Altice Labs arrefece e faz cair receitas da Altice Portugal

Conjuntura externa menos favorável está a prejudicar o desempenho do polo de inovação de Aveiro, provocando quebras nas receitas da Altice Portugal que, nos serviços empresariais, superou os 16%.

A conjuntura económica menos favorável está a arrefecer o negócio exportador da Altice Labs, prejudicando os resultados financeiros da Altice Portugal. Na primeira metade do ano, a empresa que detém a operadora Meo registou receitas de 1.409 milhões de euros, o que representa uma queda marginal de 0,57% face ao mesmo semestre de 2023.

O polo exportador da Altice em Aveiro, que já foi chamado de PT Inovação e que no passado recente representou um acelerador do crescimento da Altice Portugal, tem estado a assistir a uma quebra nas vendas, fruto do menor apetite dos compradores estrangeiros, contribuindo para uma descida de mais de 16% das receitas no segmento empresarial.

“A performance financeira da Altice Labs continua impactada pelo decréscimo de vendas de hardware e serviços para outras geografias”, admite a Altice Portugal esta quinta-feira, num comunicado com os resultados em que, pela primeira vez, discrimina quanto teria sido o crescimento das várias rubricas financeiras excluindo o impacto da operação aveirense.

E que impacto foi esse? No semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, as receitas da Altice Portugal, como referido, estagnaram, apresentando mesmo uma diminuição marginal de 0,57%, segundo contas do ECO. Mesmo assim, o lucro antes de impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentou 2,35%, para 511 milhões de euros.

Analisando apenas o segundo trimestre, de abril a junho, as receitas da Altice caíram 1,74%, para 705 milhões de euros, enquanto o EBITDA recuou 0,9%, para 252 milhões de euros, segundo a Altice Portugal.

A performance financeira da Altice Labs continua impactada pelo decréscimo de vendas de hardware e serviços para outras geografias.

Altice Portugal

O grupo não esconde estas quebras nas receitas, mas conta uma história diferente. Se se excluir o impacto da Altice Labs, a receita trimestral teria subido 4,7%, e o EBITDA teria aumentado 4%, calcula a Altice. A empresa diz mesmo que este trimestre evidenciou “crescimento nos principais indicadores operacionais, quer face ao trimestre anterior, quer face ao período homólogo”.

“A empresa reforçou a posição de mercado e continuou a expandir a base de clientes únicos, a crescer o total de RGUs telco [unidades geradoras de receita nas telecomunicações, vulgo clientes], mantendo a angariação aliada a níveis recorde de desligamentos”, ressalva a empresa liderada por Ana Figueiredo. “A base total de RGUs e Clientes Únicos continuou a crescer, fixando-se em 14 milhões e 1,7 milhões, respetivamente”, acrescenta.

Observando apenas o segmento consumo, a receita trimestral cresceu 3,6%, para 348 milhões de euros. A operadora conseguiu aumentar as receitas de serviço em 3,1%, com mais clientes e um aumento da receita média gerada por cada um deles. O total de serviços fixos aumentou 2%, a base de clientes móveis pós-pago aumentou 1,3%, superando a marca dos cinco milhões, e os clientes do serviço de televisão subiram 2,9%.

Enquanto isso, as receitas do segmento empresarial fixaram-se em 320 milhões de euros, uma queda de mais de 16%, segundo cálculos do ECO com base nos dados reportados no ano passado, mas que a Altice Portugal diz representar um crescimento de 5,8% “excluindo a Altice Labs”.

A empresa também não está a investir ao mesmo ritmo que antes, depois de ter coberto a esmagadora maioria do país com fibra ótica e dos investimentos mais pesados que teve de fazer na construção da rede 5G. Segundo os cálculos do ECO, o investimento (capex) reportado pela Altice Labs para o conjunto dos seis meses até junho foi de 194 milhões de euros, uma diminuição de 19% face ao mesmo período de 2023.

Se se tiver em conta apenas o investimento realizado no trimestre, de 95 milhões de euros, a redução face ao período homólogo chegou mesmo a superar os 26%.

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