Bolsas europeias seguem ao ritmo da política francesa
Mercados europeus estão a reagir positivamente à vitória da coligação de esquerda em França, apesar dos planos de aumento de impostos. Mas os investidores parecem preferi-la a um governo de direita.
Os mercados europeus reagiram positivamente aos resultados das eleições legislativas em França, que apontam para um Parlamento sem maioria absoluta e que deram uma surpreendente vitória à coligação de esquerda Nova Frente Popular.
No arranque da sessão desta segunda-feira, os principais índices bolsistas europeus abriram em queda, mas rapidamente recuperaram terreno ao longo da manhã. O índice pan-europeu STOXX 600 está a subir 0,4%, impulsionado principalmente pelos setores financeiro e tecnológico.
Em Paris, o CAC 40, após ter iniciado o dia a cair 0,6%, já esteve a valorizar 0,92% e negoceia atualmente com uma subida de 0,5% à boleia dos setores da saúde, indústria e financeiro.
“A eleição de uma aliança de esquerda normalmente não seria algo para os mercados celebrarem, mas dados os receios inerentes que os investidores tinham em relação a um governo de direita, este anúncio será muito provavelmente bem-vindo”, referiu Michael Field, estrategista de mercado europeu da Morningstar, citado pela Reuters.
Para os analistas do Deutsche Bank, a reação positiva dos mercados estará também a ser provocada por os investidores não acreditarem na concretização dos planos “fiscais agressivos” sugeridos pela Nova Frente Popular, tanto no plano fiscal como orçamental.
“Ontem à noite, a extrema-esquerda já falava em impostos sobre a riqueza e aumentos de impostos sobre as empresas, o que não será favorável ao mercado. No entanto, tentar construir um Governo que tenha algum tipo de estabilidade parece ser uma fasquia muito alta esta manhã. A paralisia política nos próximos 12 meses parece ser o resultado mais provável”, referem os analistas do banco alemão numa nota enviada aos seus clientes.
Segundo o programa da coligação de esquerda, a ideia dos seus líderes passa por “colocar o Estado no centro da economia”, tendo como foco aumentar significativamente os impostos junto dos mais ricos — com o restabelecimento do chamado Imposto sobre a Fortuna (ISF) — para compensar o aumento da despesa.
As ações dos principais bancos franceses estão a ter um comportamento igualmente positivo, com o BNP Paribas a subir 0,3% e o Société Générale a valorizar 0,7%. Esta reação moderada sugere que os investidores já tinham antecipado a possibilidade de um Parlamento sem maioria.
Em declarações à CNBC, François Digard, responsável pelo departamento de análise de ações francesas na Kepler Cheuvreux, afirmou que “um Parlamento sem maioria era o que o mercado esperava”. “Na semana passada, o mercado já tinha descontado este cenário… Apenas se esperava que fosse mais de direita e, no final, é de esquerda”, acrescentou.
A perspetiva de negociações complexas para formar um governo e a possibilidade de paralisia política nos próximos 12 meses são fatores que os investidores estão a ponderar nas suas decisões de investimento. No entanto, o facto de os mercados não terem reagido de forma mais negativa sugere que os investidores estão a adotar uma abordagem de “esperar para ver”.
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