EDP inaugura segundo parque eólico e solar no país. Quer pelo menos dez híbridos até 2026
"A hibridização é um dos grandes pilares de desenvolvimento da EDP Renováveis", afirma o responsável em Portugal, Hugo Costa.
A EDP Renováveis inaugurou esta segunda-feira o segundo parque em Portugal que combina a energia eólica com energia solar, de forma a tirar um maior partido do espaço e da ligação à rede. “A hibridização é um dos grandes pilares de desenvolvimento da EDP Renováveis“, afirma o responsável em Portugal, Hugo Costa.
Em Penela, as 13 eólicas do parque de São João, que já estão a girar desde 2008, ganham agora uma nova companhia, os 36 mil painéis da central solar fotovoltaica Monte de Vez.
Os 22,8 megawatts (MW) de capacidade eólica são reforçados por 21 megawatts-pico (MWp) de capacidade solar, o que resulta numa capacidade renovável combinada de 79 gigawatts-hora (GWh) por ano. Com esta energia, é possível fornecer 23 mil famílias. Evita-se, desta forma, a emissão de 40 mil toneladas de dióxido de carbono por ano.
Com as eólicas e painéis de Penela como plano de fundo, o responsável da EDP Renováveis em Portugal, Hugo Costa, tomou as condições deste dia como um bom exemplo do interesse deste tipo de projetos. “Estamos no inverno, devíamos ter bastante vento. Não temos”. É o sol o recurso que nesta segunda-feira ilumina com força a encosta, e que está a ser aproveitado através dos painéis fotovoltaicos, enquanto as eólicas mais próximas se encontram imóveis. “Há uma complementaridade destes recursos” que permite otimizar a produção, sublinha o responsável.
Outra vantagem é que, uma vez que a rede elétrica já está atribuída à EDP para receber a energia do parque eólico, a junção de um parque solar é mais ágil — dispensa nova atribuição de rede. O híbrido “faz com que possamos ser mais ágeis e aproveitemos melhor a rede que nos está atribuída”, aponta Hugo Costa.
Tendo em conta estes ganhos, “a hibridização é um dos grandes pilares de desenvolvimento da EDP Renováveis”, defende o responsável da empresa no país, adiantando que, na teoria, todos os parques eólicos da EDP em Portugal podem passar a híbridos. A EDP Renováveis explora de momento 40 parques eólicos, sendo que seis estão numa fase mais avançada de hibridização e outros seis em estudo. Hugo Costa espera que, até 2026, entre dez a 12 dos parques eólicos nacionais já tenham implementadas soluções de hibridização.
Embora o projeto em Penela tenha permitido, tal como o primeiro do país, em Sabugal, que os painéis fossem instalados com grande proximidade das torres eólicas, dependendo das condições do terreno e de constrangimentos como o aluguer do espaço necessário, um projeto híbrido pode contar uma maior distância entre as duas tecnologias. Desde que seja partilhado o mesmo ponto de ligação, o rótulo de “parque híbrido” aplica-se.
A diferença está em que, quanto mais longe do ponto de ligação à rede estiver a tecnologia, mais encargos terá a empresa em fazer a ligação entre a produção e esse ponto. Outro dos ganhos de eficiência está nos acessos: quando já estão construídos para um parque eólico, facilmente a empresa os pode usar também para o parque solar, sem necessidade de mais investimentos nesta frente e de alterações na paisagem.
Um passo natural, na sequência da hibridização dos parques, será o do armazenamento. “Faz sentido o armazenamento por uma questão de gestão da energia”,indica Hugo Costa. Até 2026, espera que a EDP Renováveis já tenha estas soluções implementadas em Portugal
Primeiro híbrido em Portugal já multiplicou produção
Em Penela olhou-se para o futuro da hibridização em Portugal, mas o passado também é relevante. Hugo Costa fala em “ganhos de conhecimento” que vão desde a componente ambiental até a questões mais técnicas, que permitem uma maior eficiência.
Além disso, a EDP Renováveis conta que seja mais rápido o processo burocrático necessário até à implementação dos projetos híbridos no terreno. Quando o primeiro projeto chegou à Direção Geral da Energia e Geologia, esta entidade não tinha a experiência e o conhecimento que tem hoje. Além disso, os reforços nas equipas da DGEG ajuda a encurtar o tempo de aprovação de próximos projetos, conta Hugo Costa.
O primeiro parque híbrido do país foi lançado em janeiro de 2023, no concelho do Sabugal. A central solar nesta localização conta 17 mil painéis, que lhe conferem uma capacidade de 8,4 megawatts (MW), aos quais se juntam a oito geradores eólicos com uma capacidade instalada de 11 MW.
Energia produzida com e sem hibridização
No balanço que a empresa faz do primeiro ano, a produção foi suficiente para fornecer eletricidade a 11 mil famílias, num total de 37,4 gigawatts-hora, significativamente acima dos 23 GWh que teria produzido se se mantivesse apenas um parque eólico.
O melhor mês em termos de produção foi agosto, quando chegou aos 3,9 GWh, embora a tecnologia solar tenha atingido o seu pico de produção em julho e a eólica em janeiro do mesmo ano. O uso das duas tecnologias permitiu uma maior utilização da rede, que oscilava entre os 20 e os 40% quando o parque era unicamente eólico mas, com a mistura das duas tecnologias, passou a situar-se entre os 40 e os 60%.
Fator de utilização da rede
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
EDP inaugura segundo parque eólico e solar no país. Quer pelo menos dez híbridos até 2026
{{ noCommentsLabel }}