Pedro Reis quer “reformismo responsável” no setor público e traça roteiro para “salto quântico” na economia
Ministro da Economia diz que cabe ao setor público desencadear "uma agenda de reformismo responsável" e que o país deve tirar partido da sua dimensão para dar "um salto quântico".
O ministro da Economia, Pedro Reis, disse esta segunda-feira que é preciso “resgatar a ambição” de Portugal, defendendo que o país deve tirar partido da sua dimensão para dar “um salto quântico”.
“Se focarmos a execução e a racionalidade das decisões muito em capitalizar e financiar as empresas, promover a inovação, ajudar na internacionalização, remover a burocracia, conseguimos dar um salto quântico a uma velocidade que não é possível em economias muito maiores e mais complexas. Tiremos partido da nossa dimensão e assentemos a nossa prioridade na agilidade da economia portuguesa“, disse o ministro.
Pedro Reis falava na abertura da conferência anual da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), que decorreu esta segunda-feira na Universidade de Aveiro.
Perante uma plateia de empresários, académicos e alunos, o ministro referiu que é preciso resgatar a ambição de Portugal, afirmando que o país “tem todas as condições para ser uma potência exportadora e internacionalizada com base na inovação e no talento”.
“Se conseguirmos fazer acontecer isto, estaremos a posicionar-nos e a conquistar o futuro”, afirmou o sucessor de António Costa Silva.
Portugal tem todas as condições para ser uma potência exportadora e internacionalizada com base na inovação e no talento.
No seu discurso, o ministro disse ainda que cabe ao setor público desencadear “uma agenda de reformismo responsável”, defendendo uma aposta na qualificação, no talento e conhecimento para vencer o desafio da produtividade, da competitividade e da escala.
“Estes são os desafios que convém ganhar, sem os quais tudo o que façamos é ingrato ou suficiente e se assegurarmos isto tudo o resto é possível”, observou.
Defendeu ainda uma aposta em investimento continuado, adiantando que um dos desafios de Portugal é o desafio da consistência, porque “nós pensamos bem, mas distraímo-nos rápido”, e uma maior agilidade na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência e do PT 2030.
O ministro destacou ainda o papel “absolutamente nevrálgico para o caminho do futuro” do setor metalúrgico e metalomecânico, comparando-o a uma “coluna vertebral da economia portuguesa”.
Na mesma ocasião o presidente da AIMMAP, Vítor Neves, sustentou que o país e a economia precisam de uma “profunda simplificação legislativa e de processos”, argumentando que existe em Portugal “um emaranhado de leis e processos que dificultam a vida ao próprio Estado, mas acima de tudo aos cidadãos, aos contribuintes e às empresas”.
“Este elevadíssimo nível de burocracia leva a que o bloco europeu seja cada vez menos competitivo o que pode ser facilmente comprovado pelas sucessivas taxas de crescimento anémicas da Europa sistematicamente inferiores às dos blocos seus concorrentes”, observou.
No caso específico de Portugal, Vítor Neves sublinhou que este modelo leva a “um Estado grande, ineficiente, lento e com custos elevados” e, do lado das empresas, obriga “a custos operacionais e de estrutura desproporcionados que lesam a sua competitividade”.
O presidente da AIMMAP defendeu ainda que é preciso valorizar o trabalho e o investimento, adiantando ver com “enorme preocupação a noção que se começa a formar de que trabalhar menos é produzir mais” e defendeu políticas públicas de apoio ao investimento para as empresas “poderem dar saltos importantes em termos de produtividade”.
O porta-voz dos industriais metalúrgicos e metalomecânicos disse ainda que este é um dos setores mais dinâmicos da indústria portuguesa e a mais importante indústria exportadora, com cerca de 23 mil empresas e 245 mil postos de trabalho.
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