Suecos compram gestora portuguesa com 500 milhões de crédito malparado
Italianos da DoValue venderam o seu negócio de malparado em Portugal aos suecos da Albatris, que inclui uma carteira de crédito malparado de 500 milhões de euros.
Os italianos da DoValue acabaram de fechar a venda do seu negócio de malparado em Portugal aos suecos da Albatris, que inclui um portefólio de cerca de 500 milhões de euros em ativos sob gestão.
A venda – cujo processo arrancou no início do ano e foi conduzido pela PwC Espanha, como avançou o ECO em primeira mão em fevereiro — foi concretizada no final do mês passado, de acordo com a informação disponibilizada pela DoValue na bolsa de Milão. E, desde então, a DoValue Portugal, com cerca de 60 trabalhadores, passou a chamar-se Stellarvest, que tem agora uma nova vida com um novo dono, mas mantendo a mesma gestão.
Antes de ser vendida a um veículo da Albatris, a agora designada Stellarvest passou por um processo de reestruturação com vista a transformar-se numa “servicer boutique”, concentrando vários serviços de regularização e de gestão de ativos complexos e problemáticos que adquiriu aos bancos nos últimos anos.
Atualmente oferece serviços não apenas de gestão de crédito malparado e de ativos imobiliários, mas também presta serviços de advisory (due dilligence de portefólios de NPL, etc), servicing e securitização, conforme indica no seu site. O ECO contactou a Stellarvest e a Albatris, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.
Impacto negativo de 3 milhões
Para o grupo italiano, a venda da operação portuguesa teve um impacto negativo na ordem dos três milhões de euros, um número avançado nas contas do primeiro semestre apresentadas ao mercado há cerca de um mês.
Ainda assim, a DoValue destaca que a saída do mercado português “irá reduzir as suas necessidades de financiamento para uma unidade que estava a operar numa pequena escala e com perspetivas limitadas de crescimento, tendo em conta o contexto do mercado de NPL em Portugal”.
As contas da empresa portuguesa mostram um declínio da faturação nos últimos anos: passou de 21,5 milhões de euros em 2019 para cerca de cinco milhões no ano passado, de acordo com a plataforma InformaDB. Fechou 2023 com prejuízos de 6,6 milhões e euros e capitais próprios negativos de 4,2 milhões.
O próprio mercado de malparado em Portugal, que teve os seus dias de maior atividade entre 2016 e 2020, quando os bancos precisaram de reduzir o malparado que acumularam na crise, tem vindo a cair nos últimos anos, com menos negócios e cada vez mais pequenos a serem feitos.
Os italianos da DoValue entraram no mercado português em 2019 com a aquisição da Altamira Portugal, que tinha comprado dois anos antes a unidade de negócio responsável pela gestão dos ativos imobiliários e da carteira de crédito da Oitante – o veículo criado para ficar com os ativos do antigo Banif que o Santander não quis comprar. Em 2021, a Altamira Portugal passou a chamar-se DoValue Portugal. Agora muda de nome novamente.
Cotada na bolsa de Milão, a DoValue diz ser o maior servicer do Sul da Europa. O grupo é controlado pela Fortress e pela Bain, que detêm mais de 40% da empresa.
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