Portugal “mantém-se uma escolha atrativa” para negócios do lítio e hidrogénio, apesar das investigações

Apesar do reboliço em que mergulhara as áreas do hidrogénio e lítio em Portugal, o E3G continua a considerá-las atrativas para investimento. Estratégias verdes podem ajudar a diminuir desconfiança.

O centro de investigação europeu E3G, que já havia alertado para o risco de Portugal colher apenas parte dos ganhos do hidrogénio e lítio caso não melhorasse a respetiva estratégia, reconhece “turbulência” em torno destas áreas no âmbito dos casos judiciais que implicam membros do Governo e derrubaram o primeiro-ministro. No entanto, defende que Portugal se mantém atrativo e que o reforço das estruturas de governança na estratégia verde poderia ajudar a manter o país no radar dos investidores.

Para Artur Patuleia, sócio sénior do E3G, baseado em Portugal, Portugal é “uma das mais promissoras localizações” para investimento em tecnologia limpa e negócios digitais, e “um país crítico para as ambições de competitividade global da Europa”. Isto, devido ao “acesso privilegiado” às renováveis de baixo custo, vastas reservas de lítio e a posição geográfica estratégica para a cadeia de valor.

No entanto, tendo em conta a “competição a nível global” para projetos de tecnologias limpas e digitais, “é importante que Portugal se prepare para continuar a atrair estes projetos”, com boa estrutura de governança e fortes capacidades da administração pública, defende a mesma entidade.

Potenciais investidores irão com certeza lançar um novo olhar, mais aprofundado, sobre as respetivas opções mas, no final do dia, a conclusão será que Portugal leva a lei e a transição energética seriamente, e portanto mantém-se uma escolha atrativa“, defende. Neste sentido, Artur Patuleia não prevê que os objetivos e metas definidos pelo pais no âmbito do Plano Nacional de Energia e Clima sejam afetados pelos eventos recentes. “É improvável”, indica o consultor.

Ainda assim, o mesmo responsável acrescenta que “uma estratégia verde é essencial”, já que poderiam, neste âmbito, ser “definidas estruturas de governança e políticas públicas para atrair investimento e criar mais previsibilidade e transparência nas fases de licenciamento e implementação de novos projetos”, sugere Patuleia. Espera que, desta forma, Portugal consiga atrair indústrias de alto valor acrescentado nas cadeias de valor do lítio e hidrogénio.

Neste sentido, o E3G destaca que a Estratégia Industrial Verde portuguesa “tem de ser apresentada” até fevereiro, de acordo com a Lei do Clima. Além disso, “tendo em conta o interesse global de investidores nas áreas da energia limpa e do digital, e com a turbulência em Portugal em torno de projetos destas áreas, é importante que Portugal não adie a apresentação de tal peça legislativa crítica”, recomenda.

Dois projetos de lítio, um de hidrogénio e outro de um centro de dados estão debaixo de holofotes na sequência de uma investigação do Ministério Público, que ditou várias buscas na manhã da passada terça-feira e culminou na demissão do primeiro-ministro português, António Costa. Em causa, segundo o comunicado partilhado pelo Ministério Público, com factos relacionados com “as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas)”, “um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines – apresentado por consórcio que se candidatou ao estatuto de Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu (IPCEI)” – e “o projeto de construção de “data center” desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade “Start Campus”.

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