Start Campus prevê que 1.ª fase do data center em Sines fique operacional “no final de setembro”

CEO da empresa que espera investir 3,5 mil milhões de euros em Sines faz um balanço dos trabalhos de construção do mega data center Sines 4.0, considerado projeto de interesse nacional pelo Governo.

Imagem simulada de como deverá ficar o Sines 4.0 quando todos os edifícios estiverem construídos. A infraestrutura, visível ao centro, localiza-se junto à antiga central a carvão da EDP, visível do lado direitoStart Campus

O primeiro edifício do mega centro de dados que está a ser construído junto à antiga central a de Sines deve estar operacional em setembro, diz o CEO da Start Campus, a empresa responsável pelo Sines 4.0, que foi considerado pelo Governo de Potencial Interesse Nacional (Projeto PIN). Além do “ligeiro atraso” face ao calendário inicial, a guerra na Europa e forçou a empresa a ir às compras mais cedo do que o normal.

“O projeto está a correr bastante bem”, resume Afonso Salema, numa conversa com o ECO à margem de um seminário sobre cabos submarinos, promovido na sexta-feira pela embaixada do Reino Unido em Lisboa. No entanto, com o início da guerra na Ucrânia e os efeitos da inflação, a Start Campus teve de “tomar algumas medidas quase drásticas para o setor”, como antecipar a compra de “grande parte do equipamento, para não ter falhas na cadeia de abastecimento”, explica o gestor.

Afonso Salema, CEO da Start CampusBritish Embassy Lisbon

“Isso provou ser uma estratégia vencedora porque agora vemos que o resto da indústria está com problemas em conseguir as partes mais básicas e nós estamos a continuar a avançar. Tivemos um ligeiro atraso, cerca de um mês, mas estamos on track para ter já a primeira capacidade operacional no final de setembro deste ano“, diz Afonso Salema.

Anunciado em abril de 2021, o Sines 4.0 é fruto de uma parceria entre os norte-americanos da Davidson Kempner e os britânicos da Pioneer Point Partners. O projeto contempla vários edifícios para albergar servidores, sendo que, nesta primeira fase, está em causa uma primeira estrutura menor do que os restantes, num investimento de 130 milhões de euros que não deverá sofrer revisões: “Para esta primeira fase, conseguimos mitigar parte [do aumento de custos], porque fizemos o hedging antes”, sublinha o responsável, referindo-se à estratégia de compras antecipadas.

Mas o Sines 4.0 previa “um volume final de investimento de até 3,5 mil milhões de euros” até 2027. Esse valor, no fim, deverá ser superior, antecipa Afonso Salema. “Vai ser um valor revisto em alta, o que acaba por se refletir, depois, no preço que passamos aos nossos clientes. Mas, como é um fator que afeta toda a Europa, porque nós estamos dependentes é de cadeias de valor internacionais, nós continuamos a ser altamente competitivos versus o resto da Europa”, assegura.

Alegando um forte foco na sustentabilidade, a Start Campus pretende recorrer a energia renovável para alimentar este empreendimento. Existem 1.500 hectares de solo “em várias localizações” reservados para instalar painéis solares e uma intenção, ainda não materializada, de recorrer a água do mar para arrefecer os servidores.

Para tal, como o ECO noticiou, a empresa quer reaproveitar a estrutura de captação de água usada para arrefecer as turbinas da antiga central elétrica, mas as negociações ainda estão em curso. “Estamos a finalizar as negociações com a EDP e esperamos chegar a bom porto, porque não faz sentido ter de destruir aquilo. Esperamos que a EDP seja razoável”, afirma.

O objetivo não é “necessariamente” adquirir a estrutura, porque a empresa admite ficar a gerir parte da mesma para dar acesso a outros que a queiram usar, aponta Afonso Salema. “Todos os data centers que foram bem-sucedidos foram por acesso aberto. E nós não nos importamos de ficar a gerir parte da infraestrutura e, se vier mais alguém que precise, numa perspetiva de colaboração para promover o crescimento de Sines, não vemos mal nenhum nisso”, aponta.

Questionado sobre novos acordos com cabos submarinos ou se já tem clientes na calha para o Sines 4.0, Afonso Salema escusa-se a comentar, por estar “sujeito a acordos de confidencialidade muito fortes”. Todavia, refere que a Start Campus está a trabalhar com a Ella Link, dona do cabo submarino que liga Sines a Fortaleza (Brasil), no projeto de construção de uma ligação entre Sines e Lisboa. Um cabo que foi batizado de Olisipo e que foi anunciado no final do ano passado.

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Americanos “sentam-se” no pódio das exportações de mobiliário

Indústria portuguesa aproveita “viragem” dos EUA para marcas europeias e problemas na Ásia para recorde nas exportações. Setor emagrece margens e espera "envelope” do PT2030 para investir dez milhões.

Com um crescimento “muito significativo” nas compras a Portugal, na ordem dos 27%, os Estados Unidos da América (EUA) ultrapassaram a Alemanha no terceiro lugar da lista dos melhores mercados externos para a indústria portuguesa do mobiliário. A progressão nos negócios realizados do outro lado do Atlântico contribuiu para um novo recorde nas exportações do setor em 2022, a rondar os 2.000 milhões de euros, 8% acima do anterior valor máximo, registado um ano antes da pandemia.

“Trata-se do maior mercado mundial e assistiu-se a uma viragem desse mercado para as marcas europeias devido aos problemas de fornecimento da Ásia e à aposta de um maior número de empresas portuguesas nesta geografia, muitas delas com estratégia de crescimento muito sustentadas para os diferentes estados americanos”, justifica Gualter Morgado, diretor executivo da principal associação do setor (APIMA), em declarações ao ECO.

No topo da lista de melhores destinos para o mobiliário português — perspetivado como um cluster, inclui indústrias como o mobiliário, a colchoaria, os têxteis-lar, a cutelaria, a cerâmica, a iluminação e a tapeçaria –, estão França (quota de 33%) e Espanha (25%). Seguem-se os EUA (6,24%), a Alemanha (5,38%) e o Reino Unido (5,11%), segundo os dados oficiais compilados a partir das estatísticas de comércio internacional publicadas pelo INE.

Assistiu-se a uma viragem desse mercado [dos EUA] para as marcas europeias devido aos problemas de fornecimento da Ásia e à aposta de um maior número de empresas portuguesas nesta geografia.

Gualter Morgado

Diretor executivo da APIMA

Enquanto “o mercado alemão é mais volátil, devido à forma como as centrais de compras influenciam o negócio, devido à escala que têm no mercado”, o britânico continua a “demonstrar variações muito inconstantes devido ao brexit”. Perante os “condicionamentos” logísticos e legais causados pela saída da União Europeia, o porta-voz da APIMA descreve que “algumas empresas inglesas abriram novas empresas no espaço comunitário para contornar as dificuldades geradas pelo processo de exportação”.

Sem dispor ainda de informação estatística sobre as quantidades vendidas no estrangeiro ao longo do último ano, o dirigente associativo reconhece que “a inflação [teve] influência direta no valor recorde obtido com as exportações”, que, em termos homólogos, aumentaram 12% no ano passado. No entanto, ressalva que “o crescimento registado é superior ao valor da inflação e explica-se igualmente pela retoma dos certames e pela penetração em novos mercados” internacionais.

Gualter Morgado, diretor executivo da APIMAAPIMA

Já questionado sobre a progressão dos preços das matérias-primas e a passagem desses custos adicionais para os clientes, Gualter Morgado admite que “face ao significativo aumento dos preços das matérias-primas, a indústria foi obrigada a rever em alta os valores praticados”. No entanto, acrescentou o mesmo responsável, “não o fez na mesma proporção, emagrecendo as margens praticadas, de modo a conseguir manter e suportar os clientes no período pós-pandemia”.

À espera de “envelope” para investir dez milhões

As exportações representam cerca de 80% do volume total de negócios do cluster do mobiliário e afins. No ano em que superou em 8% o anterior valor máximo nos negócios fora do país, registado em 2019, pré-pandemia, o mercado nacional “revelou-se estável, com uma diminuição no mobiliário doméstico e uma retoma do setor hoteleiro, fruto de renovações e da construção de novos hotéis” no país.

Já 2023 arrancou com dezenas de fabricantes portuguesas a participar em algumas das principais plataformas comerciais da Europa, como a Maison & Objet, em Paris, e a Intergift, em Madrid. Agendadas para o primeiro semestre deste ano estão ainda viagens até Milão (Salone del Mobile), Nova Iorque (ICFF) e Colónia (IMM). Ao nível da promoção, os industriais vão fechar a primeira fase do ano com o Portugal Home Week, classificado como o maior evento nacional de promoção da Fileira Casa, marcado para 15 e 16 de junho na Alfândega do Porto.

Ao abrigo do chamado mecanismo extraordinário de antecipação de verbas do PT2030, a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins, presidida por Joaquim Carneiro, apresentou um projeto no valor de dez milhões de euros, que contempla ações nas principais plataformas internacionais, seja feiras em ações presenciais, seja em plataformas digitais, centrando a sua estratégia de crescimento na Europa, Médio Oriente, América do Norte e na Ásia.

O secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, já admitiu que as candidaturas ainda estão a ser avaliadas e que só em maio haverá uma decisão e, em caso de sucesso, as verbas começarão a ser pagas. No caso da APIMA, descreve o diretor executivo, foram “antecipadas as necessidades” e todas as ações estão “cobertas” até junho. Ainda assim, alerta Morgado, a aprovação deste novo projeto “urge devido aos compromissos que [tem] de assumir para assegurar a presença nos certames do segundo semestre e do próximo ano”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 14 de março

  • ECO
  • 14 Março 2023

Ao longo desta terça-feira, 14 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 14 Março 2023

No dia em que Fernando Medina continua nas reuniões do Ecofin em Bruxelas, António Costa reúne-se com Pedro Sánchez em Lanzarote para mais uma cimeira ibérica.

No dia em que a Mercadona apresenta os resultados financeiros referentes a 2022, ano em que conseguiu ultrapassar o Minipreço em Portugal, António Costa reúne-se com Pedro Sánchez em Lanzarote para a 34.ª Cimeira Luso-Espanhola. A Associação Portuguesa de Bancos vai ao Parlamento falar sobre a atuação do setor no “desajustamento dos juros nos depósitos a prazo”.

Mercadona apresenta contas de 2022

A Mercadona apresenta esta terça-feira de manhã, em Valência, os dados financeiros relativos ao ano de 2022. Os resultados surgem após a líder de mercado em Espanha ultrapassar, no último trimestre do ano passado, a cadeia do Minipreço em Portugal, controlada pelo grupo espanhol Dia. A Mercadona entrou em Portugal a julho de 2019 e conta com dez vezes menos lojas em Portugal do que a insígnia concorrente que, segundo novos rumores na imprensa espanhola, poderá estar de saída do mercado português.

Segundo dia da reunião do Ecofin

Prossegue esta terça-feira a reunião de dois dias do Ecofin, em Bruxelas, com Fernando Medina a representar o governo português. A reunião dos ministros que são responsáveis pela Economia e Finanças, presidida pela sueca Elisabeth Svantesson, está a fazer o balanço da evolução macroeconómica e orçamental na área do euro, assim como da inflação no espaço da moeda única. O quadro de governação económica e os objetivos estratégicos de um euro digital são outros tópicos em debate na capital belga.

Cimeira Ibérica em Lanzarote

O primeiro-ministro, António Costa, irá reunir-se esta terça-feira com o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, em Lanzarote, no âmbito 34.ª Cimeira Luso-Espanhola, cujo tema é “Portugal e Espanha: A Europa no Atlântico”. O encontro realiza-se na Casa-Museu de José Saramago e terá a duração de dois dias. O último encontro de alto nível entre os dois países decorreu em Viana do Castelo, em novembro do ano passado, tendo estes encontros como objetivo o planeamento de áreas de ação conjunta, dos transportes à cultura.

Representante dos bancos ouvido no Parlamento

A Associação Portuguesa de Bancos (APB) é ouvida esta tarde, pelas 15h, na Assembleia da República, por requerimento do grupo parlamentar do PSD, sobre a atuação do setor bancário. De acordo com a agenda da Comissão de Orçamento e Finanças, onde será ouvido o presidente da APB, Vítor Bento, em causa está a “atuação do setor na comercialização do crédito habitação e seus pedidos de renegociação, bem como o desajustamento dos juros nos depósitos a prazo face às condições de mercado”.

OCDE apresenta Exame de Desempenho Ambiental em Sintra

O diretor do Ambiente da OCDE, Jo Tyndall, apresenta esta terça-feira as conclusões e recomendações do Exame de Desempenho Ambiental no Palácio Valenças, em Sintra, contando com a presença do Ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal, Duarte Cordeiro. Haverá ainda lugar a um seminário sobre como enfrentar os desafios ambientais, presidido pela Secretária-Geral do Ambiente e Ação Climática Alexandra Carvalho, com o Presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Filipe Duarte Santos como orador.

(Correção: Uma versão anterior deste artigo referia que a audição da APB estaria agendada para a manhã desta terça-feira; na verdade, a sessão está agendada para a tarde. Era ainda referido que Faria de Oliveira seria o presidente da APB; na verdade, o atual presidente da APB é Vítor Bento. Aos leitores e visados, as nossas desculpas.)

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Ecossistema nacional mostra-se confiante nos reguladores para estancar efeitos colaterais da falência do SVB

Ecossistema reagiu ao colapso do 'banco das startups' num esforço para conter o que temem possa transformar-se num novo Lehman Brothers.

Com “muitos dos clientes” expostos ao turbilhão do norte-americano Silicon Valley Bank (SVB), a Remote decidiu assegurar o pagamento dos salários de março aos seus colaboradores. No ecossistema, outros empreendedores, como o CEO da criadora do ChatGPT, também avançaram que iam apoiar financeiramente as startups impactadas pelo que muitos temem possa vir a transformar-se no Lehman Brothers do ecossistema – apesar de os fundos afastam este cenário.

A decisão da unicórnio com ADN português — que contrata e gere o payroll, entre outras funções, de trabalhadores remotos para outras companhias — de garantir o pagamento dos salários dos colaboradores das empresas clientes afetadas pelo colapso do SVB foi conhecida logo após a instituição financeira, conhecida como o banco das startups, ter sido intervencionado num momento em que muitos empreendedores aguardavam ainda indicações sobre o nível de proteção dos seus depósitos.

“Até final março e, dependendo de certos países, até mais do que março (vamos assegurar o payroll). Temos de garantir a maior estabilidade possível a duas entidades diferentes: às pessoas que estão contratadas através de nós e às pessoas que nos contratam para contratar estas pessoas”, justifica Marcelo Lebre, cofundador Remote, à ECO Pessoas. A unicórnio contrata cerca de 1.000 pessoas em cerca de 80 países.

“Temos neste banco uma vasta maioria de empresas nascentes, startups, scaleups. Mesmo empresas públicas e muitas tecnológicas têm ali grande parte dos seus ativos. E, de um momento para o outro, ficam em insolvência porque todos os seus ativos ficam cativos”, descreve Marcelo Lebre.

Deixar cair o banco “podia apagar de um momento para o outro milhares de empresas que são a base tecnológica do empreendedorismo”. “O impacto que isto teria seria simplesmente devastador”, continua, comparando o potencial efeito com a onda negra gerada na economia mundial com a queda do Lehman Brothers, em 2008.

A lista de empresas com exposição direta ao SVB é longa e não se circunscreve aos EUA, como evidencia a compilação feita pela Reuters. Não era o caso da Remote, mas a unicórnio — que chegou em tempos a ter conta no SVB — tinha “muitos dos clientes” com parte ou totalidade dos seus depósitos no banco.

Esta segunda-feira, a pressão aliviou com o anúncio do Federal Deposit Insurance Corporation (FDCI) de que a totalidade dos depósitos estava garantida. “Felizmente, o FDIC garantiu que os depósitos iam ser honrados. Ou seja, não só os 250 mil dólares [garantidos], como irão repor a totalidade do dinheiro que estava lá depositado. O que não vão garantir é investimentos com base de risco, numa ação que desvalorizou”, refere o chief operating officer da Remote.

Com este anúncio chegou “um alívio brutal” para todas estas empresas que vão poder mexer no seu dinheiro. Alivia a pressão também para a Remote. “De forma geral, começamos já a ter feedback bastante positivo de uma grande parte dos clientes. Em teoria, não há motivo para haver problema”, considera o responsável.

“Na Remote temos uma operação muito grande a nível mundial, um balance sheet muito bem tratado e de boa saúde, que nos permite dar a garantia a estas pessoas de que estamos a aguentar o barco enquanto as pessoas que [as] contratam através de nós resolvem a sua vida”, diz. Ainda assim, reconhece, “durante um bom bocado colocámo-nos na linha de fogo”.

“Foi uma decisão calculada. Pusemo-nos na linha de fogo, mas honestamente gostaríamos que tivessem feito o mesmo por nós. Ou ajudávamos as empresas que conseguem a continuar a operação, fossem eles levantar dinheiro em capital de risco ou tentar vender partes da empresa, ou então estaríamos a assinar a sentença de morte garantida de todas estas empresas”, diz Marcelo Lebre.

Ainda é cedo para ter certezas sobre se as medidas já tomadas irão travar o efeito de contágio. Ainda mais porque há cerca de dez bancos, embora de menor dimensão, impactados pelo ocorrido no SVB. “Ainda não é claro se parou ou não a onda que se estava a gerar”, diz o cofundador, mas “se o banco tivesse simplesmente caído estávamos perante uma recessão global muito pior do que a de 2008”, acrescentou.

Investidores mostram apoio ao ecossistema

A onda de choque gerada gerou movimentações no ecossistema. Conhecido o colapso do banco, vários empreendedores, incluindo Sam Altman, o CEO da OpenAI — empresa por trás do ChatbotGPT — avançaram que iriam apoiar financeiramente as startups afetadas, permitindo-lhes pagar salários até à situação do SVB ser resolvida.

A fintech Brex também anunciou que iriam oferecer linhas de crédito de emergência. Segundo o co-CEO, Henrique Dubugras, receberam mais de 1,5 mil milhões de dólares de pedidos, de cerca de 1.000 empresas só no fim de semana, noticiou a Reuters. Altman da OpenAI terá ainda encorajado os investidores a avançar com fundos de emergência para apoiar as startups.

Os fundos estão também a acompanhar este processo. “Antes de sabermos os detalhes do que levou ao colapso e as respostas da resolução do banco, houve uma preocupação generalizada por parte dos fundos para evitar que as empresas deixassem de ter tesouraria para cumprir as obrigações de curto prazo”, comenta Pedro Ramalho Carlos, partner da Shilling, à ECO Pessoas. “Calculo que, neste momento, a maior preocupação dos fundos estará mais do lado da substituição de linhas crédito de venture debt que existiam no SVB e que poderão estar em risco“, continua.

“Os fundos, por definição, são empresas privadas e, portanto, podem fazer o que quiserem, dentro da legalidade, desde que seja benéfico para os seus investidores, e em linha com a sua tese de investimento”, reage Rita Vilas Boas, quando questionada sobre o que os fundos podem fazer para apoiar as startups a navegar esta fase.

“Agora, se vejo isto como uma oportunidade para os fundos de investimento? Creio que sim, porque podem entrar em startups que de outra forma não poderiam entrar“, considera a business angel. “Veja-se o exemplo do Reino Unido, uma realidade mais próxima de nós. Houve imediatamente um movimento dos fundos de investimentos a comunicar às startups e aos seus fundadores que pedissem ajuda, etc., de forma a não ficarem ‘sem rede'”, diz.

“Com sentido de urgência haverá que lidar com os desafios das startups com presença direta nos mercados impactados, por exemplo com equipas a quem têm de pagar salários e estão com dificuldades em aceder à sua liquidez e usar os mecanismos que dispunha com o SVB – os fundos poderão apoiar as empresas no acesso a financiamento ou, sendo possível, decidir eles próprios providenciar meios temporários às empresas, como rondas internas intermédias ou como empréstimos de curto prazo”, comenta João Pereira, Diretor da Investimento da área de Digital & Tecnologia da Portugal Ventures, à ECO Pessoas. Num outro nível, “os fundos reforçarão a literacia financeira e as boas práticas relacionadas com a relação bancária e a gestão da liquidez, procurando minimizar os riscos associados a eventos inesperados como este do SVB.”

Rita Vilas Boas afasta um cenário à Lehman Brothers no ecossistema. “Embora esta intervenção tenha sido a maior feita pelo governo americano no sistema bancário desde a crise financeira de 2008, as ações foram bastante limitadas comparativamente com o que aconteceu há 15 anos. Não há resgate previsto nem o dinheiro dos contribuintes estará envolvido, conforme afirmou o Presidente Joe Biden no seu discurso de 13 de março”, diz.

A business angel recorda ainda que o braço do SVB no Reino Unido foi vendido esta segunda-feira por uma libra ao HSBC e o negócio garantiu a salvaguarda do dinheiro dos depositantes. “O SVB no Reino Unido tem 3.300 clientes; as startups no Reino Unido empregam 1,8 milhões de pessoas e o ecossistema vale quase 1 trilião de dólares. O SVB UK era o banco de escolha das startups no Reino Unido, e que vimos o governo a agir rapidamente e assim aconteceu”, continua.

O mesmo considera Pedro Ramalho. “O colapso do SVB tem características muito distintas do Lehman Brothers. Basicamente, o SVB (e muitas outras instituições bancárias) foram surpreendidas com o rápido aumento das taxas de juro, que os próprios bancos centrais não previram. Em teoria, o risco é para o sistema financeiro como um todo, e não particularmente para as startups. Porém, as medidas tomadas parecem ser eficazes a mitigar o risco de novos bank runs“, considera o partner da Shilling. “Não me parece que as mudanças no SVB tenham efeito material no ecossistema empreendedor americano, e ainda menos no europeu e português“, argumenta.

“Os mercados financeiros dependem não só de agentes “racionais”, mas também da perceção e expectativas quanto à saúde do sistema. Esta intervenção dos governos e instituições, rápida e decisiva, tem como objetivo suster a perda de confiança. Como todos temos experiência, estes eventos têm a capacidade de impactar fortemente o nível de atividade económica”, comenta João Pereira.

(notícia atualizada às 15h05 com mais informação)

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Falência do Silicon Valley Bank promete abanar o ecossistema de startups

A falência do Silicon Valley Bank não é apenas um problema bancário, mas também um murro no estômago do ecossistema de startups que viu desaparecer um importante agente de financiamento da indústria.

A falência do Silicon Valley Bank (SVB) foi uma pedrada que se abateu no setor bancário norte-americano com réplicas pelo mundo fora. As bolsas caíram a pique, os receios de uma nova crise financeira a fazer relembrar a crise de 2008 tomaram conta de investidores e aforradores por todo o mundo, e os reguladores americanos e europeus atiraram-se rapidamente ao problema para estancar o medo e o pânico que corria nas ruas.

No centro da crise do SVB estiveram decisões de gestão erróneas da administração do banco que promoveram a construção de uma carteira de ativos completamente desalinhada com a estrutura de risco dos seus clientes. Esta realidade fez com que, numa situação inesperada como foi a galopante subida das taxas de juro, tivesse lugar uma desvalorização profunda dos ativos que assustou o mercado e que rapidamente escalou o problema para outra dimensão com o despoletar de uma corrida aos depósitos por parte dos clientes.

O impacto da falência do banco no Vale do Silício, na Califórnia, é tão grande que, no sábado, a reconhecida incubadora e aceleradora de startups Y Combinator estimava que o provável congelamento das verbas depositadas no SVB por parte de algumas das startups da sua comunidade poderia impactar o processamento de salários e o pagamento de contas de mais de 10 mil empresas e startups.

A atividade do Silicon Valley Bank não se resumia a apoiar as startups. Atuava também como investidor de fundos de venture capital.

No entanto, as réplicas deste drama bancário sentem-se para lá do setor financeiro. Têm-se feito sentir por todo o ecossistema de startups porque o SVB não era um simples banco depositário dos recursos das startups do Vale do Silício. Era um importante agente deste setor, atuando também como financiador destas empresas e da indústria.

O SVB chegou inclusive a assumir posições bem mais arriscadas que muitos fundos de capital de risco. É disso exemplo a concessão de créditos a startups por troca de futuras participações nas empresas, como sucedeu com a Airbnb, a Fitbit ou a Pinterest. Foi assim que levantou quase 14 milhões de euros no IPO da FitBit e, mais recentemente, quando assumiu os direitos de adquirir 400 mil ações a 1 dólar por ação na abertura ao capital da Coinbase em Bolsa – no primeiro dia de negociação, os títulos desta corretora de criptoativos fechou acima dos 325 dólares.

Não foi por isso de estranhar que mais de uma centena de empresas de capital de risco e de investidores individuais assinaram uma declaração de apoio ao SVB, também com o intuito de limitar as consequências do colapso do banco e evitar um possível “evento ao nível da extinção” para as empresas de tecnologia.

O SVB era um importante agente no ecossistema do Vale do Silício e do universo global de startups, como mostra uma breve lista de empresas com depósitos e créditos junto do SVB, publicada pela Reuters. Mas não só. A atividade do SVB não se resumia a apoiar as startups. Atuava também como investidor de fundos de venture capital dos poderosos Accel Partners ou Sequoia Capital.

A falência do SVB terá por isso impacto sobre todo o ecossistema, mais ainda porque como se viu na segunda-feira, os efeitos colaterais do colapso do SVB fizeram-se sentir com estrondo sobre todos os bancos com estruturas de capital e operações semelhantes ao SVB.

Além disso, é importante notar que a falência do SVB surge numa altura em que o ecossistema passa por um período de teste. Num relatório do SVB apresentado a 8 de março, a gestão do banco referia que os seus clientes (maioritariamente startups e fundos de venture capital) “estão a queimar dinheiro a um ritmo duas vezes superior aos níveis anteriores a 2021 e não se ajustaram ao ambiente mais lento de angariação de fundos.

Essa realidade é bem visível pela queda a pique do volume de investimento por parte dos venture capital no último ano. “Os investimentos globais de venture capital diminuíram todos os trimestres [de 2022], terminando o ano com uma queda de 36% em relação a 2021” referem Andre Fernandes e Alice Leonard no relatório “Global Venture Capital Outlook: The Latest Trends“, da Bain & Company, publicado a 2 de março.

Estes números e as falências do SVB ou do Signature Bank (uma instituição com mais de 100 mil milhões de euros) não significa que o fim do ecossistema de startups e da indústria de venture capital. Significa apenas que o venture capital vai sofrer”, refere Filipe Garcia, economista da IMF, sublinhando a normalidade desse cenário em função de todos os factos dos últimos dias. No entanto, refere também que “não vai morrer” e que “os investidores é que poderão ser mais seletivos e muitos projetos podem simplesmente desaparecer.

O relatório da Bain & Company, por exemplo, revela que apesar da dimensão média dos negócios e o investimento realizado pelos fundos de venture capital terem diminuído na maioria das fases de financiamento em 2022, o financiamento em fase de seed aumentou 4% no último ano. “A inovação está a chegar e os investidores de venture capital estão a apostar nela, deslocando o seu foco para as fases de seed, enquanto esperam que a turbulência do mercado diminua.

Cristina Fonseca, cofundadora da Talkdesk e general partner da Indico, uma sociedade que gere quatro fundos de capital de risco, vai mais longe. Destaca que a falência do SVB “não tem nada a ver com a nossa indústria, exceto que muitos clientes eram startups e fundos de Silicon Valley porque são da mesma região.”

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Fim dos vistos gold põe em risco 425 milhões de investimento da Mercan em Portugal

  • Ana Petronilho
  • 14 Março 2023

Canadianos com 27 projetos hoteleiros no país dizem que fim dos vistos gold pode resultar ainda na perda de 565 novos empregos diretos e avisam que investidores podem pedir indemnizações em tribunal.

O fim dos vistos gold em Portugal põe em risco 425 milhões de euros do investimento da Mercan Properties no país, que tem previsto abrir três hotéis nos próximos meses em Évora e no Porto. Ao ECO, esta que é uma das maiores promotoras de imobiliário no segmento da hotelaria em território nacional – faz parte do grupo canadiano Mercan – diz que com o fim do regime da Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), conhecido como vistos gold, a partir de 16 de fevereiro, ao “impacto estimado” que ascende a “425 milhões de euros envolvidos em oito projetos”, soma-se ainda “a perda de criação de 565 postos de trabalho diretos e 690 indiretos”, salienta Miguel Gomes, Construction & Development General Manager.

A Mercan Properties, que entrou em Portugal em 2015, diz ainda ao ECO que tem 27 projetos hoteleiros no país, em diferentes fases de desenvolvimento e em várias localizações, como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Amarante, Lisboa, Beja, Santiago do Cacém, Évora e, no Algarve, em Lagos, Portimão e Faro. Destes projetos, cinco empreendimentos estão já em pleno funcionamento.

No total, o investimento da MercanProperties no setor da hotelaria ascende a 1,1 mil milhões de euros, estando previsto subir para 1,4 mil milhões até ao final de 2023. Através da promotora já investiram no país 2.500 investidores estrangeiros via regime de vistos gold, dos quais 1.200 fizeram-no no ano passado.

Apesar de ser “sensível” à crise da habitação e de reconhecer “intenções positivas” por parte do Governo no pacote legislativo, que está em consulta pública, Miguel Gomes considera que a maioria das medidas propostas “serão inadequadas, ineficazes ou até impraticáveis”. E algumas, alerta, serão até “contraproducentes”, como diz ser o caso do fim dos vistos gold.

Recusando o impacto dos vistos gold na subida dos preços da habitação, o diretor geral da Mercan Properties alerta ainda que “as consequências do fim do regime serão enormes”. Podem resultar numa “transferência de investimentos para outros países com características semelhantes a Portugal”, dando o exemplo de Espanha, e podem provocar “um travão ao desenvolvimento económico e à reabilitação urbana do país”. Miguel Gomes estima que a extinção dos ARI possa resultar em perdas imediatas, no global e apenas no segmento de hotelaria, “na ordem dos 600 milhões de euros, devido à suspensão de investimentos em curso”.

Desde o anúncio do Governo gerou-se uma “desconfiança” dos investidores no país. A Mercan Properties diz ao ECO que tem recebido notas de preocupação de “milhares” de investidores e que podem resultar num “acréscimo de litigância nos tribunais”, a reclamar indemnizações ao Estado. As medidas propostas estão em consulta pública até 24 de março e serão aprovadas em Conselho de Ministros a dia 30 do mesmo mês.

Entre os vários projetos da Mercan Properties em Portugal está a reabilitação de dois hotéis em Lagos com um investimento de 107,8 milhões de euros e que vão ser explorados pela empresa AHM, Ace Hospitality Management, com a marca Hilton. As novas unidades hoteleiras, o antigo Lagos Marina Hotel que passa a Curio Collection by Hilton e o Garden Inn Lagos, vão abrir portas no verão de 2024.

Outro dos investimentos previstos é a construção de um hotel em Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, para onde vão ser canalizados 18,2 milhões de euros e que também vai ser inaugurado no verão de 2024.

Com sede no Canadá, o Grupo Mercan conta com mais de 30 anos de experiência nas áreas da consultadoria de investimentos. Além de marcar presença em Portugal, tem também atividade nos Estados Unidos, nos Emirados Árabes Unidos, na China e em vários pontos do Sudoeste Asiático.

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CEO da EDP recebeu 1,8 milhões de euros em 2022

A António Mexia, antigo CEO, a elétrica pagou ainda 800 mil euros como contrapartida da obrigação de não concorrência, assim como 145.896,72 euros relativos a prémios de seguro.

A EDP pagou uma remuneração bruta de 1,8 milhões de euros ao CEO, Miguel Stilwell d’Andrade, no ano de 2022, uma quantia que junta montantes relativos aos mandatos de 2018-2020 e 2021-2023. No total, a elétrica entregou 6,3 milhões de euros aos membros do conselho de administração executivo em funções, no ano passado. Entre os critérios à luz dos quais a Comissão Executiva da elétrica é avaliada, estão vários ligados à sustentabilidade — e existiu a validação de um consultor externo.

A informação foi divulgada na segunda-feira, no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A remuneração poderia ter sido superior, consoante os objetivos atingidos. O presidente do Conselho de Administração Executivo pode auferir de até 2.600.000 euros, e os restantes, no seu conjunto, podem receber até 7.280.000 de euros.

A EDP define como remuneração base anual do CEO 800 mil euros, enquanto os restantes membros da Comissão Executiva auferem 560 mil euros base anuais.

Aos valores base soma-se a remuneração variável anual: tem como limite os 640 mil euros, no caso do CEO, e os 448 mil euros no caso dos restantes membros – o correspondente a 80% da remuneração base. Para terem direito a esta fatia extra, os elementos do Conselho Executivo tem de atingir mais de 85% dos objetivos fixados. Se forem atingidos entre 85% a 95% dos objetivos, podem receber entre 10% a 25% da remuneração base; se o desempenho se situar entre os 95% e os 100%, é devido um montante entre 25% a 52,5% da remuneração base. Se os objetivos forem superados, indo para além do estabelecido e até aos 110%, já pode ser atribuído um montante até aos 80%. Mais do que 110% de desempenho dá direito, seguramente, ao total dos 80%.

Os executivos são avaliados de acordo com critérios quantitativos – o crescimento, a remuneração acionista, solidez de balanço, eficiência operacional e indicadores ESG (resultados do Dow Jones Sustainability Index, desempenho no estudo anual de clima de colaboradores e desempenho no índice de satisfação de clientes) – mas também qualitativos, como a implementação do plano de negócios, a gestão de equipas, o trabalho em equipa e a gestão de stakeholders.

“O pagamento da remuneração variável anual fica condicionado à permanência dos membros do conselho de administração executivo em funções até ao termo do período anual de desempenho relevante”, indica ainda o documento.

Fora o salário base e a remuneração variável anual, o relatório aponta ainda uma terceira componente, a plurianual. “A remuneração variável plurianual máxima não poderá ser superior a 145% da remuneração base total auferida no período plurianual de referência de desempenho”, e é atribuída consoante o cumprimento de objetivos financeiros e não financeiros de longo prazo. Esta componente é paga em ações da EDP.

Mais uma vez, é preciso atingir pelo menos 85% dos objetivos fixados, e a partir daí, cresce em diferentes intervalos, sendo que os 145% só são devidos se atingidos mais de 110% dos objetivos. Neste âmbito, é novamente considerada a remuneração acionista, o crescimento da empresa, indicadores ESG e a gestão de stakeholders. É avaliada ainda a estratégia e execução, o desenvolvimento de colaboradores e o trabalho em equipa e novas formas de trabalho.

No ano passado, a comissão de vencimentos do Conselho Geral e de Supervisão contratou a Mercer como consultora externa para a prestação de apoio na validação e certificação do cálculo da remuneração variável anual e plurianual dos membros do conselho de administração executivo, esclarece ainda a empresa.

Em 2022 foram ainda pagos 800 mil euros ao anterior CEO, António Mexia, como contrapartida da obrigação de não concorrência, assim como 145.896,72 euros relativos a prémios de seguro de saúde e de seguro de vida e de Seguro de Vida PPR. Em maio de 2022 foi ainda restituído o montante de 73.375,83 euros relativo ao IRS retido com referência ao ano de 2021. A isto soma-se a remuneração variável plurianual referente a 2019, no montante de 692.720 euros.

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Seguradoras americanas podem perder mais de 800 milhões com SVB

  • ECO Seguros
  • 14 Março 2023

A indústria seguradora americana pode enfrentar até 800 milhões de dólares em perdas de investimentos do banco extinto Silicon Valley Bank, escreve publicação Intelligent Insurer.

A indústria seguradora americana pode enfrentar até 800 milhões de dólares em perdas de investimentos no banco falido Silicon Valley Bank, segundo a publicação especializada Intelligent Insurer.

Mas a maioria dos bancos dos E.U.A. está segurada pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma agência governamental que existe desde a Grande Depressão. As contas no Silicon Valley Bank foram seguradas pelo FDIC – até 250 mil dólares.

Um recente registo regulamentar revela que cerca de 90% dos depósitos não tinham seguro em dezembro de 2022. O FDIC diz que é “indeterminado” quantos depósitos não estavam segurados quando o banco fechou.

Em resposta ao colapso, o FDIC criou uma nova entidade, o Deposit Insurance National Bank of Santa Clara, para todos os depósitos segurados para o Silicon Valley Bank, nesta segunda-feira. Os clientes que tinham depósitos não segurados receberão um dividendo adiantado e um pequeno certificado, mas não é uma garantia de que receberão a totalidade do capital.

O trabalho do FDIC é obter o montante máximo dos ativos do Silicon Valley Bank. Isso pode acontecer através de duas vias. Uma é que outro banco adquira o SVB, obtendo os depósitos no processo. Na melhor das hipóteses, essa aquisição significa que todos recebem todo o seu dinheiro. E esse é o melhor cenário possível, não só para todos os que querem receber o seu salário a tempo, mas também porque a maior missão do FDIC é assegurar a estabilidade e a confiança do público no sistema bancário dos E.U.A..

Se a aquisição não acontecer, o FDIC avalia, vende os ativos associados ao Silicon Valley Bank durante um período de semanas ou meses, com os lucros a irem para os depositantes. Os depósitos não segurados estão no topo da escala de reembolso, atrás apenas das despesas administrativas e dos depósitos segurados. Assim, mesmo que uma venda não aconteça em breve, as probabilidades são altas de os clientes recuperarem o seu dinheiro.

O financiamento para tudo isto vem, por enquanto, do Fundo de Seguro de Depósitos do FDIC, que, afirmou, protegerá todos os depositantes da instituição. Embora isso deixe de fora os acionistas e “certos” detentores de dívidas sem garantia, significa que os clientes do banco podem, na sua maioria, retomar os negócios.

Joe Biden comentou a situação numa tentativa de tranquilizar o público, e disse que os fundos do Silicon Valley Bank ainda “estariam lá quando precisasse deles” sem exigir um salvamento financiado pelos contribuintes. O dinheiro utilizado não provém dos impostos, mas sim dos prémios de seguros pagos pelos bancos, e dos juros ganhos sobre o dinheiro investido nas obrigações do governo dos EUA, de acordo com o FDIC.

Nesta segunda-feira, o Wall Street Journal relatou que funcionários do FDIC disseram aos senadores que planeiam tentar leiloar novamente o banco fechado. Segundo o WSJ, declarar o fracasso do banco “uma ameaça ao sistema financeiro” permite agora alguma flexibilidade extra que não existia antes.

O regulador financeiro suíço FINMA disse, nesta segunda-feira, que estava a tentar identificar quaisquer riscos potenciais de contágio para os bancos e seguradoras do país após os colapsos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank (SBNY.O).

O Bundesbank alemão reuniu a sua equipa de crise, no mesmo dia, para avaliar as possíveis consequências do colapso do SVB no mercado local, mesmo não estando prevista qualquer ação de emergência na Europa.

O Banco da Inglaterra facilitou uma venda privada do braço britânico do SVB para o HSBC, que protegeria os depósitos sem o apoio do contribuinte.

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AM Best defende testes de stress

  • ECO Seguros
  • 14 Março 2023

Os testes de stress e a análise de cenários do impacto do aumento das taxas de juro é crucial, segundo AM Best.

Embora a exposição das seguradoras ao setor bancário se estenda para além dos impactos do stock, os fornecedores de seguros de vida são menos vulneráveis ao tipo de volatilidade a curto prazo verificada com a falência do Silicon Valley Bank (SVB), de acordo com a AM Best.

A agência de rating informou que, com base em dados do fim de ano de 2021, apenas oito empresas têm uma exposição obrigacionista ao SVB superior a 2% do seu capital e excedente, sendo o máximo inferior a 5%.

Em termos mais gerais no setor bancário e fiduciário, cinco seguradoras têm uma exposição patrimonial superior à sua posição de capital, e 20 têm uma exposição que totaliza pelo menos metade do seu capital.

“O fracasso do SVB, juntamente com o recente encerramento do Silvergate Bank, causou um choque a uma série de ações no setor bancário. Como já vimos, algumas das principais ações bancárias perderam valor significativo”, disse Sridhar Manyem, diretor sénior, investigação e análise da indústria, AM Best.

“A exposição das seguradoras ao setor bancário estende-se para além dos impactos do preço das ações, embora muitas seguradoras dependam dos bancos para linhas de crédito, distribuição, coberturas e outros aspetos operacionais. No entanto, as seguradoras de vida não são tão vulneráveis à volatilidade a curto prazo e a um cenário de corrida ao banco que vimos com o SVB, ou bancos em geral”, acrescentou Manyem.

De acordo com a agência de rating, exemplos como a Equitable Life no Reino Unido em 2001, a General American em 1999, e a Executive Life em 1991 demonstram que a possibilidade existe, e sublinha a importância do ERM em geral, e da gestão do risco de liquidez em particular.

“Os gestores de investimento estão a navegar num ambiente de taxas de juro que não se via há décadas, e as lições do passado podem ajudar a isolar de erros futuros. Os testes de stress e a análise de cenários do impacto do aumento das taxas de juro na gestão do ativo-passivo e a gestão proativa destas tensões através de ações estratégicas e gestão de capital seriam considerados favoravelmente para as seguradoras com exposições sensíveis aos juros”, disse Manyem.

 

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Joana Tavares reforça RH da Aon Portugal

  • ECO Seguros
  • 14 Março 2023

"A gestão Recursos Humanos é um tema importante para o qual a Aon se quer destacar na atração, retenção e desenvolvimento de Talento", diz Carlos Freire, CEO Aon Portugal. Corretora aposta em partner.

A Aon, especialista em serviços profissionais nas áreas do risco, reforma e saúde, anunciou a nomeação de Joana Tavares para o cargo de HumanResources Business Partner. A profissional será responsável por colaborar ativamente na gestão estratégica dos Recursos Humanos (RH) em Portugal e com a equipa de HR da Ibéria.

“Espero contribuir ativamente no desenvolvimento de estratégias adaptadas a cada uma das pessoas para alavancar a Gestão de Recursos Humanos da empresa”, disse Joana Tavares, Human Resources Business Partner da Aon Portugal.

Sobre o reforço da área de Human Resources, Carlos Freire, CEO da Aon Portugal disse que “num ambiente organizacional cada vez mais dinâmico e competitivo, a gestão de Recursos Humanos é uma área estratégica com inúmeros desafios. A gestão de Recursos Humanos é um tema importante para o qual a Aon se quer destacar na atração, retenção e desenvolvimento de Talento e a Joana será, certamente, uma mais-valia para este caminho que a Aon está a traçar.”

Com uma experiência de mais de 15 anos, a responsável tem uma carreira muito diversificada, mas com grande relevância no grupo Inditex, tendo começado na marca Pull&Bear do Colombo. Depois desta sua primeira experiência profissional dedicou-se ao departamento de RH de marcas como Zara Home, Talent Center e equipa internacional de Projetos de RH.

A nova Human Resources Business Partner refere que “os desafios relacionados às pessoas são muito diversos e complexos e espero contribuir ativamente no desenvolvimento de estratégias adaptadas a cada uma das pessoas para alavancar a Gestão de Recursos Humanos da empresa. É com muito orgulho que me junto a esta equipa para ajudar a posicionar a marca Aon no mercado nacional”.

Joana Tavares é licenciada em Psicologia pelo ISPA e com um programa de Leading and Energizing Teams for Performance da Católica Lisbon School of Business and Economics.

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Liberty associa-se à Volkswagen Financial Services Portugal

  • ECO Seguros
  • 14 Março 2023

Nova parceria com a Liberty Seguros irá permitir apresentar mais soluções de seguro auto personalizadas aos clientes das marcas do Grupo Volkwagen.

A Liberty Seguros fechou parceria com a Volkswagen Financial Services e vai oferecer soluções personalizadas para os clientes da companhia.

“Esta parceria é a prova do nosso compromisso com a digitalização dos serviços, a oferta de produtos modulares e a simplificação dos processos”, afirmou José Maria Calvo, Diretor de Partners da Liberty na Europa.

As coberturas, disponíveis no seguro ‘Liberty Sobre Rodas’, serão comercializadas em packs adaptados, através da aplicação Web Seguro Auto Stand Alone da Volkswagen Financial Services, e em toda a rede de concessionários da marca, a nível nacional.

“As pessoas estão no centro do que fazemos e é muito gratificante perceber que os Volkswagen Financial Services Portugal confiam nas soluções da Liberty Seguros para proteger os seus clientes. Esta parceria é a prova do nosso compromisso com a digitalização dos serviços, a oferta de produtos modulares e a simplificação dos processos”, afirmou José Maria Calvo, Diretor de Partners da Liberty na Europa.

“Procuramos sempre trazer novas soluções para os nossos concessionários apresentarem aos nossos clientes. Esta nova parceria com a Liberty Seguros irá permitir apresentar mais uma solução de Seguro Automóvel aos Clientes das marcas do Grupo Volkwagen”, explicou João Rias, Country Manager dos Volkswagen Financial Services Portugal. “As opções de coberturas que agora oferecemos foram criadas pela Liberty Seguros, à medida dos nossos packs de coberturas atualmente em vigor.”

Em comunicado, a companhia informou que “a parceria reforça a qualidade e atratividade das soluções e serviços da seguradora no setor. É ainda reflexo do acompanhamento das novas tendências automóveis, com a procura crescente de carros mais económicos em termos de combustível ou manutenção e mais sustentáveis”.

 

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