Bruxelas alerta que “contexto mudou” desde que foi aprovado o mecanismo ibérico
Responsável da Comissão Europeia destaca que os preços já baixaram desde que o mecanismo ibérico foi criado. Admite ainda assim que conflito no Médio Oriente pode trazer volatilidade.
A Comissão Europeia propôs prolongar por um ano algumas medidas de emergência aplicadas devido à crise energética, o que poderia abrir a porta ao mecanismo ibérico. No entanto, Paula Pinho, responsável da DG Energia da Comissão Europeia, aponta ao ECO que “o contexto mudou e os preços não são aqueles” que existiam quando surgiu o mecanismo.
O que foi proposto focou-se nas “medidas de solidariedade no fornecimento de gás”, para continuar por mais um ano, bem como no “mecanismo de intervenção que foi prolongado também, por mais um ano”. “Em relação ao mecanismo ibérico, terá que ser analisado pelos nossos colegas nos serviços da concorrência“, ressalva Paula Pinho.
“Mas a verdade é que o contexto mudou e os preços não são aqueles que nós vimos, quando foi validado e apoiado o mecanismo”, admite a responsável por Transição Justa, Consumidores, Inovação e Eficiência Energética da DG Energia.
O mecanismo ibérico para limitar os preços da eletricidade produzida a partir do gás entrou em vigor em meados de junho do ano passado, depois de um longo processo de negociações dos países ibéricos com a Comissão Europeia. O mecanismo tem estado inativo desde fevereiro, devido à queda dos preços, mas o Governo espanhol quer um prolongamento do período de vigência.
Agora, as perspetivas para a evolução dos preços da eletricidade são mais animadoras, nomeadamente tendo em conta a aposta nas energias renováveis. “A tendência vai ser agora de conseguirmos uma maior estabilidade em termos dos preços, e quanto maior for a proporção de renováveis no mix energético, mais previsível, menos volátil será o preço”, indica a responsável.
Ainda assim, Paula Pinho admite que o conflito no Médio Oriente “cria instabilidade, volatilidade e tem efeitos muito concretos”. “Israel é um produtor de gás e logo desde o início do conflito em outubro encerrou a produção de um dos campos de gás, que não se fez sentir de forma muito significativa nem nos preços nem no fornecimento de gás para a Europa”, recorda, sendo que, apesar disso, “tem obviamente efeito dominó, na medida em que se deixa de poder contar com aqueles volumes”. “Terá de se recorrer a outros volumes que se calhar estavam destinados para para exportação”, aponta.
Desta forma, “não houve um grande impacto de momento, concreto em termos de preços”, mas este conflito “obviamente cria volatilidade, cria insegurança, o que nunca é bom em termos dos preços dos combustíveis”.
Apesar de possíveis efeitos do conflito no Médio Oriente, a responsável destaca a resposta que foi possível dar na última crise energética, quando a União Europeia conseguiu “no espaço de praticamente um ano reduzir a dependência de combustíveis fósseis e do principal fornecedor, a Rússia, em termos tão significativos”. Além disso, também há novas estruturas que foram conseguidas, nomeadamente no que diz respeito à circulação do gás, que já aumentam a capacidade da Europa.
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