Administração da Autoeuropa propõe aumentos salariais de 5% para 2024. “Inaceitável”, responde Comissão de Trabalhadores
O aumento tem efeito nas tabelas salariais a partir de janeiro. Proposta "defende o poder de compra" dos 5.000 trabalhadores, argumenta a empresa. Comissão de Trabalhadores diz que "é inaceitável".
A Autoeuropa propôs esta sexta-feira à Comissão de Trabalhadores um aumento salarial de 5% para 2024, que considera ser uma proposta que “defende o poder de compra” dos 5.000 funcionários da empresa e “garante a sustentabilidade da fábrica” de Palmela.
Segundo uma comunicação interna a que a agência Lusa teve acesso, a proposta visa “criar condições para um pré-acordo com a Comissão de Trabalhadores que seja capaz de manter a sustentabilidade da empresa e, simultaneamente, responder aos desafios da indústria automóvel europeia”.
“Este aumento, com efeito nas tabelas salariais a partir de janeiro do corrente ano, não só defende o poder de compra dos nossos 5.000 colaboradores, como também valoriza o bom desempenho da organização em Portugal”, refere a nota enviada aos trabalhadores da fábrica de automóveis da Volkswagen, em Palmela, no distrito de Setúbal.
“A proposta mantém a oferta de uma majoração do prémio anual de objetivos até 50%, o que significa que cada colaborador poderá receber adicionalmente até um salário e meio em 2024”, acrescenta o documento, adiantando que também estão previstas melhorias para os trabalhadores nas áreas da “saúde, transporte e apoios sociais”.
Na comunicação interna, a administração da fábrica considera também que a proposta apresentada à Comissão de Trabalhadores “sustenta o modelo de trabalho atual, que contempla quatro equipas em regime de 19 turnos semanais, e que tem sido a base dos recentes sucessos da empresa”.
A Volkswagen Autoeuropa salienta ainda que “tem em curso um dos maiores planos de investimento da sua história – que ascende a 600 milhões de euros – cujos principais focos serão o novo modelo [a produzir na fábrica de Palmela], a descarbonização do processo de produção em mais de 80% e a melhoria contínua das condições de trabalho dos colaboradores”.
Em reação, horas depois, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa considerou “inaceitável” a proposta. “Não é de forma alguma aceitável que num ano de excelentes resultados e de prémios conquistados, a empresa teime em não reconhecer quem produz a riqueza”, refere em comunicado, adiantando que já informou a empresa de que se trata de uma “proposta inaceitável” e que os “trabalhadores não irão aceitar migalhas”.
“Os 5% da comunicação da empresa incluem os 2,1% de reposição da inflação passada, relativos ao acordo anterior”, acrescenta o documento, considerando que, na prática, se trata de um “aumento salarial de apenas 2,9%” e que “prémios não são aumentos salariais”. No comunicado, a CT garante que “tudo tem feito para que as negociações avancem e que seja alcançado um bom pré-acordo”, ao contrário da empresa, que “teima em avançar com propostas de aumento salarial completamente desajustadas, sem ter em conta o esforço dos trabalhadores, pondo em causa a paz social”.
A CT adverte ainda que, caso não exista um pré-acordo de empresa até dia 13 de março, a resposta será dada em reuniões plenárias de trabalhadores. Contactado pela agência Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Rogério Nogueira, lembrou que a paz social se mantém com o contributo de ambas as partes, mas defendeu que “só os representantes dos trabalhadores estão a contribuir para que a paz social continue”.
“Na próxima semana terminaremos as negociações e sabemos que temos o apoio de todos os trabalhadores para, se necessário, usar todas as ferramentas ao nosso dispor para conseguir um acordo que reconheça o esforço dos trabalhadores da Autoeuropa”, disse Rogério Nogueira.
O ano passado, a Volkswagen Autoeuropa, um dos maiores exportadores nacionais, produziu 220.100 automóveis T-Roc, único modelo em produção na fábrica de Palmela. De acordo com o grupo alemão Volkswagen, o T-Roc foi o terceiro carro mais vendido na Europa em 2023.
(Notícia atualizada às 19h10 com a reação da CT à proposta da administração)
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