Medina diz que é difícil solução para Silopor até fim do mandato
O ministro das Finanças adiantou que a solução para a Silopor já está “delineada” e “organizada”, mas que dificilmente haverá solução até ao fim do mandato.
O ministro das Finanças disse que é difícil encontrar uma solução para a Silopor, em liquidação desde 2001, antes do fim do mandato, mas dará indicações à administração para encontrar soluções adequadas com os trabalhadores, em greve esta quarta-feira.
“Há de reconhecer que, depois de 20 anos em que a Silopor se encontra na situação de liquidação, encontrar uma solução agora a pouco tempo do fim do mandato é talvez um pouco difícil”, apontou Fernando Medina, em conferência de imprensa, juntamente com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, sobre o pacote de apoio ao rendimento dos agricultores no valor de quase 500 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar a Política Agrícola Comum (PAC).
Os trabalhadores da Silopor, empresa pública em liquidação já há vários anos, estão em greve, pelo fim da precariedade e valorização dos salários e das carreiras. O ministro das Finanças realçou que o facto de a empresa se encontrar em liquidação não impediu o seu normal funcionamento. “A única coisa que altera é o nível de autonomia que existe para a tomada de um conjunto de decisões do ponto de vista da gestão da empresa”, explicou.
Fernando Medina acrescentou que o Ministério das Finanças “dará as indicações ao Conselho de Administração para que possa encontrar as soluções adequadas com os trabalhadores, para que a empresa recupere a sua normalidade”, “separando, naturalmente, o que é o desejo de quem reivindica e a possibilidade de quem vai ter que gerir uma organização” e uma empresa que sustentável.
Quanto à situação de liquidação em que a empresa se encontra há mais de 20 anos, o ministro das Finanças adiantou que a solução já está “delineada” e “organizada”, sem adiantar mais detalhes. Já a ministra da Agricultura garantiu que não está em causa o abastecimento de cereais no país e que o Governo está a acompanhar a situação junto do setor. Algumas dezenas de trabalhadores da Silopor concentraram-se esta quarta frente ao Ministério das Finanças, para exigir o fim da precariedade na empresa do setor do Estado e pela valorização dos salários e das carreiras.
Em liquidação desde 2001 por decisão da Comissão Europeia, mas a dar lucro desde 2016, a Silopor pertence ao setor empresarial do Estado e é gerida por uma comissão liquidatária cujo mandato foi prolongado até junho de 2025, a mesma altura em que acaba o contrato de concessão do Porto de Lisboa à empresa. O que irá acontecer depois daquela data, os trabalhadores não sabem, segundo explicou à Lusa a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Célia Lopes.
“A empresa continua a ser responsável por mais de 50% de armazenagem do cereal no nosso país e é, obviamente, uma empresa estratégica até na regulação de preços, quer para cereais para a produção alimentar, quer para seres humanos e animais”, apontou a dirigente sindical, que espera que na próxima reunião com a comissão liquidatária, apontada para início de fevereiro, haja evoluções no sentido dos interesses dos trabalhadores.
Em concreto, os profissionais da empresa reivindicam a integração nos quadros, com contrato sem termo, de todos os trabalhadores das empresas de trabalho temporário, um aumento salarial de 150 euros para todos e a negociação das carreiras profissionais e revisão do acordo de empresa, conforme expresso numa resolução aprovada pelos manifestantes e entregue no Ministério das Finanças.
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