Mais de 90 mil trabalhadores administrativos do privado vão ter aumento de 7,8%. Carnaval considerado dia feriado

Salários têm aumento médio de 7,8%, subsídio de refeição sobe 10% (para seis euros por dia trabalhado) e considera-se o Carnaval dia feriado. Portaria entra em vigor terça-feira.

Cerca de 94 mil trabalhadores administrativos que trabalham em várias empresas do setor privado e que não são abrangidos por contratação coletiva vão ter aumentos salariais entre 7,8% e 8,1%, com retroativos a abril. Haverá ainda lugar para um aumento de 10% no subsídio de refeição, que passa para seis euros. A portaria foi publicada esta quinta-feira em Diário da República (DR) e entra em vigor na próxima terça-feira.

A portaria decide de forma administrativa a remuneração mínima mensal que se aplica aos trabalhadores deste setor que não estão cobertos por negociação coletiva. Entre as cerca de 35 profissões e categorias profissionais mencionadas no documento, estão rececionistas, telefonistas, operadores de computador, tradutores, técnicos de recursos humanos ou programadores de informática.

A nova grelha salarialque pode ser consultada aquicomeça nos 760 euros, no caso do contínuo de 2.ª, porteiro de 2.ª e trabalhador de limpeza, e vai até aos 1.201,97 euros, se estivermos a falar de um diretor de serviços ou secretário-geral.

O aumento médio de 7,8% permite, por um lado, “uma atualização moderada dos salários mínimos” e, por outro, “amortecer o impacto decorrente da atualização do valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) entre os níveis salariais inferiores e superiores previstos na tabela de retribuições mínimas mensais, acomodando com maior previsibilidade o efeito decorrente da RMMG para 2024, segundo o Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade”, lê-se na portaria.

Além do aumento médio dos salários de 7,8%, prevê-se uma subida de 10% do subsídio de refeição (para seis euros por dia trabalhado) e considera-se o Carnaval dia feriado.

Os empregadores que suportarem estes aumentos serão elegíveis para majoração dos custos no IRC. Contudo, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) alertou que a medida aplica-se, sobretudo, a empresas do terceiro setor e que estas não pagam IRC. “Não faz sentido argumentar que os empregadores serão compensados por essa via”, afirmou Armindo Monteiro na semana passada.

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Tripulantes e pilotos criticam relatório da CPI à TAP

Sindicato que representa os tripulantes da TAP diz que relatório tem "falta de rigor, omissões e inverdades". Pilotos afirmam que a "culpa vai morrer solteira"

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) tecem duras críticas ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP. A estrutura que representa os tripulantes contesta a pouca atenção dada ao plano de reestruturação e à existência de alternativas aos elevados cortes salariais. Os pilotos dizem que o documento “iliba o Governo” e que a “culpa vai morrer solteira”.

“O SNPVAC lamenta que o relatório preliminar seja um documento com tamanha ligeireza, falta de rigor, omissões e inverdades, que mais não são que uma falta de respeito para com os tripulantes de cabine da TAP, os trabalhadores do Grupo TAP, os portugueses e contribuintes”, começa o comunicado enviado esta quinta-feira aos associados e a que o ECO teve acesso.

“Este relatório levou-nos a apurar quase nada”, considera, por sua vez, Tiago Faria Lopes, presidente do SPAC, considerando que o relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo “Iliba o Governo de responsabilidade no pagamento dos 500 mil euros de indemnização a Alexandra Reis“. “Mais uma vez a culpa vai morrer solteira em Portugal“, atira. Uma coisa é certa, “os contribuintes é que não autorizaram o pagamento da indemnização”, acrescenta.

O SNPVAC considera que é dada insuficiente atenção ao plano de reestruturação da companhia aérea acordado com a Comissão Europeia. “O maior processo de reestruturação de uma empresa pública executado nos últimos anos e que implicou uma injeção de dinheiros públicos na TAP de 3,2 mil milhões de euros — com um vergonhoso despedimento coletivo e a saída de milhares de trabalhadores, agravado de um corte nos salários de 25% dos trabalhadores que ficaram — teve direito a seis páginas e meia(!) de um relatório com 180 páginas“.

O sindicato que representa os tripulantes afirma também que o relatório não reflete o que foi dito nas audições e “omite informação nova e muito relevante que foi prestada pelo SNPVAC na CPI”. “Não compreendemos como é possível não constar neste relatório a informação oficial de que Bruxelas sugeriu e defendeu outras soluções — menos duras e onerosas para os Trabalhadores do Grupo TAP — no âmbito das negociações do Plano de Reestruturação“, contesta. Um tema em que o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, insistiu na sua audição.

Não compreendemos como é possível não constar neste relatório a informação oficial de que Bruxelas sugeriu e defendeu outras soluções — menos duras e onerosas para os Trabalhadores do Grupo TAP — no âmbito das negociações do Plano de Reestruturação.

SNPVAC

“Infelizmente, este relatório veio confirmar os receios e as críticas feitas pela direção do SNPVAC ao longo das sucessivas audiências na CPI, em que houve muita política e pouca TAP, e onde os seus trabalhadores foram totalmente esquecidos“, lamenta o sindicato, considerando que a companhia “foi usada como um mero joguete político”.

O problema da TAP não está nos salários dos trabalhadores, mas na interferência política constante a que assistimos na TAP nas últimas décadas“, diz também Tiago Faria Lopes.

SPAC sublinha necessidade de defender o hub de Lisboa

O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil considera que devem ser retiradas ilações para o processo de venda do capital da companhia aérea. Tiago Farias Lopes defende que na privatização “é fulcral garantir a preservação do hub” no aeroporto de Lisboa por pelo menos 20 anos. Se isso não acontecer será “um erro crasso” e um “crime de lesa pátria”, pela importância que tem para a economia portuguesa.

O responsável sindical é contra a venda da TAP ao Grupo IAG, dono da Iberia, da British Airways e de outras companhias. “A IAG em cinco anos muda o hub para Madrid, onde tem um aeroporto grande e a um terço da capacidade”, argumenta. “Não vejo interesse para a TAP, os contribuintes e os portugueses”.

O relatório preliminar da CPI à TAP, da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo, foi entregue na terça-feira perto da meia-noite. Os partidos com assento na CPI têm até dia 10 de julho para apresentar propostas de alteração ao relatório da responsabilidade da deputada socialista Ana Paula Bernardo. A apresentação e discussão da versão final está agendada para dia 13. Segue-se a apreciação do documento no plenário da Assembleia da República, prevista para dia 19.

(peça atualizada às 13h40 com reação do SPAC)

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Sabseg é líder das corretoras de seguros e MDS está mais perto. Veja o ranking

O duelo pela liderança entre as corretoras de seguros em Portugal voltou a gerar expectativa no mercado. A Sabseg contínua líder enquanto sociedade corretora, mas a MDS é a n.º 1 enquanto grupo.

A Sabseg – Corretora manteve a liderança entre as corretoras portuguesas em 2022, obtendo uma faturação de 36,423 milhões de euros, superior em apenas em 140 mil euros à conseguida pela MDS Corretora.

No entanto, o grupo MDS continua como o maior grupo de distribuição de seguros em Portugal, atingindo receitas adicionadas de quase 50 milhões de euros através da sociedade corretora e de filiadas, como a MDS Auto. Já a Sabseg opta, geralmente, pela incorporação das sociedades adquiridas na Corretora e, em grupo, totalizou 37,3 milhões de euros em 2022.

Duelo de líderes voltou a agitar o mercado. Miguel Machado, da Sabseg e José Manuel Dias da Fonseca, da MDS, estiveram dias sem divulgar contas já aprovadas e entregues atempadamente na ASF e na AT.

Das 67 corretoras de seguros a operar em Portugal, as “Top 20” detêm mais de 80% do negócio deste canal. As sociedades corretoras são obrigadas a deter responsabilidades, estruturas e capital superiores às dos agentes ou das empresas de mediação e estão normalmente vocacionadas para empresas de maior dimensão e seguros dos ramos Não Vida, embora estejam autorizadas — e façam negócio — com todos os públicos, inclusivamente particulares.

Em 2022, o volume de negócios das 20 maiores corretoras aumentou 13,8% e os lucros cresceram 4,3% em relação a 2021, indicadores acima do crescimento de outros canais de distribuição de seguros. O ranking está agora assim:

No ranking deste ano verifica-se a entrada para o 13.º lugar da NacionalGest, promovida a corretora ainda este ano, e da IBEX, corretora do Algarve dirigida a expatriados. Saem a Cegrel e a Secose, ambas empresas especializadas no ramo agrícola que, em 2022, teve uma atividade mais reduzida.

Até ao 6.º lugar do ranking mantiveram-se as posições com um crescimento de receitas de 19,5% da AON, que reforça o 3.º lugar em Portugal, mais distante da Marsh, Verlingue (ex-Luso-Atlantica) e WTW.

A F. Rego ganhou uma posição à Villas Boas em 2022 devido a um crescimento de 31,8% e de lucros em 60% devido, essencialmente, a crescimento orgânico e à incorporação da adquirida Wise Broker. Costa Duarte e Melior mantiveram posições, com a primeira a crescer negócios na média do setor e ambas a aumentarem substancialmente os seus lucros.

A Sosel viu a faturação crescer quase 30% e ganhou um lugar, subindo ao 11.º por troca com a Seguramos, que ainda não incorporou todas as aquisições que tem concretizado. A Corbroker aumentou as receitas em 33% devido, principalmente, à incorporação da Abilio João Gonçalves, uma distribuidora do Algarve.

A Verspieren perdeu uma posição com a entrada da NacionalGest, enquanto a Universalis deu um salto de 21%, antes de, já este ano, ter sido adquirida pela Acrisure. Emprémedia, Diagonal e IBEX tiveram crescimentos abaixo da média.

A João Mata perdeu em 2022 três clientes importantes, levando a uma perda de 10% na faturação. Mas, entretanto, captou novos cujo resultado só será visível ao longo de 2023.

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AI Forum Portugal debateu impactos da inteligência artificial em diferentes setores

  • ECO
  • 6 Julho 2023

O AI Forum Portugal reuniu players nacionais no domínio da inteligência artificial para debater o impacto que terá em alguns setores da economia, incluindo o financeiro.

A crescente popularidade do ChatGPT desde o princípio deste ano fez incidir, de novo, a luz dos holofotes sobre a inteligência artificial — mais especificamente a generativa. Ferramentas deste tipo são capazes de responder a pedidos dos humanos em linguagem natural e são muitas as aplicações práticas. Aos poucos, esta transformação está a chegar a todos os setores, incluindo ao Estado, onde já começou a ser integrada em várias soluções. Todas estas ferramentas visam facilitar ou mesmo automatizar processos e, por isso, compreender o básico da inteligência artificial é imperativo para qualquer gestor, uma das principais conclusões do AI Forum Portugal, iniciativa que juntou no auditório do ECO, no passado dia 29 de junho, alguns especialistas e profissionais desta área.

Num quadro regulatório em mutação, adotar ferramentas com inteligência artificial é essencial para as empresas se manterem competitivas, lançarem novos produtos, corresponderem às expectativas dos clientes, reduzirem riscos e combaterem as fraudes. Há organizações que preferem desenvolver as tecnologias internamente, mas também soluções “pronto-a-vestir” disponíveis no mercado. Cabe a cada empresa decidir o que faz mais sentido para cada aplicação, disseram os oradores convidados: Luís Elvas, professor do ISCTE Executive Education; Gianluca Pereyra, CEO da Visor.Ai; Miguel Mira da Silva, professor catedrático do Instituto Superior Técnico; Isabel Horta, Head of Customer Intelligence & Data Science da Universo Sonae; e André Marques, Diretor Data and Advanced Analytics da SIBS.

Com a moderação de Flávio Nunes, jornalista do ECO, assista aos vídeos completos da conferência e acompanhe os debates em que foram abordados os temas “A revolução em curso dos chatbots” e “AI ao serviço das empresas”.

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Relação rejeita reclamação de Salgado contra decisão que agravou pena

  • Lusa
  • 6 Julho 2023

O Tribunal da Relação de Lisboa indeferiu a reclamação da defesa de Salgado contra o acórdão que agravou para oito anos de prisão a pena do ex-banqueiro no processo separado da Operação Marquês.

O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) indeferiu a reclamação da defesa de Ricardo Salgado contra o acórdão desta mesma instância, que agravou para oito anos de prisão a pena do ex-banqueiro no processo separado da Operação Marquês.

“Não enfermando o acórdão proferido por este Tribunal da Relação de Lisboa em 24/05/2023 das invocadas irregularidades e/ou nulidades, nem ainda de qualquer inconstitucionalidade, impõe-se indeferir a reclamação“, lê-se na decisão de quarta-feira do TRL, a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira.

O TRL agravou em 24 de maio a pena do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) para oito anos de prisão, dando parcialmente razão ao recurso apresentado pelo Ministério Público (MP).

Em causa está o processo separado da Operação Marquês, no qual Ricardo Salgado foi condenado na primeira instância, em março de 2022, a uma pena única de seis anos de prisão efetiva por três crimes de abuso de confiança, fixada em cúmulo jurídico face aos quatro anos aplicados pelo tribunal por cada um dos três crimes.

O ex-banqueiro esteve acusado de 21 crimes no processo Operação Marquês, mas, na decisão instrutória proferida em 9 de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa deixou cair quase toda a acusação que era imputada ao arguido. Ricardo Salgado acabou pronunciado por apenas três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros, para um julgamento em processo separado.

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Tribunal Constitucional questiona Medina sobre declarações fiscais de quando era comentador

  • ECO
  • 6 Julho 2023

O tribunal solicitou ao ministro das Finanças esclarecimentos sobre os seus comentários nos media enquanto era autarca de Lisboa, uma vez que declarou os rendimentos como “direitos de autor".

O Tribunal Constitucional solicitou ao ministro das Finanças, Fernando Medina, que esclareça porque declarou como “direitos de autor” os rendimentos obtidos com comentários na comunicação social enquanto era presidente da Câmara de Lisboa, noticia a Sábado. De acordo com a revista, tal permitiu-lhe obter um benefício fiscal, já que metade do que se ganha com direitos de autor não paga IRS.

Entre 2015 e 2021, o socialista e ex-autarca foi colunista no Correio da Manhã e depois comentador na Renascença e na TVI24. Além disso, esta prática permitiu-lhe continuar a receber por inteiro na autarquia, o que, segundo a Sábado, é uma prática proibida aos deputados, como se viu na polémica recente que envolveu a atual líder do BE Mariana Mortágua, e aos autarcas, como se lê num parecer da CCDR-Norte pedido pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

Segundo a Sábado, na declaração do Constitucional a que teve acesso, constam apenas as respostas do governante, datadas de março deste ano, não tendo sido possível apurar o que foi perguntado a Fernando Medina. O tribunal garantiu que só lhe cabe “disponibilizar o que é de consulta pública”, ou seja, as já referidas declarações de rendimentos. A revista contactou ainda o Ministério Público, que disse que o processo pertence ao Constitucional.

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Lukashenko diz que líder do Grupo Wagner está na Rússia

  • Lusa
  • 6 Julho 2023

Na semana passada, Lukashenko disse que Prigozhin estava na Bielorrússia, mas esta quinta-feira declarou, em conferência de imprensa, que o líder do Grupo Wagner se encontra em São Petersburgo.

O Presidente da Bielorrússia disse esta quinta-feira que o líder do Grupo Wagner, Yevgney Prigozhin, está em São Petersburgo, na Rússia, e que os mercenários permaneceram nos campos onde estiveram antes do motim contra Moscovo.

Alexander Lukashenko ajudou a negociar um acordo que permitiu a Prigozhin a pôr termo ao motim no passado dia 24 de junho. O acordo permitiu também a Prigozhin e aos combatentes contratados deslocarem-se para a Bielorrússia.

Na semana passada, Lukashenko disse que Prigozhin se encontrava na Bielorrússia.

Esta quinta-feira, o Chefe de Estado bielorrusso disse a jornalistas internacionais, em conferência de imprensa em Minsk, que o chefe dos mercenários se encontra em São Petersburgo e que os combatentes contratados estão nos “bases” onde se encontravam antes, sem especificar.

O Grupo Wagner, empresa que contrata mercenários, esteve presente na campanha militar russa na Ucrânia, além de manter contratados na República Centro Africana e na Síria.

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CMS assessora Silverkeel no seu primeiro investimento em Portugal

A equipa da CMS envolvida na operação contou com os advogados João Pinheiro da Silva, sócio da equipa de Imobiliário, e Sandra Teixeira Arsénio, associada de Imobiliário.

A sociedade de advogados CMS assessorou a Silverkeel, em representação de um family office belga, no seu primeiro investimento em Portugal. Em causa está um novo espaço prime de coliving e coworking no Príncipe Real, em Lisboa.

A abertura deste novo espaço, de 1200 metros quadrados, sob a nova marca SoHome conta com 30 quartos destinados a jovens profissionais e nómadas digitais, incluindo grandes espaços comuns como o coworking, um grande jardim e um espaço de restauração.

A equipa da CMS envolvida na operação contou com os advogados João Pinheiro da Silva, sócio da equipa de Imobiliário, e Sandra Teixeira Arsénio, associada de Imobiliário.

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Bastonária dos advogados realça “solidariedade” de presidente do STA contra alteração dos estatutos

  • Lusa
  • 6 Julho 2023

Fernanda de Almeida Pinheiro destacou a “solidariedade e a preocupação” da presidente do Supremo Tribunal Administrativo contra a alteração aos estatutos das ordens.

A bastonária da Ordem dos Advogados (OA), Fernanda de Almeida Pinheiro, destacou a “solidariedade e a preocupação” da presidente do Supremo Tribunal Administrativo (STA) contra a alteração aos estatutos das ordens, sublinhando que as mudanças são mais sensíveis na justiça administrativa e fiscal.

“Recebi total solidariedade e preocupação”, disse Fernanda de Almeida Pinheiro a propósito da reunião de quarta-feira com Dulce Neto, depois de na última semana já ter tido também um encontro com o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Henrique Araújo, a quem expressou igualmente as preocupações da OA relativamente à proposta do Governo.

Reiterando as críticas já manifestadas a propósito deste diploma, a bastonária descreveu inclusivamente as mudanças da lei como “um atentado à segurança dos cidadãos” e que representam “um retrocesso civilizacional” na proteção dos direitos, liberdades e garantias dos portugueses, explicando que se tornam particularmente sensíveis na jurisdição a cargo de Dulce Neto, a quem deu “nota pessoal” das preocupações da OA.

“Na jurisdição administrativa e fiscal ainda se torna mais pertinente. Tem especial sensibilidade porque representa a defesa do cidadão contra o Estado, mas isso coloca-se em todos os ramos do Direito. [As alterações] colocam o cidadão numa situação grave e a cobrança de créditos é de todas as mudanças a situação mais grave”, enfatizou, além da abertura do aconselhamento jurídico a licenciados em Direito não inscritos na Ordem.

Por outro lado, Fernanda de Almeida Pinheiro assinalou que a OA “nunca disse que não queria que os estágios fossem remunerados”, ao assegurar não ter problemas com essa alteração proposta no diploma do executivo. No entanto, reiterou que tem de ser previstos instrumentos de apoio aos patronos para que essa mudança não resulte “num entrave” à entrada dos jovens na advocacia.

O Governo concluiu a proposta de alteração dos estatutos das 20 ordens profissionais, juntando as alterações numa única proposta de lei já remetida ao parlamento, na sequência da alteração da lei-quadro de regulamentação destes organismos públicos, num processo que tem sido alvo de forte de contestação por parte de algumas Ordens, nomeadamente a OA.

A lei-quadro foi alvo de um pedido de fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional, a pedido do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tendo o tribunal declarado a constitucionalidade da lei.

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Bastonária dos advogados desmente Ordem brasileira e rejeita acusação de discriminação

  • Lusa
  • 6 Julho 2023

A bastonária da Ordem dos Advogados rejeitou as acusações de colonialismo e discriminação feitas pelo homólogo brasileiro, após a denúncia unilateral do acordo de reciprocidade.

A bastonária da Ordem dos Advogados (OA), Fernanda de Almeida Pinheiro, rejeitou na quarta-feira as acusações de colonialismo e discriminação feitas pelo homólogo brasileiro, após a denúncia unilateral pela entidade portuguesa do acordo de reciprocidade que existia entre ordens de Portugal e Brasil.

Em declarações à Lusa, Fernanda de Almeida Pinheiro lamentou os “comentários infelizes” do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, que disse que “a mentalidade colonial já foi derrotada e só encontra lugar nos livros de história”, falando em “discriminação e preconceito” contra profissionais brasileiros na revisão do acordo que permitia a inscrição de advogados brasileiros em Portugal e de profissionais portugueses no Brasil.

Não há aqui nenhum colonialismo, arbitrariedade ou xenofobia“, afirmou a bastonária, justificando a quebra unilateral: “A legislação brasileira e a legislação portuguesa são completamente diferentes. Há muitos anos que vimos sentindo essa preocupação. Não é correto nem pode ser política de uma Ordem permitir que possam estar a exercer a profissão pessoas que não estejam técnica e juridicamente qualificadas para o efeito”.

Em causa está a decisão do Conselho Geral da OA tomada no plenário de segunda-feira que fez “cessar o regime de reciprocidade de inscrição de advogados atualmente em vigor” e que entrou em vigor a partir de dia 5 de julho.

Fernanda de Almeida Pinheiro vincou ainda que o acordo “estava a ser utilizado de forma distorcida” por advogados brasileiros, que, uma vez detentores de uma cédula profissional portuguesa, procuravam outros estados-membros da União Europeia (UE) para exercer advocacia: “Em momento algum este acordo, que é de reciprocidade entre Portugal e Brasil, pode ser usado para exercer na UE”.

A bastonária negou ainda que o seu homólogo brasileiro se tivesse oposto a qualquer mudança no acordo de reciprocidade ao longo das conversações efetuadas nos últimos meses.

“Essa comunicação da OAB não corresponde à verdade. Nunca o presidente da OAB disse que era contra a alteração do regime. Vir dizer publicamente que sempre foram contra isto é completamente falso”, frisou, criticando a postura de Beto Simonetti, que tinha uma reunião agendada com a OA para o passado dia 26 e, segundo Fernanda de Almeida Pinheiro, acabou por avisar à meia-noite desse dia que, afinal, não poderia vir, acrescentando dois dias depois que não poderia assinar um entendimento que já tinha sido estabelecido em maio.

Recusando ser “conivente” com um acordo que entende não estar a respeitar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e empresas e a “dignidade da advocacia” nos dois países, a bastonária assegurou, porém, que a denúncia do acordo não tem efeitos retroativos. “A única coisa que vai deixar de acontecer é esta exceção absoluta para os advogados brasileiros. Passa a ser uma regra igual para toda a gente”, concluiu.

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Temperatura média da Terra voltou a bater recorde esta quarta-feira

  • Lusa
  • 6 Julho 2023

Depois do recorde de segunda e terça, a temperatura média da Terra continuou a bater recordes acima dos 17 graus Celsius na quarta, segundo o Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, nos EUA.

A temperatura média da Terra continua a bater recordes acima dos 17 graus Celsius, segundo o Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, nos EUA. Esta fonte, que se baseia em dados de satélite e simulações de computador para fazer as medições, indicou que a temperatura média global na quarta-feira foi de 17,18 graus Celsius, igualando o valor de terça-feira.

Segunda-feira já tinha sido o mais quente alguma vez medido em termos mundiais, superando pela primeira vez a média dos 17 graus Celsius.

A temperatura média diária do ar na superfície do planeta na segunda-feira foi medida em 17,01 graus por um serviço dependente da Agência dos EUA para a Atmosfera e os Oceanos (NOAA, na sigla em Inglês). Este valor superou o recorde diário precedente (16,92 graus) estabelecido em 24 de julho de 2022, segundo os dados dos centros nacionais de previsão ambiental da NOAA.

Os cientistas alertam há meses que 2023 poderá registar recordes de calor à medida que as mudanças climáticas causadas pelo homem, impulsionadas em grande parte pela queima de combustíveis fósseis como carvão, gás natural e petróleo, aquecem a atmosfera.

Estas observações são provavelmente uma antecipação do que aí vem com o fenómeno designado El Niño (em Castelhano) — geralmente associado a um aumento das temperaturas à escala mundial -, complementado com os efeitos do aquecimento climático causado pela atividade humana.

O cientista climático da Universidade do Maine, Sean Birkle, criador do Climate Reanalyzer, disse que os números diários não são oficiais, mas são informação útil para o que está a acontecer no mundo no que diz respeito ao aquecimento global.

Os cientistas geralmente usam medições mais longas — meses, anos, décadas — para rastrear o aquecimento da Terra, mas as altas temperaturas diárias são uma indicação de que a mudança climática está a atingir um território desconhecido.

Os recordes de alta temperatura foram superados esta semana no Quebec, Canadá, e no Peru. Pequim registou durante nove dias consecutivos na semana passada temperaturas acima dos 35 graus Celsius. O ano 2022 foi o oitavo consecutivo onde as temperaturas médias mundiais foram superiores em pelo menos um grau aos níveis observados entre 1850 e 1900.

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Ciclo de Conversas #7 – Os desafios de uma transição justa

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  • 6 Julho 2023

A sétima sessão do "Ciclo de Conversas - Rumo à Neutralidade Carbónica 2030", organizada pela CM Porto, teve como tema "Os desafios de uma transição justa". O evento decorreu no Porto Innovation Hub.

O “Ciclo de Conversas – Rumo à Neutralidade Carbónica 2030” é uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal do Porto, que conta com 10 sessões de esclarecimento e debate relacionadas com os temas da sustentabilidade, descarbonização e transição climática no contexto da neutralidade carbónica das cidades. A sétima sessão aconteceu na passada quinta-feira, dia 29 de junho, no Porto Innovation Hub, e teve como tema “Os desafios de uma transição justa”.

Rúben Fernandes, Administrador Executivo da Águas e Energia do Porto, foi o moderador do evento, que contou com a presença de Maria do Rosário Palha, Senior Sustainability Manager da Fundação Calouste Gulbenkian; Mariana Almeida, Jurista do Departamento Jurídico e Económico da DECO; e Isabel Azevedo, Diretora da Unidade de Energia do INEGI.

Cada um dos oradores teve direito a uma intervenção, seguida de um espaço de debate e de esclarecimento com o público presente.

Na abertura da sessão, Rúben Fernandes começou por abordar a urgência de se descarbonizar a economia e as oportunidades e desafios associados a essa descarbonização: “Obviamente que pode haver oportunidades para uns, mas certamente que haverá iniquidades que são geradas para outros segmentos da população, outros territórios, outras atividades, tais como problemas associados à perda de competitividade, perda de riqueza, de emprego, e é neste contexto que surge este conceito de transição justa”.

Nesse sentido, o responsável da Águas e Energias do Porto, explicou que, no contexto dos municípios, para se conseguir esta transição justa é fundamental implementar um conjunto de políticas públicas que não deixem ninguém para trás, que criem prosperidade para todos e que protejam os diferentes segmentos da população. “Quando estamos num território que se quer comprometer com um processo de descarbonização mais acelerado e quer atingir metas de uma forma mais rápida, tudo isto se torna mais premente. E este é o caso do município do Porto”, acrescentou.

“No cenário nacional, temos um envelope financeiro europeu na ordem dos 23 mil milhões de euros e temos um Fundo para a Transição Justa que não chega aos 250 milhões de euros. A agravar esta situação, este fundo já foi pré-alocado muito antes dos programas terem sido desenhados, ou seja, não é um fundo que esteja à disposição para qualquer agente concorrer. Este fundo já foi destinado a três regiões do país – Médio Tejo, Alentejo litoral e Matosinhos -, portanto, já se sabe que intervenções vão ser apoiadas e não há nenhum agente do país que possa concorrer a ele agora“, disse Rúben Fernandes, alertando para um dos desafios desta transição.

Contributos focados na pobreza energética

Isabel Azevedo, Diretora da Unidade de Energia do INEGI ficou encarregue da primeira intervenção do evento, na qual explicou que o INEGI funciona como uma ponte entre a universidade e as empresas/indústrias ou mesmo outras entidades, como câmaras municipais ou outras entidades e decisores políticos.

“O nosso objetivo aqui, nesta componente da transição, é criar metodologias, ferramentas, estudos que possam apoiar os decisores políticos a poderem ter uma decisão mais informada, a perceberem se o que estão a fazer é bem feito, se está a funcionar, entender o que é preciso e identificar prioridades. E, na componente da pobreza energética, o nosso objetivo tem sido, primeiro, numa componente mais de identificação e caracterização do que é um consumidor vulnerável e o que é a pobreza energética e nós fazemos isso de uma forma mais macro, olhando para dados estatísticos”, disse.

Depois de uma análise mais macro, o INEGI passa para um nível de atuação mais individualizado. Neste ponto, Isabel Azevedo apresentou um dos projetos que têm neste âmbito: “Há um projeto que temos agora, onde também está a Câmara do Porto e a Agência de Energia do Porto, através do qual fazemos a monitorização do bairro do Agra do Amial. Ou seja, primeiro fizemos um inquérito aos habitantes para perceber as condições da habitação, socioeconómicas, a perceção de conforto, hábitos de consumo de energia, e depois fazemos a monitorização de algumas casas, com alguma diversidade, onde percebemos qual o conforto térmico e a qualidade do ar interior”.

Este projeto permitiu perceber que, durante dezembro, janeiro e fevereiro, 90% das casas monitorizadas estão abaixo dos 18 graus, que é considerada a temperatura mínima dentro do intervalo confortável. Mais concretamente, durante janeiro e fevereiro, há muitas casas entre os 10 e os 15 graus, “que já é uma temperatura que vai muito além e que pode ter outras consequências, tais como o aumento de mortes durante o inverno, que é espelho desta situação”.

Para resolver esta problemática, a responsável do INEGI afirmou que é importante fazer edifícios capazes que sejam eficientes no clima de hoje, mas que também capazes de suportar as mudanças climáticas sem exigir um aumento no custo de energia para os cidadãos. Além disso, a promoção da literacia energética foi outro ponto mencionado como solução pela diretora da unidade de energia do INEGI, que apresentou um projeto que têm para o efeito.

“Temos um projeto que tenta avaliar novas formas de sensibilização, de forma a mudar o comportamento das pessoas. Envolve 100 casas na zona do Porto, que estão a ser monitorizadas. Os consumidores têm acesso a uma aplicação digital, na qual temos um grupo de controlo e um grupo de estudo, onde eles vão recebendo informações. Isto é preliminar, mas no primeiro estudo que fizemos durante o inverno, praticamente não houve diferença entre o grupo de controlo e o grupo que tinha acesso aos nossos conselhos. No entanto, nos últimos meses, temos dado informação sobre a qualidade do ar interior, e damos conselhos que muitas vezes implicam ter de abrir ou fechar janelas, e, nestes casos, as pessoas reagem muito mais por ser algo mais imediato e mais fácil. Por isso, temos que tornar o tema da energia mais tangível e concretizável também”, alertou.

A proteção do consumidor

Por sua vez, Mariana Almeida, Jurista do Departamento Jurídico e Económico da DECO, falou do ponto de vista do consumidor e das suas necessidades. “Há aqui um problema base, que é o facto de o consumidor estar no centro da transição energética, mas na verdade ele não está acautelado pelas políticas públicas“, começou por dizer.

“Quando falamos em consumidor vulnerável, nós estamos a associar a ser economicamente vulnerável e todas as políticas públicas que são desenvolvidas a este nível, ou seja, só protegem o consumidor economicamente vulnerável. Mas é importante começar a expandir horizontes e a redefinir conceitos, isto porque se nós tivermos uma legislação orientada para uma vulnerabilidade que não é só económica, nós vamos conseguir proteger cada vez consumidores e criar regras específicas para segmentos diferentes de vulnerabilidade“, explicou.

A responsável da DECO acrescentou, ainda, que quando fala em vulnerabilidade, refere-se a uma iliteracia energética que é muito presente, não só por pessoas com baixo nível de escolaridade. “No âmbito dos nossos estudos, quando falamos de literacia energética, ela é muito associada a se um consumidor sabe ou não ler uma fatura, mas isso não é literacia energética. A literacia energética implica o consumidor perceber qual é o seu perfil energético, qual a utilização que faz dos equipamentos, perceber se eles são eficientes ou se não são, perceber o impacto que a energia que consome vai ter na sua fatura. E, ainda que se note uma sensibilização para o impacto ambiental, a preocupação maior dos consumidores continua a ser o custo da fatura ao final do mês. Tem que haver um segmento de política pública orientado para esta vulnerabilidade”.

Além da literacia energética, Mariana Almeida apontou outro dos problemas associados à transição justa, que está relacionado com a literacia digital. “Há pessoas que não conseguem candidatar-se a apoios porque eles são eminentemente digitais e porque não há gabinetes específicos para ajudar as pessoas a candidatarem-se. Desde logo, há apoios que são dirigidos a segmentos de pessoas que são economicamente vulneráveis, mas que depois não têm capacidade de dar resposta na parte digital”, disse.

Neste âmbito, a jurista da DECO deu o exemplo da instalação de painéis solares, que tem vindo a ser promovida por várias empresas de energia junto dos seus clientes, no entanto, há situações em que os consumidores adquirem mais painéis do que os que realmente precisavam e “depois acham estranho terem uma fatura mais elevada no final do mês porque o comercializador lhes disse que com a instalação de painéis solares eles iam ter uma poupança direta na fatura“. “É importante que tudo isto seja desmistificado para que o consumidor se sinta empoderado para integrar esta transição energética”, acrescentou.

Com o objetivo de proteger os consumidores e de os alertar para estas realidades, a DECO criou o projeto STEP (Soluções para combater a Pobreza Energética), inserido num consórcio com vários países da UE, que foram identificados como sendo aqueles que mais níveis de pobreza energética têm: “O objetivo era fazer este aconselhamento energético aos consumidores de forma individualizada, ou seja, mediante um questionário canalizávamos vários setores de vida do consumidor no âmbito do perfil energético, como o da habitação, do ponto de vista contratual, da opção tarifária, dos equipamentos e, depois do aconselhamento, tentar a sua monitorização para saber se havia um ajustamento das recomendações que nós dávamos aos consumidores”.

Ao todo, com este projeto, a DECO aconselhou 5110 consumidores, formou 3095 em workshops, formou 1120 técnicos, sensibilizou 8445 consumidores e também exigiu a implementação de 22 medidas, tanto a nível europeu, como a nível nacional. “Este projeto inspirou-nos e levou-nos a querer implementar o Balcão de Habitação e Energia, que está a ser implementado agora, a partir de 2023, em vários municípios. A ideia deste balcão é criar um gabinete específico, ao qual o consumidor se pode dirigir e ter acompanhamento personalizado, customizado e ter a tal monitorização“, contou.

Saber comunicar para envolver o consumidor, criar verdadeiros mecanismos e incentivos para o consumidor, adequar a mensagem e a linguagem utilizada na regulação, fiscalizar novas áreas associadas à transição energética, fundar comissões de utentes para a transição energética a nível local, alterar o paradigma legal no que diz respeito à relação jurídica do consumo, e adotar políticas que sejam multidisciplinares foram as soluções apresentadas pela responsável para uma transição justa.

Gulbenkian financia vários projetos sustentáveis

Maria do Rosário Palha, Senior Sustainability Manager da Fundação Calouste Gulbenkian, foi a última oradora desta sessão, e destacou todos os projetos que a Gulbenkian tem vindo a financiar no âmbito das alterações climáticas. “Nos próximos cinco anos é a sustentabilidade e a equidade que gerem a nossa estratégia. O Programa Sustentabilidade da Gulbenkian é um programa de apoio a organizações sociais, essencialmente em Portugal e no Reino Unido, e de apoio a organizações que fazem projetos que mobilizam pessoas a larga escala, sobretudo as pessoas mais afetadas pelas alterações climáticas”, declarou.

Este programa tem quatro eixos de ação, nomeadamente o envolvimento de todas as pessoas na ação climática, a mudança na narrativa pela necessidade de encontrar formas mais eficazes de comunicar estes temas para que as pessoas se envolvam verdadeiramente na ação climática; a demonstração dos benefícios das relações de transição justa e com base na natureza, e a liderança pelo exemplo.

O “Projeto de Transição” é um dos projetos financiados pela Gulbenkian. Trata-se de um projeto-piloto que está a ser implementado em Setúbal, funciona num antigo contentor marítimo que foi reaproveitado e que tem um perito da agência de energia local para dar informação às pessoas sobre o conforto térmico, sobre a redução das despesas de energia, sobre o tipo de financiamentos que estão disponíveis, sobre como preencher candidaturas para aceder a esses financiamentos. “O espaço de atendimento é móvel, ou seja, pode ser deslocado dentro do município consoante as necessidades para dar uma resposta de proximidade e esta é uma enorme vantagem”, garantiu.

Outro projeto financiado pela Gulbenkian é o “Além Risco” que, de acordo com Maria do Rosário Palha, “pretendeu reforçar a capacidade de adaptação das pessoas do Alentejo Central ao efeito das ondas de calor na saúde pública, através da plantação de 50 mil árvores em aglomerados urbanos“. Neste projeto participaram 13 municípios e muitos cidadãos, bem como várias escolas.

Por fim, a responsável falou, ainda, do projeto “Gulbenkian Água”, que nasceu fruto do desafio de disponibilidade hídrica em Portugal, que é agravado pelas alterações climáticas. “O setor agrícola tem sido o mais afetado por isto. Em Portugal, este setor usa 75% da água e isso acontece para compensar a falta de chuva. Decidimos, por isso, que este projeto seria feito com o setor agrícola e estamos a financiar projetos de demonstração no terreno de boas práticas do uso da água”, concluiu.

Pode ouvir a conferência em podcast aqui:

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