Presidentes francês e chinês querem trégua olímpica aplicada a todos os conflitos
Na visita a Paris, Xi apadrinhou um contrato para o grupo francês Suez construir uma central de produção de eletricidade a partir de biomassa no sul da China, por quase 100 milhões de euros.
Uma trégua olímpica, facilitação de vistos a chineses e possíveis acordos sobre conhaque estiveram esta segunda-feira em destaque no primeiro dia de visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a França. Numa declaração conjunta após uma reunião em que discutiram questões internacionais globais e relações comerciais bilaterais, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou o apoio dos dois países a uma trégua olímpica abrangendo todos os conflitos durante os próximos Jogos de Paris, o que também permitiria avançar na busca de soluções.
“Pensamos que uma trégua olímpica para todos os cenários de guerra pode ser uma ocasião para trabalhar em soluções duradouras no pleno respeito do direito internacional”, afirmou Macron, na referência ao evento desportivo que se realiza na capital francesa em julho e agosto e para o qual se esperam 16 milhões de visitantes. O Governo francês também anunciou que vai facilitar a emissão de vistos para os viajantes chineses em negócios e turistas que visitam a França, um dia antes da reunião do comité interministerial do turismo (CIT) com o primeiro-ministro Gabriel Attal.
A França é o principal destino turístico do mundo, de acordo com a Organização Mundial do Turismo, tendo no ano passado recebido 100 milhões de visitantes estrangeiros, que gastaram um total recorde de 63,5 mil milhões de euros. Vários contratos comerciais entre empresas francesas e chinesas foram assinados por ocasião da visita de Xi, nomeadamente nas áreas da energia, transportes e finanças, anunciou o Eliseu.
Entre os contratos anunciados está um para o grupo francês Suez construir uma central de produção de eletricidade a partir de biomassa no sul da China, por quase 100 milhões de euros. O construtor ferroviário Alstom também obteve contratos para fornecer sistemas de tração elétrica para linhas de metropolitano em Pequim, Wuhan e Hefei.
Do lado financeiro, a seguradora Groupama vai criar uma joint venture com o Shudao Group “em finanças verdes”. Outros acordos comerciais menos avançados envolvem a Schneider Electric para instalação de pontos de carregamento de veículos elétricos, ou entre o Crédit Agricole e o Bank of China para “facilitar operações conjuntas”.
No início do dia, o ministro francês da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, defendeu uma “parceria econômica equilibrada e sólida” entre a França e a China, ainda “de longe” de ser alcançada hoje em detrimento de Paris. A França registou um défice comercial de cerca de 46 mil milhões de euros com a China em 2023, enquanto o da União Europeia atingiu cerca de 300 mil milhões.
De acordo com uma lista de presentes oferecidos ao presidente chinês, consultada pela agência noticiosa AFP, Macron entregou uma garrafa de Hennessy X.O. Cognac e um decantador de Rémy Martin “Louis XIII” Cognac. “Gostaria também de agradecer ao Presidente a sua abertura relativamente às medidas provisórias sobre o conhaque francês e o seu desejo de não as ver aplicadas”, acrescentou ainda Macron sobre a bebida alcoólica francesa que é objeto de um inquérito antidumping lançado pelas autoridades chinesas.
Em Paris foram ainda oferecidas a Xi obras de Victor Hugo, bem como o primeiro dicionário franco-chinês, publicado em 1742, e uma jarra “achatada nos dois lados, esculpida, em vidro de várias camadas”, de uma vidraria de Amboise (Indre-et-Loire).
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