Minutas do BCE mostram reservas ao corte de taxas do BCE em junho
O governador do Banco Nacional da Áustria, Robert Holzmann, votou contra a redução das taxas em junho. Outros membros do BCE manifestaram reservas.
O Banco Central Europeu (BCE) aprovou a descida das taxas de juro em junho apesar de alguns membros considerarem que a informação disponível não aumentava a confiança num recuo da inflação para 2%, indicam as atas da reunião. O BCE publicou esta quinta-feira o documento relativo à sua reunião de política monetária de 5 e 6 de junho, na qual decidiu aprovar um corte de 25 pontos base nas taxas de juro, num contexto de aceleração da inflação em maio.
A decisão não foi unânime, dado que o governador do Banco Nacional da Áustria, Robert Holzmann, votou contra, indicou o próprio um dia depois da reunião. Manteve-se uma opinião divergente, segundo a qual os dados recebidos desde a última reunião e os riscos em alta para a inflação não apoiavam um corte das taxas, referem as atas.
Apesar disso, “quase todos os membros” se mostraram a favor da proposta de corte apresentada pelo economista chefe do BCE, Philip Lane, embora alguns dos que viriam a aprová-la tenham manifestado as reservas durante a reunião.
Alguns membros consideraram que os dados disponíveis desde a última reunião não tinham aumentado a sua confiança na possibilidade de a inflação atingir o objetivo de 2% em 2025, “mas, pelo contrário, apontavam para uma maior incerteza nas perspetivas”. Também argumentaram que em abril as taxas ficaram inalteradas porque não havia confiança suficiente em alcançar o objetivo e, desde então, o crescimento salarial surpreendeu e a inflação parecia mais firme.
As projeções do BCE para a inflação também foram revistas em alta para 2024 e 2025 e apontavam para um adiamento do regresso da inflação à meta de 2% só no último trimestre do próximo ano, deixando a ideia de uma fase final do processo de desinflação “mais difícil”.
“Em conjunto, estas considerações sugeriam que não se ajustava plenamente o princípio da dependência de dados e que havia razões para as manter inalteradas na reunião atual. No entanto, a vontade de aprovar a proposta foi manifestada apesar das reservas expressas”, de acordo com o texto divulgado. Para rebater estes argumentos, a maioria dos membros expressou confiança quanto ao recuo da inflação para 2% até finais de 2025 “apesar de os dados mais recentes serem ligeiramente menos favoráveis”.
Estes membros também consideraram que era importante “não reagir de forma exagerada a dados adversos ou a números da inflação de apenas um mês, já que não implicavam necessariamente uma nova tendência e podiam refletir fatores pontuais”.
“Esta abordagem não deve ser vista como contrária à dependência de dados, uma vez que esperar por uma confirmação total significaria quase certamente cortar as taxas de juro demasiado tarde, o que poderia criar um risco significativo de não atingir a meta”, argumentaram. De qualquer forma, as taxas de juro “permanecem em território restritivo”, reforçaram.
A taxa das principais operações de refinanciamento recuou para 4,25%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez desceu para 4,5% e a de facilidade permanente de depósito para 3,75%. Em relação às próximas decisões, o BCE vai manter uma abordagem baseada em dados e reunião a reunião, sem um compromisso prévio com uma trajetória específica.
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