BRANDS' ECO Mercado de trabalho: o que são fluid roles e glue roles?
Volátil, incerto, complexo e ambíguo: estes adjetivos, amplamente utilizados para descrever o mundo em que vivemos, já assumiram até uma sigla (volatile, uncertain, complex, ambiguous — VUCA).
O VUCA serve, aliás, para caracterizar o ambiente atual nas empresas e nos negócios, que carece de resposta. A solução poderá surgir, então, com fluid roles e glue roles.
Os novos modelos de trabalho pós-pandemia, a par da proliferação de nómadas digitais e das transformações geracionais, cada vez mais presentes, contribuem, inegavelmente, para um aumento da procura de empregos mais fluidos. Os trabalhadores esperam, assim, beneficiar de horários mais flexíveis e até da possibilidade de trabalhar remotamente.
O que se pede, então, às pessoas num contexto como este? O ideal será um conjunto de soft skills, ou seja, de competências interpessoais, agilidade e flexibilidade laboral. Estes constituem não só elementos fundamentais para garantir a adaptação às novas realidades emergentes, mas também para responder às necessidades dos diferentes tipos de cargos corporativos. Portanto, os trabalhadores devem conseguir oscilar facilmente entre fluid roles e glue roles.
O que são fluid roles e glue roles?
Os fluid roles são funções que evoluem ao longo do tempo, ajustando-se às novas necessidades das equipas e das empresas.
Por outro lado, os glue roles criam um sentimento de unidade e pertença nas equipas. Estes operam em áreas críticas, como, por exemplo, a comunicação ou o alinhamento de objetivos e valores. Constituem, assim, peças essenciais na criação de um ambiente de trabalho coeso.
As organizações que aderem a um modelo híbrido de fluid roles e glue roles permitem, então, que os funcionários alternem entre diferentes funções e responsabilidades, abandonando as descrições estanques dos cargos tradicionais.
Aliás, como afirma Iveta Kutmanová, gestora de RH na Grafton Recruitment, “a segmentação tradicional não será suficiente no futuro. Os empregadores vão precisar de obter insights complexos sobre questões como interesses, valores, preferências e opiniões dos funcionários.” Mais do que isso, avisa a especialista, “as informações sobre os comportamentos de trabalho, ou seja, se uma pessoa é um criador, um executor ou um gestor, serão extremamente importantes”.
As vantagens dos modelos híbridos
Importa conhecer, sem dúvida, os benefícios que as empresas conquistarão caso decidam aplicar este modelo, mantendo uma abertura para a mobilidade funcional. No caso específico dos fluid roles, surgem vantagens como, por exemplo:
- Possibilidade de resposta mais célere às necessidades do mercado e dos clientes;
- Redução de custos e incremento da eficiência, pois os trabalhadores podem mudar de funções e departamentos consoante as necessidades;
- Aumento do envolvimento e da produtividade, pois os funcionários têm mais controlo sobre as suas responsabilidades;
- Criação de um sentimento de autonomia, fomentando a criatividade e a inovação;
- Contribuição para níveis mais elevados de satisfação e motivação no trabalho.
Por outro lado, os glue roles promovem a colaboração e a comunicação entre várias equipas, permitindo um trabalho eficiente e coordenado.
No seu conjunto, os fluid roles e os glue roles contribuem para criar uma cultura ágil e adaptável, podendo, assim, ditar o sucesso de uma organização no atual contexto de rápida mudança. Além disso, as empresas conseguem otimizar, com agilidade, os recursos e os talentos internos, garantindo a eficiência das suas várias áreas de negócio.
Todavia, estaremos preparados para a mudança? Como afirma Cristina Simão, Diretora de RH da Gi Group Holding Portugal, falta-nos, ainda, dar alguns passos vitais: “Muitas empresas estão a abraçar o conceito de fluid roles, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes de este ser amplamente adotado. As empresas que iniciaram esta jornada estão a ter sucesso na flexibilidade e na poupança de custos. Contudo, algumas ainda estão a aderir a conceitos tradicionais de funções, devido à dificuldade em transitar para uma força de trabalho mais flexível. Muitas empresas hesitam em renunciar ao controlo e à previsibilidade que advêm de funções tradicionais.”
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