Porto de Leixões submete estudo para ampliar terminal de contentores a norte
O objetivo é ter uma "maior capacidade de movimentação de contentores, assim como dar resposta ao crescimento da dimensão dos navios porta-contentores".
A administração do porto de Leixões submeteu um projeto para modernizar e ampliar a infraestrutura para norte, mas o processo foi entretanto retirado da listagem pública da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
“O projeto consiste no estudo para a ampliação e modernização do atual Terminal de Contentores Norte do Porto de Leixões, de forma a dotá-lo de uma maior capacidade de movimentação de contentores, assim como dar resposta ao crescimento da dimensão dos navios porta-contentores”, pode ler-se numa resposta da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) a questões da Lusa.
A Lusa tinha questionado a APDL na sequência da submissão, junto da APA, de um processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) para a Ampliação e Reorganização do Terminal de Contentores Norte do Porto de Leixões, mas entretanto a identificação do processo foi retirada do portal da APA. A Lusa questionou a agência sobre o sucedido e aguarda resposta.
De acordo com a APDL, “os objetivos da reorganização consistem no estudo de novas configurações do cais acostável, de forma a viabilizar a acostagem de navios porta-contentores com capacidade até 10.000 TEU (unidade padrão de medida de contentores), assim como diferentes configurações para o terrapleno, a fim de dar resposta ao aumento da procura no movimento de carga contentorizada”.
“A reorganização passa também pelo estudo de diferentes alternativas de localização do terminal ferroviário, dentro do Terminal de Contentores Norte”, de acordo com a administração portuária liderada por João Neves. Questionada sobre se este projeto se insere na elaboração do Plano Estratégico, a APDL refere-se que esta se encontra “em desenvolvimento tendo por base a análise da situação passada e presente, de forma a permitir definir metas e orientações de médio/longo prazo para a APDL”.
“Este estudo para a ampliação e modernização do atual Terminal de Contentores Norte do Porto de Leixões será uma das componentes em análise na elaboração do Plano Estratégico em curso, cuja conclusão está prevista para meados de 2024”, refere.
Já sobre se a submissão deste estudo significa o abandono do anterior projeto do terminal de contentores a sul, a APDL refere que “o Plano Estratégico do porto de Leixões encontra-se em desenvolvimento, sendo portanto ainda prematuro tirar conclusões sobre outros planos”. Em novembro, um grupo de cidadãos de Leça da Palmeira, em Matosinhos, manifestou-se preocupado com a possível localização do futuro terminal de contentores de Leixões no molhe norte do porto, disse à Lusa o porta-voz António Soares.
Em causa está a possível expansão do terminal de contentores do porto de Leixões, que estava planeada para o molhe sul da infraestrutura, mas que, com o abandono do terminal da Petrogal, poderá passar para norte, impactando sobre Leça da Palmeira e sobre a marina.
De acordo com António Soares, se a solução norte avançar, “toda a área onde está a marina, ali na frente de mar, até cerca de 800 metros para a frente, dá uma área de cerca de 20 hectares que vai ser ocupada com um parque de contentores de quatro ou cinco pisos”.
“Isto é um prédio de cinco andares. Está a ver a enormidade de contentores ali estacionados na frente. O centro histórico de Leça vai ficar atrás de contentores. Vai haver desvalorização patrimonial, redução de turismo, há um impacto visual extremamente negativo em zonas protegidas”, alertou.
Em causa estão zonas classificadas como o forte de Leça da Palmeira (imóvel de interesse público), e obras de autoria do arquiteto Álvaro Siza como a Piscina de Marés e a Casa de Chá da Boa Nova, monumentos nacionais. À data, a APDL disse à Lusa que numa altura “de estudo e avaliação, todos os cenários estão a ser equacionados, sendo prematuro refutar ou confirmar qualquer um”.
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