Fenprof aponta para 40 mil alunos com falta de professores
Fenprof avisa que há mais alunos sem todos os professores, bem como mais escolas com dificuldades em completar o corpo docente.
Cerca de 40 mil alunos ainda não têm professores para todas as disciplinas, sendo que, destes, quase dois mil têm, pelo menos, uma disciplina a que nunca tiveram aulas, neste ano letivo. Este levantamento foi apresentado esta quarta-feira por Mário Nogueira, da Fenprof, que sublinhou que, no primeiro período, houve mais escolas com dificuldades em completar o corpo docente do que há um ano. Ao próximo Governo, o secretário-geral exige capacidade de diálogo e soluções para tornar a carreira mais atrativa.
“Neste início de janeiro, serão na ordem de 40 mil os alunos sem os professores todos, dos quais quase dois mil não têm um professor desde o início do ano, ou seja, têm uma disciplina a que nunca tiveram aulas“, informou o sindicalista, em conferência de imprensa no dia em que foi noticiado que “professor” foi eleita palavra do ano.
Na visão de Mário Nogueira, este cenário é “extremamente gravoso“, porque para “muitos alunos” é “quase uma impossibilidade recuperar” estes meses de trabalho. Aliás, destacou o secretário-geral da Fenprof, há “uma discriminação” a formar-se entre os alunos que conseguem encontrar fora da escola o que esta não está a conseguir garantir e aqueles não o conseguem.
Segundo o sindicalista, de ano para ano, “é cada vez mais notória” esta falta de professores, problema que “tem sido, contudo, disfarçado” com a sobrecarga dos professores que estão nas escolas, com a vinda de professores dos colégios privados para o sistema público e ainda com recurso a outros diplomados (professores não profissionalizados).
“Tem havido um recurso como não se via há décadas a outros diplomados que não são professores profissionalizados“, insistiu Mário Nogueira, detalhando que, no primeiro período, as escolas acolheram 3.100 destes professores.
“Há 200 mil alunos que não têm todos os professores profissionalizados. Podem até ter os professores todos, mas nem todos são profissionalizados“, salientou o secretário-geral.
Além disso, Mário Nogueira adiantou que quase 23% das escolas chegaram ao final do primeiro período sem conseguir completar o corpo docente, sendo que, neste momento, as disciplinas com “muita carência” são a informática, o inglês, o português, a geografia e a matemática.
Ora, os alunos portugueses de 15 anos pioraram o desempenho nos testes internacionais de precisamente matemática e leitura, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2022. ” O problema não é a luta dos professores. É a falta de professores nas escolas“, atirou esta quarta-feira o secretário-geral da Fenprof.
Fenprof apresenta quatro petições no Parlamento
De olhos nas eleições de 10 de março, Mário Nogueira aproveitou a conferência de imprensa desta quarta-feira para revelar que, logo que a Assembleia da República tome posse, a Fenprof entregará quatro petições sobre os grandes temas: carreira, precariedade, rejuvenescimento e condições de trabalho (com especial foco nos salários), enumerou o sindicalista.
E quanto ao próximo Governo, a Fenprof vai propor um protocolo negocial, estando o “problema da recuperação do tempo de serviço no topo“. Mário Nogueira avisou que exige do próximo Executivo capacidade de diálogo e negociação, bem como soluções para os problemas.
“É uma profissão que tem futuro, mas os Governos têm de ter em consideração que é preciso torná-la atrativa“, sublinhou o secretário-geral.
E para fazê-lo é preciso, nomeadamente, criar apoios para os docentes que ficam colocados em regiões com elevado custo de vida e eliminar as quotas das melhores qualificações, identificou o sindicalista, que não descartou a possibilidade de nova luta dos professores ao longo deste ano.
“Não é a Inteligência Artificial que vai substituir os professores. Só mesmo quem for curto de inteligência é que pode pensar uma coisa destas“, rematou o líder da Fenprof.
(Notícia atualizada às 17h17)
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