Aurora Lithium espera que apoios de Bruxelas quase quintupliquem
O CEO da empresa que quer construir uma refinaria de lítio em Portugal compara os apoios europeus com os oferecidos nos Estados Unidos, muito superiores.
O CEO da Aurora Lithium, Manuel Sousa Martins, indica que a empresa, cujo valor total de investimento se situa entre os 700 e os 800 milhões de euros, espera conseguir um financiamento europeu de 52 milhões de euros, quase cinco vezes superior aos 11 milhões inicialmente previstos. Este é o valor que está para já em cima da mesa, mas Sousa Martins indica ter “esperança” que o apoio seja ainda maior, à luz da “benesse” que foi dada no caso de uma fábrica de baterias do seu acionista, Northvolt, na Alemanha. O valor do apoio permitirá aferir se o projeto é rentável tanto em termos absolutos como em relação a outras localizações.
De momento, a Aurora, com o apoio do IAPMEI e do ministério da Economia está a “fazer o caminho” para alargar o incentivo europeu no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência de 11 milhões para 52 milhões. “Mesmo assim o upgrade de 11 milhões para 52 milhões é de [cerca de] 7% do nosso investimento”, indica, contrastando com o que verifica do outro lado do Atlântico.
“Há concorrentes nossos nos Estados Unidos, com “nome e apelido”, e cujas localizações estão identificadas, a construir fábricas iguais às nossas, com 40-50% de incentivo”, assinalou, em declarações à margem de um evento organizado pela Câmara de Comércio Americana, e que se debruçava sobre os pacotes de incentivos disponíveis nos Estados Unidos e Europa.
A Northvolt, a parceira da portuguesa Galp para a construção de uma refinaria de lítio em Portugal, ambas acionistas da Aurora Lithium, recebeu recentemente luz verde de Bruxelas para ter acesso a 902 milhões de euros de financiamento estatal, o qual servirá para a construção de uma fábrica de baterias na Alemanha.
A Comissão Europeia terá usado neste caso, pela primeira vez, um regime que permite aos Governos aprovarem um maior financiamento a projetos em risco de serem realocados por terem melhores condições de investimento noutras geografias, não europeias. A empresa sueca tinha ameaçado realocar a fábrica para os Estados Unidos, onde teria acesso a melhores condições de investimento, de acordo com o Financial Times.
Manuel Sousa Martins considera que este “é um bom precedente a nível europeu” e, confrontado com a hipótese de conseguir um financiamento acima de 6% do valor total de investimento, o CEO admite: “Temos essa esperança. Já há um caso nesse sentido, de um acionista, pode ajudar a construir um argumentário à volta desta matéria, mas os decisores não somos nós. Vamos tentar que seja assim“.
De momento, “o modelo de negócio está a ser estudado e vai ser reapreciado, visto e lido pelos acionistas para tomar decisão final de investimento”, indica, especificando que um dos “ingredientes” em estudo será o montante do envelope financeiro que estará disponível na Europa. Este elemento “vai permitir perceber se o projeto é rentável de uma forma absoluta e de uma forma relativa, comparando com outros países também”.
“A nossa decisão final de investimento é [tomada] até ao final do ano de 2024, mas pode acontecer antes, se estiverem reunidos alguns pressupostos”, rematou.
Quanto a outras questões que estão a ser estudadas no âmbito do investimento da refinaria, como o acesso a matéria-prima, Manuel Martins considera que “o lítio português é uma possibilidade”, e afirma que “gostaria muito, como português, que houvesse concessões de lítio a ver a luz do dia, com projetos credíveis, entregues por equipas credíveis e financiados de forma adequada”.
Para já, a empresa está a entrar numa fase de engenharia de detalhe, a prosseguir com o tema do licenciamento e à procura de fortalecer as relações comerciais a montante, no que diz respeito à matéria-prima, e a jusante, no que toca o produto final.
A Aurora Lithium nasce de uma parceria entre a Galp e a fabricante sueca de baterias elétricas Northvolt, e tem como objetivo construir uma refinaria em Setúbal para produzir anualmente até 35 mil toneladas de hidróxido de lítio, que pode ser usado para a produção de baterias.
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