Montenegro recusa “alinhar em leilões de propostas e ver quem dá mais”

"As propostas que vamos apresentar são realistas, podem ser executadas e não vão penalizar o equilíbrio das contas públicas", promete o presidente do PSD.

Luís Montenegro (PSD, ao centro), ladeado por Inês Domingues (PSD) à esquerda e Nuno Melo (CDS) e Cecília Meireles (CDS) à direitaHugo Amaral/ECO

Em plena pré-campanha, o presidente do PSD recusa “alinhar em leilões de propostas e ver quem dá mais”. Luís Montenegro assegura que a “trave mestra” das propostas da Aliança Democrática (AD) é a “responsabilidade” e que estas “não vão penalizar o equilíbrio das contas públicas”. Contudo, reitera que, para o conseguir, não planeia “cortar em nada”.

“As propostas que vamos apresentar são realistas, [podem] ser executadas e não vão penalizar equilíbrio das contas públicas”, reiterou o líder social-democrata, à saída da reunião com 17 economistas para preparar o Programa de Reformas e Cenário Macroeconómico da coligação AD.

Ainda sem revelar o impacto das medidas, assegura que todas as propostas serão quantificadas e que estas “encontram respaldo no quadro macroeconómico” com o qual a coligação está a trabalhar, que “será suficientemente prudente e credível”.

Montenegro remeteu a apresentação do cenário macroeconómico e das propostas para os próximos dias, mas recordou já as medidas para baixar o IRS — focadas na classe média e nos mais jovens — e para reduzir o IRC de 21% para 15% ao longo de três anos. Destacou ainda as áreas da saúde, educação e habitação como prioritárias.

Na saúde, defende que se deve contar, para a prestação do serviço público, não só com os órgãos do Estado mas também com os setores privados e social, assumindo também a possibilidade do regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP) na saúde. Já na educação, salienta que o PS, “ao acabar com os contratos de associação e não ter resolvido a instabilidade nas escolas”, acabou por “desincentivar o ingresso” dos docentes no sistema de educação.

Finalmente, na habitação, diz que o acesso está “altamente limitado por regras ideologicamente marcadas que o PS, sempre ajudado por BE e PCP, acaba por provocar”.

Esta reunião serviu então para a AD, que contava com delegações do PSD e CDS, “fazer uma análise das políticas públicas nos próximos anos dentro de um contexto de desagravamento fiscal e de investimento”.

Entre os convidados encontravam-se antigos governantes, como os ex-ministros das Finanças Jorge Braga de Macedo, Manuela Ferreira Leite, Maria Luís Albuquerque e Miguel Cadilhe, bem como o ex-secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna Fernando Alexandre. O grupo contou também com ex-assessores económicos de Cavaco Silva, como João Borges de Assunção e João César das Neves.

Luís Montenegro promete não “cortar em nada” para implementar as medidas que propõeHugo Amaral/ECO

No encontro foi discutido o programa económico do PSD, tendo em conta que as previsões para este ano são de crescimento, ainda que moderado. No Orçamento do Estado para 2024, a equipa de Fernando Medina estima um crescimento do PIB de 1,5% em 2024, mas as previsões revistas pela Comissão Europeia apontam para 1,3%, enquanto o Banco de Portugal antecipa 1,2% no boletim de dezembro.

Já a inflação deverá abrandar para 2,9% este ano, numa altura em que ainda se vai sentir o aperto dos juros, como já alertou o governador do Banco de Portugal. Neste contexto, a taxa de poupança das famílias tem vindo a cair e é a mais baixa da Zona Euro. As empresas também têm sentido os efeitos dos juros e da subida dos custos, sendo que as insolvências em Portugal têm vindo a subir.

Montenegro diz que percebeu a “preocupação que os economistas têm se o contexto da governação não for alterado”, defendendo que Portugal “não está condenado a um ciclo de empobrecimento”. “Pode e deve mudar de vida a 10 de março”, apela.

(Notícia atualizada às 14h45)

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