há mais de 19 meses.
Orbán, que continuou a relacionar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, tem-se manifestado contra o fornecimento de armas à Ucrânia e recusou-se a permitir que a Hungria o leve a cabo, e tem argumentado fervorosamente contra a imposição de sanções da UE a Moscovo, embora tenha acabado por nunca votar contra elas.
Na semana passada, Orbán lançou dúvidas sobre a perspetiva de a UE iniciar em breve negociações para a adesão da Ucrânia ao bloco, dizendo que não era realista lançar um processo de adesão com um país que está em guerra. No parlamento húngaro, asseverou na semana passada que o seu Governo “não apoiará a Ucrânia em qualquer questão internacional” até que os direitos linguísticos de uma minoria húngara no oeste da Ucrânia sejam restaurados.
Esta quarta, Szijjarto disse que a Hungria também espera que a Ucrânia retire a filial russa do OTP e quatro dos seus executivos húngaros de uma lista de entidades sujeitas a sanções.
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