Portugal marca passo nos níveis de literacia financeira
Inquérito destaca melhorias nos conhecimentos financeiros, mas alerta para importância de inverter tendência da poupança, que diminuiu face há três anos.
Nos últimos três anos, a população portuguesa progrediu pouco em termos de literacia financeira. Com um indicador global de literacia financeira médio de 62,7 pontos, Portugal registou em 2023 um valor “muito semelhante” ao de 2020, apesar da melhoria ao nível de conhecimentos financeiros e da permanência de lacunas no que toca ao cálculo de juros simples e juros compostos, à diversificação de risco e ao poder de compra.
As conclusões constam do relatório do 4.º inquérito à literacia financeira da população portuguesa, divulgado esta terça-feira pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) – do qual fazem parte o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, o administrador do BdP, Rui Pinto, a presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Margarida Corrêa de Aguiar, e o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa.
Na comparação internacional, Portugal surge em 13.º lugar no indicador global de literacia financeira entre os 39 países participantes no inquérito, registando resultados acima da média não só neste indicador global, como nas suas componentes de atitudes e comportamentos financeiros.
Portugal ficou acima da média também no indicador de bem-estar financeiro, ocupando a 7.ª posição, com 50,8 pontos, em resultado das melhorias nas suas componentes de resiliência financeira (de 47,9 pontos em 2020 passou para 55,2 pontos em 2023) e de avaliação subjetiva de bem-estar (de 35,9 pontos em 2020 para 46,3 pontos em 2023).
Ainda neste ponto, o CNSF sublinha o “aumento da resiliência a choques financeiros” e a “avaliação que os entrevistados fazem em relação à satisfação com a sua situação financeira”.
“A maioria dos entrevistados valoriza o futuro, discordando de que vive para o presente (68%) e de que tem mais prazer em gastar dinheiro do que em poupar para o futuro (52,6%)“, conclui também o estudo, que acrescenta que “67,6% dos inquiridos afirmam ter capacidade de pagar uma despesa inesperada de valor equivalente ao seu rendimento mensal sem ter de pedir dinheiro emprestado ou a ajuda de familiares ou amigos”.
Por outro lado, quase quatro quintos (79,5%) dos entrevistados referiram “ter rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida”, enquanto “metade dos inquiridos afirma que, se perdesse a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as suas despesas por um período superior a três meses”.
“A grande maioria dos entrevistados paga as contas a tempo (85,9%), evita compras por impulso (85%), considera que não tem demasiadas dívidas (78,5%) e controla sistematicamente as suas finanças pessoais (76,9%)“, revelou ainda o inquérito acerca da literacia financeira da população portuguesa.
Não obstante, a percentagem de entrevistados que afirma ter poupado no último ano é menor do que em 2020. É uma tendência “que importa inverter, para não comprometer os resultados alcançados na resiliência financeira das famílias”, alerta o CNSF.
Outra conclusão aponta para um aumento da inclusão no sistema bancário, “com 96% dos entrevistados a deterem uma conta de depósito à ordem”, sendo que “os outros produtos mais detidos são os seguros (43,8%), os cartões de crédito (35%), os depósitos a prazo (34,2%) e o MBWay (33%)”.
Esta iniciativa enquadra-se na comparação internacional dos níveis de literacia financeira dinamizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), através da International Network on Financial Education (INFE). Segundo o CNSF, as entrevistas para o 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa foram realizadas porta-a-porta, em todo o território, tendo a amostra incluído 1.510 entrevistados, com 16 ou mais anos.
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