Governo já tem auditoria à responsabilidade dos serviços na Operação Maestro, que envolve Manuel Serrão

Agência para o Desenvolvimento e Coesão e Inspeção-Geral de Finanças tinham de entregar até sexta "um inquérito rigoroso" para avaliar eventuais responsabilidades dos serviços na Operação Maestro.

O ministro Adjunto e da Coesão já recebeu a auditoria que encomendou para apurar se os serviços do Estado, que lidam com fundos europeus, tiveram alguma responsabilidade nas fraudes em investigação no âmbito da Operação Maestro, que investiga o empresário Manuel Serrão e o alegado uso fraudulento de fundos europeus, confirmou ao ECO fonte oficial do gabinete de Manuel Castro Almeida.

A Agência para o Desenvolvimento e Coesão realizou, em colaboração com a Inspeção-Geral de Finanças, um inquérito à ação de controlo das entidades que estiveram de alguma forma envolvidas na suspeita de fraude com fundos europeus, que envolve Manuel Serrão e Júlio Magalhães. Compete, IAPMEI e AICEP foram as entidades alvo deste inquérito interno.

O objetivo era “apurar a regularidade dos procedimentos e decisões dos diferentes organismos públicos que tiveram intervenção na análise e aprovação dos pagamentos, mas também na validação e pagamento das despesas”, revelou ao ECO, na atura, o responsável que tem agora a tutela dos fundos europeus.

O resultado deste inquérito tinha de ser entregue até 21 de junho (esta sexta-feira) e o prazo foi respeitado.

Será em função das conclusões desta investigação que o Executivo irá avaliar se existem ou não motivos para afastar algum responsável dos respetivos cargos. Recorde-se que o Ministério Público suspeita do “comprometimento” do presidente do Compete 2020, Nuno Mangas, e de uma antiga vogal, assim como de diretores da AICEP, no alegado esquema fraudulento que permitiu obter 39 milhões de euros em fundos comunitários.

“Se for verdade que alguém esteve oito anos a viver num hotel pago por fundos europeus, tenho de saber se da parte dos serviços públicos foi feito o que era devido, se foram cumpridas as obrigações ou se há casos de negligência ou colaboracionismo numa coisa deste género”, disse Castro Almeida no Expresso da Meia Noite da SIC Notícias. O inquérito servirá também para aferir “se os serviços estão ou não aptos para detetar este tipo de fraudes”, acrescentou o responsável, acrescentando, contudo, que “nunca” vão “conseguir detetar as fraudes todas”.

Na vertente judicial, Manuel Serrão e Júlio Magalhães já foram constituídos arguidos na Operação Maestro, que investiga um alegado esquema fraudulento de obtenção, desde 2015, de quase 39 milhões de euros para 14 projetos cofinanciados por fundos europeus.

O Ministério Público (MP) considera o empresário portuense e vogal da Associação Selectiva Moda “o principal mentor” de um alegado esquema na obtenção de subsídios comunitários e que levou a Polícia Judiciária a realizar, em 19 de março, 78 buscas no âmbito da Operação Maestro, na qual são também suspeitos o jornalista Júlio Magalhães, António Sousa Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António Branco e Silva.

A investigação sustenta que, pelo menos desde 2015, Manuel Serrão, António Branco e Silva e António Sousa Cardoso, “conhecedores das regras de procedimentos que presidem à candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, decidiram captar, em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios atribuídos à Associação Selectiva Moda e às sociedades No Less e House of Project — Business Consulting”.

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ASAE suspende 16 restaurantes ilegais em zona turística de Lisboa

  • Lusa
  • 22 Junho 2024

A ação de fiscalização foi levada a cabo pela Unidade Regional do Sul e teve como principal objetivo verificar o cumprimento das regras para a atividade de restauração e bebidas.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) suspendeu 16 restaurantes ilegais, numa zona turística de Lisboa, e instaurou 24 processos de contraordenação, no âmbito de uma fiscalização a estabelecimentos de restauração e bebidas, anunciou este sábado a entidade.

No âmbito da Operação Ocultus, foi “determinada a suspensão de atividade de 16 estabelecimentos de restauração e bebidas, por falta de licenciamento e por violação dos deveres gerais e específicos da entidade exploradora”, informou a ASAE, em comunicado.

A ação de fiscalização foi levada a cabo pela Unidade Regional do Sul — Unidade Operacional de Lisboa da ASAE, e teve como principal objetivo verificar o cumprimento das regras para a atividade de restauração e bebidas, com especial enfoque no licenciamento e nas condições técnico-funcionais e de requisitos de higiene, na cidade de Lisboa.

Foram fiscalizados 26 operadores económicos em zona predominantemente turística, tendo sido instaurados 24 processos de contraordenação, destacando-se como principais infrações de contraordenação, falta de licenciamento para exercício da atividade, falta de requisitos de higiene, falta de implementação de HACCP [Análise de perigos e pontos críticos de controlo], a violação dos deveres específicos da entidade exploradora, entre outras”, refere-se na mesma nota.

A operação resultou ainda na apreensão de cerca de 300 kg de géneros alimentícios por falta de requisitos, num valor de 600 euros.

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UE quer evitar guerra comercial com China sobre carros elétricos

  • Lusa
  • 22 Junho 2024

A posição surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a alegadas subvenções chinesas ilegais a empresas que operam no bloco comunitário, nomeadamente de carros elétricos.

A União Europeia (UE) espera conseguir encontrar “um terreno comum” para evitar guerra comercial com a China no setor dos carros elétricos, no qual ameaça impor tarifas à importação de veículos de fabricantes chinesas para contestar subvenções estatais.

Quando vemos a situação em que se encontram os subsídios da China que distorcem o comércio, causando riscos para a indústria europeia, temos de atuar, mas nós atuamos de uma forma ponderada e compatível com a OMC [Organização Mundial do Comércio], por isso não vemos qualquer base para conflitos comerciais“, afirma em entrevista à agência Lusa em Bruxelas o vice-presidente executivo da Comissão Europeia responsável pela tutela do Comércio.

Poucos dias depois de o executivo comunitário ter ameaçado avançar com tarifas à importação, pela UE, de carros elétricos de fabricantes chinesas (de marcas como a BYD, Geely e SAIC), Valdis Dombrovskis diz à Lusa que o bloco comunitário está “disponível para encontrar uma solução mutuamente disponível com a China”.

A imposição de tarifas não é o único resultado possível desta investigação“, acrescenta, dizendo esperar que se alcance “um terreno comum ou mútuo”, que passaria por exemplo pela retirada das subvenções estatais às fabricantes chinesas de carros elétricos ou pela garantia de que estas não se aplicam às empresas exportadoras para a UE.

“Esta é também uma forma de resolver a situação”, adianta Valdis Dombrovskis, acreditando ser “possível” alterar o comportamento chinês.

A posição surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a alegadas subvenções chinesas ilegais a empresas que operam no bloco comunitário, nomeadamente de carros elétricos, que já motivaram várias críticas de Pequim e a ameaça de uma queixa à OMC.

Em causa está a investigação iniciada em outubro passado às subvenções estatais chinesas a fabricantes de automóveis elétricos que entraram rapidamente no mercado da UE e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários.

Na semana passada, a Comissão Europeia ameaçou aumentar, a partir do início de julho, as tarifas das importações de veículos elétricos da China pela UE, após ter concluído provisoriamente haver práticas desleais de Pequim em benefício de construtores chineses.

Em comunicado divulgado na altura, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD poderão ser taxadas em 17,4%, da Geely em 20% e da SAIC em 38,1%, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada, numa decisão que será então comunicada a 04 de julho.

Para além dos três mencionados no comunicado, outros construtores chineses de carros elétricos que cooperaram com a investigação mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21% e as que não cooperaram em 38,1%.

Esta data de 04 de julho diz respeito à conclusão da investigação, quando se podem então aplicar direitos de compensação provisórios através de uma garantia decidida pelas alfândegas de cada Estado-membro, sendo que estes depois se podem tornar definitivos a partir de 02 de novembro, segundo indicaram fontes comunitárias à Lusa.

As mesmas fontes indicaram esperar que o mercado europeu seja “suficientemente competitivo” para que tais tarifas não sejam repercutidas no consumidor.

Segundo a Comissão Europeia, os veículos chineses têm uma penetração de 8% no mercado comunitário – que poderá duplicar para 15% em 2025, se a mesma taxa se mantiver – e custam 20% menos que os europeus.

Em meados de maio, os Estados Unidos anunciaram novas tarifas no valor de 18 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) sobre as importações de produtos chineses, sendo os veículos elétricos os mais atingidos, com taxas que sobem de 25% para 100%.

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#9 Do Kebab ao Bacalhau à Brás e ao 11 de Portugal

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

Há seleções que passaram de favoritas a vencer o Euro 2024 a favoritas a aborrecer-nos. A França tem um plantel excelente à disposição e vai para a terceira jornada no segundo lugar, com apenas um golo marcado (e foi auto-golo, a favor). O duelo com os Países Baixos prometia, mas desiludiu. Ao longo do dia, a Ucrânia, com Trubin na baliza, deu reviravolta e venceu a Eslováquia, enquanto a Polónia foi derrotada pela Áustria e tornou-se na primeira equipa eliminada no Euro 2024.

Posto isto, é hora de colocar novamente os olhos em Portugal. No Signal Iduna Park (Estádio do Borussia Dortmund) às 17h00, o conjunto de Roberto Martínez vai enfrentar a Turquia na segunda jornada do Grupo F. Deixamos em baixo vários apontamentos a ter conta sobre Portugal e o adversário Turquia.

Os 3 Cantos do Portugal x Turquia

Kebab para o jantar?

Não, obrigado. Há coisas mais importantes sobre que pensar, tais como a pressão alta da Turquia, o papel de Orkun Kokçu a chegar a zonas de finalização, a construção a partir da esquerda, o ataque entre-linhas, as bolas paradas e o remate de meia-distância de Hakan Çalhanoglu e o talento de Arda Guler (que, segundo o selecionador Vincenzo Montella, está em dúvida para o jogo). A Turquia tem qualidade e vem com confiança. No entanto, também é verdade que apresenta lacunas defensivas e tem muito a melhorar. Algo para Portugal explorar na partida.

E um bacalhau à Brás?

Depende. Depende se Roberto Martínez afine a dinâmica ofensiva, sobretudo o corredor direito que demonstrou falta de imprevisibilidade, e aprende com a Chéquia, ao nível de gestão de plantel na segunda parte. A necessitar de outras soluções, Pedro Neto e Francisco Conceição são jogadores que podem agitar as águias. Ou melhor “espalhar as brasas”. Certamente Portugal mudará o onze inicial, até porque mudam as características e o contexto. A presença de mais um médio já seria fundamental, também para evitar cruzamentos atrasados e remates à entrada da área. Viu-se no golo da Chéquia, mas a verdade é que permitiram mais jogadas deste tipo e contra a Turquia pode ser fatal.

11 de Portugal

Adivinhar o 11 de Portugal já se percebeu como uma tarefa difícil. No último jogo, Roberto Martínez surpreendeu totalmente ao apresentar três laterais (João Cancelo como médio, a jogar com bola; Nuno Mendes na esquerda e Diogo Dalot na direita). Frente à Turquia, haverá certamente mudanças. Diogo Costa deve manter-se.

A previsão para o eixo defensivo é de uma linha de quatro com Nuno Mendes na lateral-esquerda, Rúben Dias e Pepe a centrais e João Cancelo já na direita para dar maior pujança ao corredor. Jogando em 4-3-3, são necessários três médios que podem ser João Palhinha, Vitinha e Bruno Fernandes. No ataque, Cristiano Ronaldo é presença assídua e pode ser acompanhado por Diogo Jota e Bernardo Silva. Maior dúvida é perceber o corredor direito e ver se Francisco Conceição ganha um bilhete dourado para o onze.

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João Leão vê “risco significativo” de OE2025 ser chumbado e Portugal voltar ao défice

  • Lusa
  • 22 Junho 2024

João Leão é, desde início de março, o membro português do Tribunal de Contas Europeu, num mandato que dura até fevereiro de 2030.

O ex-ministro das Finanças João Leão considera que há “risco significativo” de o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) ser chumbado no parlamento, o que poderia causar eleições antecipadas, e de Portugal voltar ao défice no próximo ano.

“Se existe o risco de o Orçamento não ser aprovado, isso existe, porque admito que, dos dois principais partidos da oposição [PS e Chega] em termos de número de deputados, […] nenhum deles gostaria de ser ele a viabilizar o Orçamento e gostaria que fosse outro partido a viabilizar, […] portanto, há um risco aqui significativo de o Orçamento não ser viabilizado“, disse João Leão em entrevista à agência Lusa, no Luxemburgo.

Caso isso aconteça, o ex-governante aponta que existe também “risco” de haver eleições legislativas antecipadas.

“Embora eu esteja convencido de que, durante 2025, seja possível executar o Orçamento com base em duodécimos, pode ser entendido que manter esta solução por não apenas um ano, mas até mais do que um ano, seja demasiado prolongado”, por criar “uma sensação de incerteza”, referiu João Leão.

Na entrevista à Lusa, o responsável falou também de um outro “risco”, relacionado com o de Portugal voltar a ter défice em 2025, perante alertas do Banco de Portugal (BdP) dada a aprovação recente pelo parlamento de medidas com impacto orçamental.

“Eu partilho destes receios [do BdP]”, pois “há o risco de vir a ter défice a partir do próximo ano“, apontou João Leão, propondo “uma solução de que seja mais sustentável em termos de mecanismos de decisão” ao nível parlamentar, dado se tratar de um executivo minoritário.

Numa altura em que o Governo prevê um excedente orçamental de 0,2% a 0,3% este ano e no próximo e crescimento económico de 1,5% em 2024 e de 1,9% em 2025, João Leão fala num “cenário macroeconómico ambicioso e otimista”, ao qual se junta o impacto da atualização das pensões e dos salários e o facto de ser “um Governo sem apoio parlamentar” e de o parlamento poder aprovar medidas que “podem agravar as contas públicas”.

Parte-se de um cenário macroeconómico que prevê que o PIB cresça muito e que as receitas cresçam muito”, o que daria “mais margem para medidas de despesa”, mas “se isso não se confirma, então há um risco acrescido para as finanças públicas“, elencou.

Portugal passou de um défice de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 para um excedente orçamental de 1,2% em 2023, enquanto a dívida das administrações públicas diminuiu de 112,4% do PIB no final de 2022 para 99,1% no fim de 2023.

As projeções da primavera de 2024 da Comissão Europeia sobre Portugal preveem que o PIB português cresça 1,7% este ano e 1,9% em 2025.

Nesta entrevista à Lusa, João Leão abordou também o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apelando à sua execução por ser “um dos elementos que vai ajudar [o país] a crescer e a ter uma taxa de crescimento do PIB mais elevado”, o que “ajuda neste enquadramento” de incerteza. O PRR português ascende a 22,2 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos e abrange 57 reformas e 284 investimentos.

Até ao momento, Portugal já recebeu 6,12 mil milhões de euros em subvenções e 1,65 mil milhões de euros em empréstimos, com uma taxa de execução do plano de 22%, de acordo com a Comissão Europeia.

Acresce o efeito positivo da imigração em Portugal, de acordo com João Leão: “A imigração é absolutamente fundamental para estabilizar a força de trabalho e o número de trabalhadores na nossa economia“.

Nos próximos anos, sem imigração não há crescimento, ou seja, Portugal pode entrar em estagnação sem crescimento e isso cria dificuldades financeiras e orçamentais”, adiantou.

João Leão é, desde início de março, o membro português do Tribunal de Contas Europeu, num mandato que dura até fevereiro de 2030.

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PRR: Simplificada a devolução do IVA às câmaras e IPSS

Até agora só a Força Aérea e as IPSS, receberam reembolsos de IVA. A Direção-Geral do Ensino Superior já submeteu o primeiro pedido de reembolso, avançou ao ECO Pedro Dominguinhos.

Já foi publicada a portaria que dispensa os pedidos de devolução do IVA por parte das entidades que executam o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de serem acompanhados de uma certificação por um contabilista certificado independente. A alteração poderá ser aplicada aos pedidos que ainda não foram objeto de ordem de pagamento.

“Para permitir uma mais célere execução dos investimentos do PRR e considerando a necessidade de simplificar os procedimentos para a operacionalização do referido mecanismo, importa reduzir os constrangimentos administrativos e financeiros, designadamente através da dispensa da apresentação de certificação por contabilista certificado independente e substituindo a mesma por certificação do contabilista público, à semelhança do processo de prestação de contas no âmbito do Sistema de Normalização Contabilística para as administrações públicas, bem como prevendo-se a consulta junto da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), por transmissão eletrónica de dados, quanto ao enquadramento dos beneficiários relativamente ao IVA”, explica a portaria publica esta sexta-feira, na atualização do Diário da República e que entra em vigor este sábado.

“O objetivo destas medidas é tornar o processo de transferência do montante equivalente ao IVA mais célere, reduzindo-se os encargos administrativos com os processos que penalizam a sua execução”, acrescenta a portaria assinada pelo ministro Adjunto e da Coesão e das Finanças.

“Já assinei”, disse Manuel Castro Almeida no ECO dos Fundos, o novo podcast do ECO dedicado a fundos europeus que será publicado segunda-feira. “Esse assunto fica resolvido. Era um requisito excessivo, por exemplo, para câmaras municipais estarem a contratar contabilistas certificados específicos para fazer essa análise. Portanto, abolimos essa exigência”, explicou. Por sua vez, o Ministério das Finanças só assinou esta sexta-feira, após o regresso de Bruxelas onde esteve na reunião do Ecofin.

“Considerando que o IVA não é financiado no âmbito do PRR, e que ascende a um valor elevado face ao montante dos projetos”, é “essencial assegurar as condições de tesouraria necessárias para financiar, em tempo útil, a execução dos projetos pelos beneficiários, de modo a concretizar os marcos e metas com que o Estado Português se comprometeu com a Comissão Europeia”, justifica o preâmbulo da portaria.

O presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR chegou a fazer uma exposição a alertar para os atrasos que esta medida implicava e os eventuais problemas de tesouraria nas diferentes entidades. “Fiz uma exposição a alertar porque estas entidades já têm contabilistas independentes. Encontrar um outro implicava abrir concurso e o escolhido ter tempo para analisar o processo porque não iria assinar de cruz”, explicou ao ECO Pedro Dominguinhos.

Até agora só a Força Aérea e as IPSS, que beneficiam de um decreto próprio sobre o IVA receberam reembolsos. Mas “a Direção-Geral do Ensino Superior já submeteu o primeiro pedido de reembolso após a validação das faturas na AT”, revelou ao ECO o responsável.

“Com o novo decreto o processo tenderá a acelerar”, concluiu o presidente da CNA.

Na portaria agora publicada, o Governo reconhece que a AT já “tem toda a informação necessária para assegurar que, para cada beneficiário elegível, o reembolso do montante do IVA não foi, nem será, deduzido noutros mecanismos”.

O Executivo de António Costa decidiu em 2021 que todas as entidades da administração central e da Segurança Social, como câmaras ou Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), poderiam reaver o IVA suportado nas despesas de execução de projetos financiados apenas pelo PRR. Mas só em 2023, dois anos depois, publicou a portaria com as regras para se proceder a esta devolução.

Este mecanismo de devolução exigia aos beneficiários um vasto conjunto de documentos a remeter à Recuperar Portugal para comprovar a execução de despesa, nomeadamente dados das faturas, declarações aduaneiras de importação, quando aplicável; documentos que titulem a liquidação do IVA quando esta compete ao adquirente dos bens ou serviços, quando aplicável; documentos comprovativos de restituições.

Além disso, era preciso enviar ainda uma declaração de compromisso do beneficiário, subscrito pelo respetivo dirigente máximo, pelo órgão de administração, pela gerência ou equiparável, de que o montante solicitado, correspondente ao valor do IVA a transferir, não foi nem será deduzido ou restituído; ou, em caso de emissão de nota de crédito, de anulação da fatura ou de devolução ou compensação do valor do IVA à entidade beneficiária a qualquer outro título, o correspondente montante será devolvido no prazo máximo de dez dias úteis, à entidade que procedeu à transferência.

Estas comunicações dos beneficiários, sujeitos passivos de IVA, tinham de ser acompanhadas de certificação por contabilista certificado independente. Mas agora, a partir deste sábado, “os beneficiários integrados na Administração Central, Regional e Local que não tenham natureza, forma e designação de empresa, no subsetor da Segurança Social, e as entidades públicas reclassificadas, ficam dispensados de apresentação da certificação por contabilista certificado”, que passa a ser “substituída por certificação pelo respetivo contabilista público”.

E para que os processos em curso não sejam prejudicados, a portaria determina que as alterações (as segundas introduzidas à portaria original) “podendo ser aplicadas aos pedidos que ainda não tenham sido objeto de ordem de pagamento emitida pela Recuperar Portugal”.

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Apple adia lançamento de inteligência artificial na União Europeia devido à nova legislação

Os europeus terão de esperar mais por três novidades da Apple que incluem inteligência artificial (IA). Empresa justifica-se com a nova regulamentação da União Europeia.

Três novidades da Apple com base em inteligência artificial (IA) estarão fora do alcance de milhões de cidadãos europeus quando forem lançadas ao público no próximo outono.

De acordo com o The Guardian, a fabricante do iPhone decidiu adiar o lançamento na União Europeia das novas funcionalidades do Apple Intelligence, o serviço Phone Mirroring e as melhorias no SharePlay Screen Sharing, justificando a decisão com a incerteza em torno da nova Lei dos Mercados Digitais (DMA, na sigla original em inglês).

“Especificamente, estamos preocupados que os requisitos de interoperabilidade do DMA nos obriguem a comprometer a integridade dos nossos produtos de formas que coloquem em risco a privacidade dos utilizadores e segurança dos dados”, afirmou fonte oficial da Apple, citada pelo jornal britânico.

A Apple apresentou o pacote Apple Intelligence no início deste mês, que inclui várias funcionalidades que integram o ChatGPT no assistente virtual Siri, permitindo usar IA generativa para fazer pesquisas na internet e gerar texto ou imagens. Por sua vez, a função Phone Mirroring permitirá espelhar o ecrã do iPhone nos computadores MacOS.

A Lei dos Mercados Digitais foi aprovada na anterior legislatura e impõe novas obrigações, mais apertadas, às grandes empresas tecnológicas, de forma a equilibrar o mercado para as empresas de menor dimensão.

“Estamos comprometidos em colaborar com a Comissão Europeia na tentativa de encontrar uma solução que nos permita entregar estas funcionalidades aos nossos utilizadores na União Europeia sem comprometer a sua segurança”, acrescentou a Apple.

As novidades em causa estarão disponíveis nos novos iPhones 15 Pro e 15 Pro Max, bem como nos iPads e Macs que tenham, pelo menos, um processador M1.

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Albuquerque rejeita ter dado ao representante da República garantias de estabilidade

  • Lusa
  • 21 Junho 2024

Albuquerque assegurou não ter dado qualquer garantia de estabilidade ao representante da República, considerando que a conclusão foi tirada pelo próprio depois de ouvir os vários partidos.

O presidente do Governo da Madeira (PSD), Miguel Albuquerque, assegurou esta sexta-feira não ter dado qualquer garantia de estabilidade ao representante da República, considerando que a conclusão foi tirada por Ireneu Barreto após as audiências com todos os partidos.

Eu não garanti nada. Isso não tem nenhum sentido“, declarou o chefe do executivo madeirense questionado pelos jornalistas numa visita a um estabelecimento ótico no Funchal.

O responsável social-democrata argumentou que essa foi a “conclusão que o senhor representante tirou” depois de ouvir os vários partidos, sugerindo levar em conta o que os elementos das diferentes forças eleitas afirmaram após os encontros.

Em 28 de maio, depois de ter ouvido todos os partidos com assento parlamentar e decidido indigitar Albuquerque, Ireneu Barreto afirmou que “a solução apresentada pelo partido mais votado, o PSD, que tem um acordo de incidência parlamentar com o CDS, e a não hostilização, em princípio, do Chega, do PAN e da IL terá todas as condições de ver o seu programa aprovado na Assembleia Legislativa”.

No dia seguinte e antes da indigitação, também Miguel Albuquerque assegurou que não iria “haver problemas” na aprovação do Programa do Governo e do Orçamento Regional, perspetivando o apoio dos partidos que se dizem “antissocialistas”.

A questão das garantias que Miguel Albuquerque teria dado ao representante da República surgiu depois de PS, Chega e JPP terem anunciado o voto contra o Programa do Governo, o que significa a rejeição do documento.

Esses anúncios e a falta de um compromisso para garantir a aprovação do Programa do Governo levaram Albuquerque a retirar a proposta na quarta-feira, que estava há dois dias a ser discutida e que seria votada sob a forma de moção de confiança.

Depois disso, o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, solicitou uma audiência a Ireneu Barreto para o representante esclarecer o que lhe disse Miguel Albuquerque antes de ser indigitado chefe do executivo, no final de maio, porque “alguém mentiu”.

O chefe do executivo da Madeira reiterou hoje que era o “mais bem colocado” para formar governo porque venceu eleições antecipadas de 26 de maio “como candidato a presidente e como partido mais votado“.

Rejeitando a “ideia que estão a dizer” que foi ele quem “inventou que tinha maioria”, o líder insular apontou que tudo era uma “questão de negociação” num quadro democrático plural e democrático.

O governo está constituído. Neste momento o que é fundamental é o Programa do Governo ser aprovado. Isso é que é uma necessidade imperativa dos madeirenses, dos porto-santenses e de todas as instituições (…) na Madeira”, vincou.

Miguel Albuquerque insistiu que, “mesmo invertendo o sentido das coisas e da realidade, um Orçamento em duodécimos não é bom para ninguém. Não se consegue lançar novos investimentos” e “há apoios para serem concedidos, há carreiras e vencimentos com efeitos retroativos a janeiro para ser resolvidos”.

O social-democrata disse que “esta situação de impasse não é uma situação boa para ninguém e muito menos para a população“, acrescentando que ” tudo o resto é teoria”.

Reiterou que o PSD está “a fazer esta segunda ronda de negociações” para conseguir ter um Programa de Governo e um Orçamento Regional aprovados, opinando que “neste momento há uma corresponsabilidade que deve ser partilhada entre todos os partidos”.

“Portanto, o problema não é brincar aos partidos e aos egos”, sustentou, complementando ser fundamental nesta segunda ronda de negociações, que tem reunião agendada para segunda-feira, chegar a um conjunto de pontos de convergência com os partidos no sentido de o Programa ser aprovado”.

Questionado se falou com o líder do Chega, André Ventura, sobre o assunto, respondeu: “Estamos a fazer as diligências que devem ser feitas, com toda a disponibilidade (…) Estamos falando com os partidos. Não vou pormenorizar“.

Nas eleições regionais antecipadas de maio, o PSD elegeu 19 deputados, o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

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Câmara de Sintra espera que futuro hospital do SNS abra em outubro

  • Lusa
  • 21 Junho 2024

Autarquia vai “entregar as chaves" do novo hospital ao Serviço Nacional de Saúde no dia 29 de junho e espera que a infraestrutura comece a operar em outubro.

A Câmara de Sintra vai transferir o direito de superfície do futuro hospital de Sintra em 29 de junho, Dia do Município, assinalando o início da entrega ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), anunciou esta sexta-feira a autarquia.

A câmara “irá proceder à cerimónia de entrega do edifício do Hospital de Sintra ao Serviço Nacional de Saúde”, indicou o município numa nota.

O equipamento que começou a ser construído em 2021 ainda está em obras, mas deve abrir em outubro para servir 400 mil utentes, acrescentou a autarquia.

Na nota, a Câmara de Sintra disse ainda que investiu cerca de 49 milhões de euros na construção do novo hospital e que “cabe ao Estado central a alocação de equipamentos e recursos humanos”.

Para já, o município vai assinar com a Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra o contrato de constituição do direito de superfície do edifício com a área coberta de 10.500 metros quadrados e descoberta de 49.000 metros quadrados.

Embora afirmando que vai “entregar as chaves ao Serviço Nacional de Saúde”, o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS), explicou que “não é um fim completamente”, porque o município ainda continuará “dono da obra até à receção total”.

“Não deixaremos a ULS completamente só, não faremos isso e, portanto, continuaremos a apoiar e, da nossa parte, em termos de construção, está feita”, referiu.

De acordo com a minuta a que a Lusa teve acesso, o direito de superfície é constituído por 50 anos, prorrogável por mais 25, e a ULS compromete-se a assegurar os encargos para “instalação e funcionamento do hospital de Sintra”, nomeadamente quanto “aos equipamentos e meios técnicos”.

A ULS, a partir da receção provisória da obra, assumirá a posição contratual “no contrato da empreitada” junto do construtor, com vista a eventuais reparações e substituições de materiais, e assumirá as cauções “destinadas a garantir a boa e regular execução das obras”, estipula o documento.

Em relação à receção da obra, Basílio Horta apenas se compromete que “será feita no tempo próprio”, embora se admita que tudo fique resolvido até setembro, tanto mais que “o hospital começará a funcionar na primeira semana de outubro”, com “as urgências, consultas” e “dois blocos operatórios”.

O novo hospital, no Casal da Cavaleira, freguesia de Algueirão-Mem Martins, contará com serviço de ambulatório, consultas externas e exames, unidade de saúde mental, medicina física de reabilitação, central de colheitas e meios complementares de diagnóstico e terapêutica.

O equipamento, segundo a autarquia, terá ainda unidade de cirurgia de ambulatório com bloco de cirurgia e recobro, serviço de urgência básica para cerca 60 mil urgências – cerca de metade das realizadas no Hospital Fernando Fonseca –, unidade de convalescença, farmácia, unidade de esterilização e ainda um espaço para ensino e formação.

As especialidades repartem-se por anestesiologia, cardiologia, cirurgias geral, pediátrica, plástica, reconstrutiva e estética, gastrenterologia, medicina interna e física e reabilitação, neurologia, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, patologia clínica, pediatria, pneumologia, psiquiatria, psiquiatria da infância e adolescência, radiologia e urologia.

Além de local para a futura construção de heliporto, o equipamento ficará preparado para ampliar as suas respostas e acessos no futuro, nomeadamente para o aumento da capacidade da unidade de cuidados continuados, atualmente com 70 camas.

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“Diziam no hospital que eu estava lá a mando do Presidente da República”, revela mãe das gémeas

  • Lusa
  • 21 Junho 2024

Mãe das gémeas luso-brasileiras diz que se comentava no Hospital de Santa Maria que o Presidente da República tinha tido interferência no acesso das crianças ao estabelecimento.

A mãe das gémeas tratadas em Portugal com um dos medicamentos mais caros do mundo disse no Parlamento que se comentava no Hospital de Santa Maria que o Presidente da República tinha tido interferência no acesso das crianças àquele estabelecimento. “Era ouvido no hospital que eu estava lá a mando do Presidente da República, e eu passei a acreditar nisso”, disse.

Daniela Luzado Martins foi ouvida durante várias horas na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso do acesso das suas filhas ao medicamento Zolgensma, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Questionada por várias bancadas sobre esta questão, Daniela Martins disse não ter conhecimento “do que acontece no hospital”.

“Eu não sei os bastidores. Se diziam que o Presidente interferiu, foi uma coisa que eu passei a acreditar”, insistiu.

Sobre se não questionou o porquê desses comentários, a mãe das gémeas justificou que se tratou de “comentários indiretos”. “Não tem muito o que eu questionar. O meu foco é o tratamento das meninas e não a forma como foi marcada a consulta […]. Não questionava essas coisas, para mim na altura eram irrelevantes”, respondeu.

Daniela Martins indicou também que nunca tentou “fazer amizades no hospital, ter algum privilégio” e que “só queria que as consultas acontecessem”.

Referiu também que, desde que soube da existência do tratamento com o Zolgensma, a sua “intenção era essa medicação”, porque era “inovadora, de toma única e era uma chance melhor, mais promissora”, e que os seus esforços e contactos com as unidades de saúde foram nesse sentido.

A mãe das duas gémeas tratadas em 2020 reiterou que não pediu ajuda diretamente ao filho do chefe de Estado, Nuno Rebelo de Sousa, e que não o conhece. Daniela Martins disse também que não lhe pediu ajuda para obter a nacionalidade das meninas, e que fez o processo diretamente no Consulado.

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Câmara de Lisboa aprova contratação de empréstimo de 83,5 milhões para obras em creches e escolas

  • Lusa
  • 21 Junho 2024

Autarquia aprovou a contratação de um empréstimo de 83,5 milhões de euros para financiar a construção e requalificação de 61 creches e escolas, prevendo-se juros de 28,4 milhões de euros.

A Câmara de Lisboa aprovou esta sexta-feira a contratação de um empréstimo de 83,5 milhões de euros para financiar a construção e requalificação de 61 creches e escolas, prevendo-se juros de cerca de 28,4 milhões de euros.

A proposta, que será agora submetida à Assembleia Municipal de Lisboa, foi aprovada em reunião privada do executivo camarário, com os votos contra de BE, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e Livre, a abstenção de PS e PCP, e os votos a favor da liderança PSD/CDS (que governa sem maioria absoluta), informou à Lusa fonte oficial do município.

Em causa está o programa municipal de investimentos, “de caráter plurianual e com prazo de execução a quatro anos”, para “prosseguir com a requalificação das escolas do 1.º ciclo e pré-escolar, e das escolas básicas 2, 3 e secundárias, transferidas para o município no âmbito da descentralização de competências, e a construção de creches”, segundo a proposta subscrita pelo vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro das Finanças.

“De acordo com as estimativas apresentadas pelos serviços promotores, os investimentos em questão ascendem a cerca de 83.514.000 euros, no biénio 2024/2025″, lê-se na proposta.

Neste âmbito, a Câmara realizou a consulta à banca para a contratação de um empréstimo de médio e longo prazo, nomeadamente Banco Millennium BCP (BCP), Banco Português de Investimento (BPI), Banco Santander Totta (Santander) e Caixa Geral de Depósitos (CGD), que apresentaram propostas alinhadas com as condições fundamentais solicitadas na consulta quanto a montante, maturidade, prazo de utilização e carência, regime de taxa de juro e regime de reembolso.

“A consulta efetuou-se apenas para o regime de taxa variável, por se considerar que nas atuais condições de mercado é a opção menos onerosa para o município, uma vez que é expectável uma estabilização ou mesmo uma ligeira redução das taxas diretoras no curto/médio prazo, de acordo com as perspetivas de evolução da Euribor 6 meses, patenteadas nas taxas forward fornecidas pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), na data da consulta, para o período do financiamento (20 anos)”, revelou o vice-presidente.

O autarca acrescentou a possibilidade de efetuar reembolsos antecipados parciais ou totais, sem qualquer penalização, flexibilidade que não se verifica nas propostas de taxa fixa.

Anacoreta Correia adiantou que, nos próximos cinco anos, o valor médio anual das amortizações dos empréstimos de médio e longo prazo, já contratados pelo município, está estimado em cerca de 24,3 milhões de euros.

A proposta apresentada pelo Santander para o regime de taxa variável para a opção de Euribor 6 meses + 0,335% (com floor) foi considerada a mais vantajosa para o município, “com um all-in cost de 3,061%, para uma taxa nominal indicativa de 4,173% e um volume de encargos na ordem dos 28,4 milhões de euros”, referiu o vice-presidente.

O PS justificou a abstenção por entender que “não se pode colocar em causa o investimento na reabilitação do parque escolar da cidade”, mas criticou a “gestão incompetente em termos financeiros e das obras” da autarquia ao recorrer “sistematicamente” a empréstimos junto da banca para suprir necessidades de tesouraria imediatas e ao abdicar de concorrer às verbas do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).

O PS avisou ainda que “a chantagem do facto consumado não funciona e que o desequilíbrio das contas merecerá outra resposta do PS num futuro próximo”.

O PCP também apontou a “manifesta incapacidade” da câmara de se candidatar ao PRR para reabilitação das escolas, criticou a política fiscal assumida por PSD/CDS ao abdicar, “só este ano, de 70 milhões de euros” ao aumentar a devolução de impostos aos munícipes, em particular “aos mais ricos da cidade”, e defendeu que a contratação deste empréstimo “é uma opção errada”, justificando a abstenção com a necessidade de recuperação do parque escolar.

A vereação do Livre votou contra e questionou “como é que uma cidade com um orçamento da ordem dos 1,3 mil milhões de euros, com uma situação financeira estabilizada no início deste mandato e com receitas crescentes provenientes da grande atividade turística, que acaba por expor os lisboetas a um custo de vida fora dos seus próprios orçamentos, tem de pedir empréstimos para fazer obras nas suas escolas”, alertando para os juros elevados deste empréstimo.

Também contra a contratação deste empréstimo, por considerar “ruinoso” para a câmara, a vereação do BE recordou que “é o segundo grande empréstimo pedido este ano” pelo município – em março foram contratados 50,845 milhões de euros para investimentos até 2025, o que, para o partido, é “fruto apenas da má gestão orçamental e da incúria no recurso ao PRR”.

Os Cidadãos Por Lisboa questionaram a capacidade de PSD/CDS-PP para gerir a cidade sem deixar dívidas para o futuro, afirmando que poderiam ter aproveitado para candidatar estas intervenções ao PRR, para financiamento a fundo perdido, em vez de optarem por “um empréstimo com juros bem mais caros, que ficam a pesar, durante 20 anos, nas contas de Lisboa”.

O executivo, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) – que são os únicos com pelouros atribuídos -, três do PS, dois do PCP, três dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

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Relação rejeita recurso de herdeiros de ex-administrador do BES para aceder a bens arrestados

  • Lusa
  • 21 Junho 2024

A Relação de Lisboa rejeitou o recurso dos herdeiros d José Manuel Espírito Santo, que morreu em fevereiro de 2023, para o levantamento dos bens arrestados no processo Universo Espírito Santo.

O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou o recurso dos herdeiros do ex-administrador do BES José Manuel Espírito Santo, que morreu em fevereiro de 2023, para o levantamento dos bens arrestados no processo Universo Espírito Santo.

De acordo com a decisão de quinta-feira do TRL, a que a Lusa teve acesso, o coletivo de juízas desembargadoras concluiu por “não conceder provimento ao recurso, mantendo-se a decisão” do tribunal de novembro de 2023 que indeferiu um pedido de levantamento do arresto preventivo, recusando então o acesso aos bens, entre os quais dois imóveis (em Cascais e Évora), bens móveis, três carros e a pensão de reforma.

“O falecimento do agente não pode ser um obstáculo para a [prossecução da] tramitação do processo [penal]”, indicaram as desembargadoras Carla Carecho, Cristina Santana e Amélia Teixeira no acórdão, assegurando que os perigos de dissipação do património que pertencia a José Manuel Espírito Santo aumentaram com a sua morte.

“Antes se agudizaram, atenta a maior e mais rápida possibilidade de dissipação do até então património daquele, agora integrando a herança, aquando da sua divisão por todos os herdeiros, justificando-se, desta feita, a manutenção da providência decretada”, acrescentaram.

Para as magistradas, quer o arresto preventivo, quer a apreensão, têm a “mesma origem e visam alcançar o mesmo objetivo, como seja o de que ‘o crime não compensa'”.

As juízas argumentaram ainda que o arresto preventivo procurou salvaguardar o património existente para evitar alterações que pudessem prejudicar os direitos dos lesados (e até os do Estado).

O recurso dos herdeiros do ex-administrador do BES foi distribuído em abril no TRL e contestava a aplicação de forma retroativa de uma lei aprovada em 2017 – sobre uma exceção à extinção do processo em caso de morte do visado, quando está em causa a eventual perda a favor do Estado -, tendo em conta que o processo foi instaurado em 2014 e os factos do processo, também conhecido como BES/GES, aconteceram entre 2008 e 2014.

José Manuel Espírito Santo estava acusado de corrupção no setor privado, burla qualificada, abuso de confiança, falsificação de documento, falsidade informática e infidelidade.

Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.

Segundo o MP, cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES) terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

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