Quem avaliou a ética de Centeno no Banco de Portugal?
Rui Vilar, Rui Leão Martinho e Adelaide Cavaleiro: foram estas as personalidades que avaliaram a conduta do governador do Banco de Portugal após o convite para chefiar um novo governo.
Dois gestores com larga experiência na vida económica e empresarial em Portugal e uma histórica do Banco de Portugal ajudaram a decidir o futuro do governador, na sequência da polémica envolvendo Mário Centeno e o convite para liderar o próximo governo.
Como o ECO avançou em primeira mão, o conselho de ética do supervisor bancário reuniu-se na tarde desta segunda-feira de forma extraordinária para avaliar a conduta de Centeno depois de o seu nome ter sido proposto pelo primeiro-ministro para lhe suceder no governo. Um parecer que era aguardado no Banco Central Europeu (BCE) e que, soube-se esta quarta-feira, avalia que Centeno “cumpriu os deveres gerais de conduta”, embora alerte para “danos à imagem” do Banco de Portugal.
A reunião surgiu depois de um fim de semana que teve desenvolvimentos inesperados e que só vieram adensar a polémica. No domingo, Mário Centeno declarou ao Financial Times que teve um convite do Presidente da República e do primeiro-ministro para “refletir e considerar a possibilidade de liderar um governo”. Um convite que foi prontamente desmentido por Marcelo Rebelo de Sousa.
Já na manhã seguinte, o governador veio emendar a mão, indicando que não houve convite do Presidente. “É inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo”, disse Mário Centeno.
No Banco de Portugal, cabe ao conselho de ética avaliar e emitir parecer sobre “a conformidade de determinada conduta dos membros do conselho de administração com o previsto no código de conduta que lhes é aplicável”. Este órgão é presidido por Emílio Rui Vilar e tem como vogais Rui Leão Martinho e Adelaide Cavaleiro, nomes que foram eleitos este ano
Rui Vilar tem uma longa carreira na vida política e das empresas em Portugal. Foi ministro em três governos na segunda metade da década de 70 (Economia e Transportes e Comunicações) e desempenho altos cargos em algumas das principais instituições do país. Ajudou a fundar a Fundação Sedes em 1970, passou pelo Banco Portugal, incluindo como vice-governador, (1975-1984), e integrou as administrações de várias empresas como Galp, REN e, mais recentemente, Caixa Geral de Depósitos (no banco público foi chairman em regime pro bono, tendo sido uma peça fulcral no processo de recapitalização no final de 2016, após a saída de António Domingues)
Quanto a Rui Leão Martinho, foi presidente da Ordem dos Economistas entre 2011 e 2021. Atualmente é presidente das comissões de remuneração nos outros dois reguladores financeiros, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Também tem uma larga experiência no setor financeiro, tendo passado pelas seguradoras Tranquilidade e GNB Vida, pelo Deutsche Bank em Espanha e Portugal, entre outros cargos.
Já Adelaide Cavaleiro é economista e fez carreira no Banco de Portugal. Ingressou no supervisor em 1985 para o Departamento de Negócios Estrangeiros. Foi a primeira diretora do Departamento de Estabilidade Financeira, criado em 2013, isto depois de ter sido diretora-adjunta do Departamento de Supervisão Prudencial Bancária.
(Notícia atualizada a 15 de novembro com o parecer da Comissão de Ética)
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