Caixa aprova aumento salarial médio de 3,25% com greve à vista
Banco diz que valor não é final, mas uma "antecipação da revisão que vier a ser acordada nos processos negociais que estão em curso". Prémio de desempenho será maior que o de 2023.
A Caixa aprovou um aumento salarial médio de 3,25% para este ano, que será pago já a partir deste mês. O valor fica aquém do pedido pelos sindicatos, que têm uma greve agendada para dia 1 de março. Administração do banco está disponível para continuar a negociar, mas diz que não compreende “o intuito subjacente à convocatória” da paralisação, porque tem “a melhor proposta de revisão salarial do setor”. O STEC, o mais representativo do banco público, repudia o adiantamento feito pela gestão liderada por Paulo Macedo, que considera ilegal.
“A Caixa Geral de Depósitos (CGD) aprovou, para todos os Colaboradores no ativo e pré-reformados, uma atualização salarial média de 3,25%, que será aplicada no processamento salarial do corrente mês, com efeitos a 1 de janeiro, como antecipação da revisão que vier a ser acordada nos processos negociais que estão em curso“, afirma o banco liderado por Paulo Macedo num comunicado aos trabalhadores a que o ECO teve acesso.
A subida salarial anunciada fica aquém do que tem sido exigido pelos sindicatos, estando convocada uma greve para o dia 1 de março. O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) anunciou a paralisação a 16 de fevereiro, considerando insuficiente o aumento proposto, noticiou a agência Lusa. Para o STEC, a administração do banco público ‘persiste” em propostas de aumentos “salariais irrisórios e absurdos” que traduzem uma “manifesta a desvalorização do fator trabalho” perante os “lucros recorde que a CGD se prepara para apresentar”.
Não se compreende, assim, o intuito subjacente à convocatória de uma greve na Caixa, o que não sucede na restante banca e pese embora a CGD tenha apresentado a melhor proposta de revisão salarial do setor.
Na sexta-feira, o Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Centro e o Sindicato dos Bancários do Norte anunciaram que também se juntam à greve de dia 1, em protesto por “aumentos salariais dignos” para os trabalhadores do banco público. Estas estruturas sindicais afetas à UGT reivindicam aumentos de 6%, considerando o valor proposto pela administração da Caixa uma proposta “manifestamente insuficiente” para uma instituição que “nos últimos anos tem tido resultados fabulosos”.
A Caixa deixa reparos aos sindicatos. Sublinha que “o aumento de 3,25% foi a segunda proposta oportunamente apresentada ao STEC, Mais Sindicato, SBN e SBC, tendo sido recusada, numa altura em que as propostas salariais conhecidas no setor são de 2%”. Considera ainda que “o STEC, sem aviso, entendeu desvalorizar as negociações através de um pré-aviso de Greve (formulado posteriormente pelo MAIS, SBC e SBN)”.
“Não se compreende, assim, o intuito subjacente à convocatória de uma greve na Caixa, o que não sucede na restante banca e pese embora a CGD tenha apresentado a melhor proposta de revisão salarial do setor”, argumenta a administração do banco.
Prémio de desempenho será maior que o de 2023
Na missiva aos trabalhadores, o banco explica que “a atualização média de 3,25% corresponde, em cada nível remuneratório da tabela salarial, a um aumento mínimo de 3%, com aplicação do mínimo de € 52,63”. O subsídio de refeição tem o mesmo aumento percentual, passando a ser de 12,91€.
“Com a atualização a realizar, em conjunto com as promoções, o aumento da massa salarial fixa atingirá 5%. Com a inclusão da componente variável de prémios e incentivos comerciais, que, no ano passado, foi recebida por 93% dos Colaboradores, o aumento aplicado significa um incremento de 7,2%”, afirma a Caixa, acrescentando que 80% dos trabalhadores passam “a auferir uma remuneração superior a 2.000 euros”.
A atribuição do prémio de desempenho e potencial e de incentivos comerciais, deverá ser processado em março ou abril, “com um aumento do valor a distribuir, face a 2023”.
STEC repudia decisão que viola Constituição
Em reação, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas da Caixa (STEC), o mais representativo dentro do banco público, considera que a administração “abriu um grave precedente” com um adiantamento salarial “irrisório” e que “ignora os reformados da CGD”.
“O STEC repudia esta decisão que viola o direito à Contratação Coletiva estabelecido na Constituição da República Portuguesa e no Código do Trabalho, subvertendo e desvirtuando o processo negocial, sendo demonstrativo de má-fé, dado que o mesmo foi decidido e aplicado, de forma dissimulada sem o conhecimento prévio dos representantes dos trabalhadores”, adianta o sindicato em comunicado.
Segundo o sindicato, esta decisão revela “desnorte” da administração do banco, que mostrou “não ter qualquer capacidade negocial, ser sobranceira e autoritária, pretender apenas a imposição das suas decisões, ignorando, desconsiderando e desrespeitando por completo os trabalhadores e os reformados da CGD”.
(Notícia atualizada às 11h13 com reação do STEC)
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