Zelenski pede aos aliados sistema de defesa aéreo igual ao de Israel
Volodymir Zelenski apelou aos países aliados para que tomem medidas necessárias para criar na Ucrânia uma rede de defesa aérea semelhante à israelita.
“O mundo inteiro vê o que significa uma verdadeira defesa. Vê que é possível. E o mundo inteiro viu que Israel não estava sozinho nesta defesa, uma vez que a ameaça aérea foi combatida também pelos aliados”, disse o Presidente ucraniano, Volodymir Zelenski, no domingo à noite, referindo-se à neutralização dos projéteis iranianos pelos aliados de Israel a partir de bases na região.
Israel intercetou na madrugada de domingo quase todos os ‘drones’ e mísseis disparados pelo Irão contra o Estado judaico.
O Presidente ucraniano recordou que, na semana passada, a Rússia lançou 130 ‘drones’ iranianos Shahed, 80 mísseis e cerca de 700 bombas aéreas guiadas contra a Ucrânia. Estes ataques causaram novamente vítimas civis e destruíram ou danificaram várias centrais elétricas ucranianas, entre outras infraestruturas.
“Quando a Ucrânia diz que os seus aliados não devem fechar os olhos aos mísseis e aos ‘drones’, isso significa que é necessário agir”, reiterou Zelenski, acrescentando que a eficácia das defesas israelitas demonstrou que a “unidade” entre os aliados “proporciona a melhor defesa“.
A Ucrânia, o Médio Oriente e todas as outras regiões do mundo merecem igualmente uma paz justa e duradoura”, disse o chefe de Estado ucraniano, apelando a medidas concretas, e não a “retórica” ou “opiniões”, para abrandar “a produção de mísseis e drones”.
Quando a Ucrânia diz que os seus aliados não devem fechar os olhos aos mísseis e aos ‘drones’, isso significa que é necessário agir.
Zelenski voltou a referir que muitos dos mísseis que a Rússia lança contra o território ucraniano ainda contêm componentes fabricados “no mundo livre”, apesar das sanções impostas às indústrias militares da Rússia e do Irão, que durante a guerra da Ucrânia forneceram a Moscovo drones Shahed. O Presidente ucraniano voltou a apelar aos aliados para que tomem medidas drásticas para impedir que a Rússia continue a contornar as sanções para importar componentes através de países terceiros.
A Ucrânia necessita urgentemente de mais sistemas de defesa aérea e de mísseis para estes sistemas, a fim de poder proteger as infraestruturas dos ataques aéreos russos. Kiev deve também receber os primeiros caças F-16 prometidos pelos países aliados ainda este ano.
Após semanas de ataques devastadores ao sistema elétrico ucraniano, a Alemanha anunciou no fim de semana que vai enviar para a Ucrânia mais um sistema antimíssil Patriot. Berlim está também a preparar a transferência de mais um sistema IRIS-T para a Ucrânia e vai enviar mais mísseis para os sistemas antiaéreos existentes em Kiev.
Blinken defende necessidade de evitar escalada após ataque do Irão contra Israel
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu a necessidade de evitar uma maior escalada da tensão na região em contactos com Turquia, Egito e Jordânia sobre o ataque “sem precedentes” do Irão contra Israel.
Na conversa, no domingo, com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, Antony Blinken agradeceu os esforços do responsável para prevenir a expansão do conflito no Médio Oriente, e reafirmou o compromisso com a defesa de Israel, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano.
Ao mesmo tempo, Blinken garantiu que Washington está atento à situação face “às ameaças”, afirmando que não hesitará em realizar “todas as ações necessárias” para proteger os norte-americanos.
Antes, os Estados Unidos da América já se tinham desmarcado de uma eventual ação de retaliação israelita contra o Irão. “Não faremos parte de qualquer resposta que pretendam dar”, disse um responsável norte-americano à agência de notícias France-Presse, sem identificar. E reforçou: “Não nos vemos a participar num tal ato”.
Numa outra conversa, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Sameh Shukri, os dois governantes defenderam a coordenação de uma resposta diplomática ao ataque iraniano e assim evitar uma escalada da tensão. Os dois diplomatas falaram também sobre a importância de aumentar a assistência humanitária aos palestinianos na Faixa de Gaza e de alcançar um cessar-fogo que garanta a libertação de mais de uma centena de reféns israelitas.
Blinken também conversou com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia para discutir o ataque iraniano e agradeceu a Ayman Safadi o envio de ajuda humanitária para Gaza, incluindo operações conjuntas de assistência aérea com os Estados Unidos.
O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 ‘drones’, mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, com o apoio dos aliados, referiu o Exército israelita.
O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), responsável pelo Médio Oriente, confirmou no domingo ter destruído mais de 80 ‘drones’ e seis mísseis balísticos lançados a partir do Irão e de posições dos rebeldes Huthis do Iémen.
Num vídeo divulgado pela Casa Branca, o Presidente Joe Biden elogiou as forças norte-americanas, dizendo que “fizeram uma enorme diferença potencialmente salvando muitas vidas”.
Penso que é perfeitamente justificado que pensem que devem responder porque foram atacados, mas estamos a pedir-lhes, como amigos, que pensem com a cabeça e com o coração, que sejam inteligentes e duros.
O ataque surgiu depois de um bombardeamento ao Consulado iraniano em Damasco, a 1 de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios, aumentando as tensões entre Teerão e Telavive, já marcadas nos últimos tempos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.
“Pensem com cabeça e coração”, aconselha Reino Unido
Entretanto, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, exortou Israel a não retaliar após o ataque iraniano com drones e mísseis, afirmando que o país deveria “pensar com a cabeça e com o coração”, uma vez que o ataque de Teerão foi um fracasso quase total.
“Penso que é perfeitamente justificado que pensem que devem responder porque foram atacados, mas estamos a pedir-lhes, como amigos, que pensem com a cabeça e com o coração, que sejam inteligentes e duros”, disse Cameron à BBC TV. Cameron estava a pedir a Israel que não aumentasse as tensões no Médio Oriente.
“Em muitos aspetos, esta foi uma dupla derrota para o Irão. O ataque foi um fracasso quase total e revelou ao mundo que é a influência maligna na região disposta a fazer isto. Por isso, a nossa esperança é que não haja uma reação de retaliação“, afirmou à Sky News.
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