Macron pede a Netanyahu que pare operações em Gaza e avance para solução de dois Estados
O Presidente francês "exprimiu a firme oposição da França a uma ofensiva israelita em Rafah", no sul da Faixa de Gaza, "que só poderia conduzir a uma catástrofe humanitária de uma nova magnitude".
O Presidente francês transmitiu esta quarta-feira ao primeiro-ministro de Israel que as operações em Gaza “têm de parar” porque “o custo humano e a situação humanitária” são “intoleráveis”, instando Benjamin Netanyahu a tomar medidas para uma solução de dois Estados.
Numa conversa telefónica com Netanyahu, Emmanuel Macron “exprimiu a firme oposição da França a uma ofensiva israelita em Rafah”, no sul da Faixa de Gaza, “que só poderia conduzir a uma catástrofe humanitária de uma nova magnitude”, de acordo com um comunicado da Presidência francesa. Manifestou ainda a oposição da França a “qualquer deslocação forçada de população”, o que, segundo o governante francês, constituiria uma violação do direito internacional humanitário e “um risco adicional de escalada regional”.
O chefe de Estado francês sublinhou também “a extrema urgência de concluir, sem mais demoras, um acordo de cessar-fogo que garanta finalmente a proteção de todos os civis e o afluxo maciço de ajuda de emergência”. Emmanuel Macron considerou ainda “imperativo abrir o porto de Ashdod, uma via terrestre direta a partir da Jordânia e todos os pontos de passagem” para fazer chegar a ajuda ao enclave palestiniano. “A falta de acesso humanitário é injustificável”, insistiu.
Reiterou ainda a “condenação” de Paris “à política de colonatos de Israel” e “apelou ao desmantelamento dos enclaves ilegais” em território palestiniano, pedindo “que se evite qualquer medida suscetível de conduzir a uma escalada descontrolada em Jerusalém e na Cisjordânia”. A França anunciou na terça-feira sanções contra 28 “colonos israelitas extremistas culpados de violência contra civis palestinianos na Cisjordânia” e apelou à União Europeia (UE) para que faça o mesmo.
Macron também sublinhou que a solução de dois Estados é a única que pode responder “às legítimas aspirações dos palestinianos” e apelou a Netanyahu e a todos os líderes israelitas para que “tenham a coragem de lhes oferecer um futuro de paz”, acrescentou o Eliseu (Presidência francesa) no mesmo comunicado. Por outro lado, o Presidente francês salientou que a libertação de todos os reféns israelitas detidos pelo Hamas, incluindo três que são também cidadãos franceses, “é uma prioridade absoluta para a França”.
Durante a conversa foi também abordada a situação regional, tendo Macron salientado a importância de evitar que o conflito se alastre a toda a região, nomeadamente ao Líbano e ao Mar Vermelho.
O conflito na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel foi desencadeado após o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, em 7 de outubro passado, em que morreram mais de 1.160 pessoas, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da agência noticiosa francesa AFP baseada em dados oficiais israelitas.
O Hamas, considerado terrorista pela UE, Estados Unidos e Israel, fez ainda 253 reféns, dos quais 130 ainda permanecem cativos em Gaza. Em retaliação, Israel está a levar a cabo uma ofensiva militar em grande escala que já fez mais de 28.500 mortos em Gaza, a grande maioria civis, e dezenas de milhares de feridos, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
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