Alívio nos preços da energia corta lucros da EDP Renováveis para metade em 2023
Resultado líquido da elétrica desceu 50% face a 2022, ficando-se pelos 309 milhões de euros, uma descida explicada em parte pela queda dos preços da energia na Europa.
A EDP Renováveis EDPR 0,00% alcançou lucros de 309 milhões de euros em 2023, que foi metade do resultado líquido conseguido no ano anterior. A queda é justificada, entre outros fatores, pela redução do preço médio de venda do megawatt-hora (MWh) em 6%, reflexo dos preços mais baixos da eletricidade na Europa em comparação com os máximos alcançados em 2022.
Para a empresa de energias renováveis, que divulgou esta quarta-feira de manhã as suas contas anuais, o ano passado foi de recuo na maioria dos indicadores, perante um cenário menos favorável do que o do ano anterior. O preço do MWh recuou 6%, para 61 euros, mas a comparação também resulta da “revisão regulatória em baixa dos preços da eletricidade de 2023 para os ativos regulados em Espanha”, que teve efeitos retroativos.
Além do mais, no Brasil, o preço médio de venda “foi afetado pela fase de testes de ativos recém-instalados”. E a prejudicar a empresa estiveram, ainda, atrasos em projetos eólicos na Colômbia (com impacto de 178 milhões), o cancelamento de um contrato de aquisição de energia nos EUA (10 milhões) e uma provisão que teve de ser constituída na Roménia (12 milhões).
Feitas as contas, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da elétrica diminuiu 15%, para 1.835 milhões de euros, perante uma redução de 6% nas receitas, que atingiram 2.239 milhões. A queda foi compensada, porém, por “um aumento na geração” de 4% em relação a 2022, resultante, “principalmente”, da “maior capacidade média em operação (+8%).
A EDP Renováveis obteve ainda rendimentos operacionais de 460 milhões de euros com “ganhos com transações de rotação de ativos em Espanha, Polónia e Brasil, num total de 658 MW” (megawatts). Por sua vez, “a participação nos lucros dos associados” caiu significativamente, de 179 milhões em 2022 para apenas 14 milhões em 2023, “devido ao menos resultado líquido da Ocean Winds, devido ao impacto da redução dos preços da eletricidade no Reino Unido face a 2022 no contributo do parque eólico offshore Moray East”, indica o documento.
A empresa também enfrentou maiores despesas. “Os custos operacionais aumentaram 9% em termos homólogos, impulsionados principalmente pelo aumento de 18% nos outros custos operacionais, que inclui os impostos clawback na Europa (106 milhões de euros na Roménia e Polónia), custos com atrasos de projetos solares nos EUA (51 milhões de euros) relacionados com restrições na cadeia de abastecimento entretanto resolvidas e o atraso de projetos eólicos na Colômbia (53 milhões de euros). O core opex (que inclui suprimentos e serviços e custos de pessoal) aumentou 6%”, lê-se na apresentação das contas anuais.
No final de 2023, a EDP Renováveis registava uma dívida líquida de 5.805 milhões de euros, mais 867 milhões do que no final de 2022. O rácio dívida/EBITDA atingiu 3,2x. Este aumento no endividamento resulta do “efeito combinado do aumento do investimento no período, o aumento de capital de mil milhões de euros e o encaixe de tax equity nos EUA (0,5 mil milhões de euros)”, explica a elétrica.
Apesar dos piores resultados em 2023, o programa de dividendos flexíveis lançado no ano passado vai continuar. A empresa “decidiu propor à Assembleia Geral de Acionistas a continuação do programa Script Dividend introduzido no ano passado, proporcionando uma opção adicional de remuneração aos acionistas da EDPR. Esta proposta será submetida à aprovação da Assembleia Geral de Acionistas em 4 de abril de 2024, sendo que, se aprovado, o programa deverá ser executado no segundo trimestre de 2024″, lê-se no relatório dos resultados, submetido esta quarta-feira de manhã à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), informação que a empresa já tinha revelado na terça-feira aos investidores.
Em 2023, no plano do desempenho operacional, importa destacar que a EDP Renováveis adicionou 2,5 GW (gigawatts) de capacidade renovável, tendo batido o recorde trimestral de 1,7 GW adicionados só no quarto trimestre do ano. A maior parte da capacidade adicionada no ano passado foi em solar (1,5 GW de solar e 1 GW de eólica).
(Notícia atualizada pela última vez às 7h37)
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